Auditor da Receita foi exonerado após reunião entre Bolsonaro e Ramagem

O ex-auditor da Receita Federal Christiano Paes Leme Botelho, monitorado pela "Abin paralela", foi exonerado após a conversa entre Jair Bolsonaro (PL) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), em que discutiram uma estratégia para blindar Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das rachadinhas.

O que aconteceu

Agentes da Polícia Federal encontraram áudio de conversa entre Bolsonaro e Ramagem, ex-diretor da Abin, em que eles discutem um plano para proteger o senador Flávio no caso das rachadinha. Na gravação, Ramagem propõe abrir procedimentos administrativos contra os auditores fiscais que investigaram Flávio para anular as investigações, e Bolsonaro concorda. A estratégia foi posta em prática, e o processo contra Flávio foi arquivado em 2022.

Reunião entre ex-presidente e ex-diretor da Abin aconteceu em agosto de 2020, segundo o relatório da PF. Christiano Paes Leme Botelho foi exonerado "a pedido" em novembro do mesmo ano, como publicado no Diário Oficial da União. Na reunião estavam presentes também o então ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e uma advogada de Flávio Bolsonaro.

Neste áudio é possível identificar a atuação do Del. ALEXANDRE RAMAGEM indicando, em suma, que seria necessário a instauração de procedimento administrativo contra os auditores da receita (Escor07) com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos.
Relatório da Polícia Federal

Christiano Paes Leme Botelho era chefe do Escritório da Corregedoria da Receita Federal no Rio de Janeiro, e ajudou a produzir as informações que embasaram a denúncia contra Flávio. Ele estava no cargo há pelo menos 13 anos, segundo informações publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo à época da exoneração.

O auditor também consta entre as autoridades monitoradas pela "Abin paralela". Além dele, jornalistas, parlamentares e ministros do STF foram espionados pelo aparelho público por interesses privados, segundo a investigação.

A PF deflagrou nesta manhã a quarta fase da operação que investiga a "Abin paralela" e o "gabinete do ódio", grupo que propagaria notícias falsas e ataques de maneira coordenada nas redes sociais. Quatro pessoas foram presas, incluindo dois ex-servidores da Abin. Logo depois, o ministro do STF Alexandre de Moraes retirou o sigilo do relatório da PF e da decisão que embasou a operação.

Flávio Bolsonaro nega ter qualquer relação com a Abin. "Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter. A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Alexandre Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro", afirmou em nota.

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