Por Memória Globo

Nelson Di Rago/Globo

Yara Amaral em 'Obrigado, Doutor', 1981. — Foto: Nelson Di Rago/Globo.

Yara Amaral Goulart nasceu em 16 de setembro de 1936, em São Paulo. Ainda jovem, sonhava ensinar matemática, mas acabou se interessando pelas artes através do teatro amador. Estudou na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP), onde se formou em 1964.

Dois anos antes, no entanto, já havia estreado nos palcos, na peça 'Os Fuzis da Senhora Carrar', de Bertolt Brecht, encenada no Teatro do Estudante, em São Paulo. A partir daí, faria uma prolífica carreira no teatro. Em 1965, já formada, estreou profissionalmente em 'Hedda Gabler', de Henrik Ibsen, sob a direção de Walmor Chagas. No ano seguinte, foi para o Teatro de Arena, um dos grupos mais importantes da história da dramaturgia brasileira, e integrou o elenco da montagem de 'O Inspetor Geral', de Nikolai Gogol. Na ocasião, apesar de seu papel ser pequeno, chegou a ser aplaudida em cena aberta.

Yara Amaral integraria o elenco de peças importantes, como 'Arena Conta Tiradentes' (1967), de Gianfrancesco Guarnieri, antes de se mudar para o Rio de Janeiro, onde participou do Grêmio Dramático Brasileiro, de Aderbal Freire Filho. Foi nesse grupo que, em 1974, viu sua carreira deslanchar graças a dois papéis: um na peça 'Réveillon', de Flávio Márcio, e outro em 'Avatar', de Paulo Afonso Grisolli. Por sua atuação nas duas peças, recebeu o Prêmio Molière de melhor atriz. Em sua carreira, faria 50 peças – cinco no teatro amador, seis na Escola de Arte Dramática e 39 como profissional – e receberia diversos prêmios por seu desempenho no palco.

No cinema, estreou em 1975, no filme 'O Rei da Noite', de Hector Babenco. Depois, faria outros sete filmes, entre os quais 'A Dama do Lotação' (1978), de Neville de Almeida, e 'Mulher Objeto' (1981), quando foi dirigida por Silvio de Abreu – autor de novelas da TV Globo, das quais duas contariam com a participação de Yara Amaral, anos mais tarde: 'Guerra dos Sexos' (1983) e 'Cambalacho' (1986).

Estreou na televisão em 1968, na TV Tupi, na novela 'O Décimo Mandamento', de Benedito Ruy Barbosa, baseada no romance de José Sanches Arcilla. No mesmo ano, fez uma novela na TV Record, 'A Última Testemunha', também de Benedito Ruy Babosa, e duas na TV Excelsior, ambas de Teixeira Filho: 'A Pequena Órfã' e 'O Direito dos Filhos'. Em 1970, fez outra novela na Tupi, 'E Nós, Aonde Vamos?', de Glória Magadan.

Em seu primeiro trabalho na Globo, em 1970, integrou o elenco de um sucesso da teledramaturgia brasileira: a novela 'Irmãos Coragem', de Janete Clair. Sua segunda novela na emissora viria apenas oito anos depois, mas seria outro sucesso: 'Dancin’ Days', de Gilberto Braga. Na trama, viveu Áurea, responsável pela volta da protagonista Júlia Mattos (Sônia Braga) à prisão. Pela sinopse original, estava previsto que sua personagem cometeria suicídio, mas ela acabou salva pela interpretação da atriz.

Yara Amaral e Ivan Cândido em 'Dancin' Days', 1978 — Foto: Nelson Di Rago/Globo

Mário Gomes, Tony Ramos, Yara Amaral e Miguel Falabella em 'Sol de Verão', 1982 — Foto: Acervo/Globo

Ao todo, Yara Amaral participaria de cinco novelas na Globo, e da minissérie 'Anos Dourados' (1986), de Gilberto Braga, na qual deu vida à Dona Celeste. Também teve uma passagem pela TV Manchete, onde integrou o elenco de duas produções.

Seu último trabalho na televisão foi a antagonista da novela 'Fera Radical' (1988), de Walther Negrão. Inspirada na peça 'A Visita da Velha Senhora', do suíço Friederick Durrenmatt, a história mostrava a personagem de Malu Mader, Cláudia, que chegava à cidade de Rio Novo disposta a se vingar do extermínio de sua família, ocorrido há 15 anos. Cláudia ia trabalhar em uma fazendo cujos proprietários eram os suspeitos do assassinato de seus pais e irmãos. Yara Amaral vivia Joana, mulher de Altino (Paulo Goulart), dono da fazenda. No desenrolar da trama, era ela quem descobria a verdadeira identidade de Cláudia.

Joana (Yara Amaral) expulsa Cláudia (Malu Mader) de sua casa. 'Fera Radical' (1988)

Joana (Yara Amaral) expulsa Cláudia (Malu Mader) de sua casa. 'Fera Radical' (1988)

A peça 'Filumena Marturano', de Eduardo De Filippo, na qual atuava no papel-título, ainda estava em cartaz quando Yara Amaral morreu, aos 52 anos, na noite do réveillon de 1988 para 1989. Ela foi uma das vítimas do naufrágio do barco Bateau Mouche, na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro.

Yara Amaral é homenageada no 'Memória Nacional'. 'Vídeo Show', 13/10/2016

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