Por Memória Globo

Frame de vídeo/Memória Globo

Início da carreira

José Wilson Ferreira Ibiapina nasceu em Ibiapina, no Ceará, em 26 de fevereiro de 1943. Filho do farmacêutico Francisco Pontes Ibiapina e da funcionária pública Maria Dalva Ferreira Ibiapina, começou a trabalhar, aos 14 anos, como repórter amador em um jornal de Fortaleza. Aos 19, trabalhou na primeira TV do Ceará. Foi repórter também dos Diários Associados antes de vir para o Rio de Janeiro, em 1968, onde trabalhou no jornal Correio da Manhã e na Rádio Tupi.

Em 1970, foi para Brasília, onde conheceu Paulo Mário Mansur, diretor de Jornalismo da Globo de São Paulo, enviado à Capital Federal para montar a Globo Brasília. Convidado a fazer parte da nova equipe, Wilson Ibiapina tornou-se o primeiro repórter da emissora, então sob a direção de Edison Lobão.

Wilson Ibiapina, 2004 — Foto: Frame de vídeo/Globo

Globo Brasília

Inaugurada em 21 abril de 1971, as dificuldades do início da TV Globo de Brasília eram muitas. Não havia videoteipe, e o noticiário era transmitido em filme para o 'Jornal Nacional'. Além disso, o início dos anos 1970 também foi marcado pelo avanço da Censura Federal sobre jornais e emissoras de rádio e TV. Wilson Ibiapina testemunhou, inclusive, a presença de censores atuando dentro da redação da nova sucursal. Uma das coberturas mais importantes da carreira do jornalista foi a do enterro do ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 1976. Aquela era a primeira vez que o povo ia às ruas em Brasília durante a ditadura. Flashes do velório foram transmitidos ao longo de toda a programação.

“Essa aí foi uma das maiores coberturas que a Globo já fez lá, de enterro, foi a primeira vez que o povo foi para rua realmente, em plena ditadura, a gente nunca imaginou que fosse acontecer um lance desse. Inclusive a poucos dias eu via a TV Câmara colocando lá um documentário sobre isso, e aparece lá o Hélio Doi dizendo que o negócio é tão importante que o Dr. Roberto ficou aqui cortando as imagens do que podia entrar, o que não podia entrar…”

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre a cobertura da Abertura Política com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a cobertura da Abertura Política com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Ainda em 1976 participou da equipe que cobriu a viagem oficial do então presidente Ernesto Geisel ao Japão. Em 1977, Wilson Ibiapina trabalhou no programa 'Painel', no qual comandava entrevistas ao vivo com autoridades. O programa antecedeu o 'Jornal da Globo' na grade de programação da Globo. Em seguida, Ibiapina foi editor do próprio 'Jornal da Globo'. No início da década de 1980, cobriu a primeira visita do papa João Paulo II ao Brasil e, depois, acompanhou a viagem do pontífice à Ásia. Ainda nos anos 1980, trabalhou como editor no 'Bom Dia Brasil'. Em 1982, participou da equipe mobilizada pela Globo para a cobertura das primeiras eleições diretas para governador após o Golpe Militar. Dois anos depois, acompanhou da sucursal de Brasília o crescimento da campanha das Diretas Já. A eleição, seguida da doença e da morte de Tancredo Neves, em 1985, foi outra cobertura importante na carreira de Wilson Ibiapina. Com a entrada de José Sarney na Presidência, o jornalista passou a cobrir as viagens de Sarney. Nesse período, deixou a Globo para se tornar assessor de Toninho Drummond, ex-diretor da Globo Brasília, na presidência da Radiobrás.

Webdoc sobre a cobertura da visita de João Paulo II ao Brasil, em 1980, com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a cobertura da visita de João Paulo II ao Brasil, em 1980, com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Wilson Ibiapina voltou a trabalhar na Globo de Brasília, como editor, em 1990. Na época, a chefia da redação estava com Alexandre Garcia. Paralelamente, trabalhava na implantação de um sistema de comunicação da TV Verdes Mares, afiliada da Globo no Ceará. Em 1992, decidiu se dedicar exclusivamente à afiliada. Tornou-se diretor da sucursal de Brasília do sistema Verdes Mares de Comunicação.

“Se você for trabalhar em Brasília você nunca mais quer trabalhar em outro lugar. Porque lá você vê a notícia surgir, a origem da informação, a origem de tudo, as outras praças vivem de repercussão. Então você fica viciado em ver as coisas surgirem no meio dos fatos, a origem das coisas, né. É muito….. é interessante profissionalmente. O repórter que for trabalhar no congresso nacional se ele não tomar cuidado ele passo o dia todinho só ouvindo conversa e não faz matéria, ele esquece de fazer matéria, porque fica ouvindo as discussões e tal, o cara tem que parar e trabalhar. Porque o cara fica embevecido, realmente você se perde completamente. É muito interessante você viver na origem da matéria, da notícia”.

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Wilson Ibiapina morreu em 09 de maio de 2023, aos 80 anos, em Brasília.

FONTE:

Depoimento concedido ao Memória Globo por Wilson Ibiapina em 29/03/2004.
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