Por Memória Globo

Memória Globo

Primeiro de maio de 1981. Uma bomba explodiu no Riocentro. No dia seguinte, uma jovem jornalista, com apenas dois anos de carreira, prepara em uma ilha de edição a matéria que iria causar uma reviravolta na política brasileira. Não se sabia ainda dimensão do fato, mas ao olhar para trás, e ver todos os diretores do Jornalismo assistindo ao seu trabalho, a editora Teresa Cavalleiro, conhecida como Tcav, constatou a gravidade do episódio. Ela era, como conta, “uma fedelha”, mas teve a matéria aprovada sem restrições. Na vida, costuma dizer, é preciso fazer tudo bem feito.

O talento para televisão foi notado quando ainda era estagiária, pela diretora Alice-Maria Reiniger: não adiantava fugir, fazer TV era sua vocação e seria seu destino. Teresa Cavalleiro foi contratada como editora de texto pela Globo em setembro de 1979. Passou pelos telejornais locais, foi editora-chefe do 'Jornal das Sete', atual 'RJ2', foi editora e chefe de redação do 'Globo Repórter'. Em 1984, aos 26 anos, aceitou um convite para montar, do zero, a estrutura de jornalismo da TV Globo Oeste Paulista, em Bauru. Foi chefe de redação da editoria Rio, gerente de internet das páginas de telejornais da Globo (2002 a 2010), editora-chefe, gerente e diretora de Programas e Projetos Especiais. Ela atuava nos bastidores da cobertura das eleições locais e presidenciais de 2002 a 2020; gerenciava projetos como Caravana JN (2006), JN no Ar (2010), o Brasil que Eu Quero (2018). A jornalista também atuava na transmissão do desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, e dirigia a da cerimônia do Oscar. Sob sua gestão passaram o programa 'Como Será?' (2014-2019) e o Memória Globo (2016-2018). Paralelamente, coordenou durante 18 anos os departamentos de visual e fonoaudiologia da Globo (desde 2001). Tcav deixou a empresa em dezembro de 2020, após 42 anos de trabalho.

Entrevista de Teresa Cavalleiro ao Memória Globo, 2013. — Foto: Renato Velasco/Memória Globo

Televisão é um pacote completo: não adianta ter um texto maravilhoso e uma imagem ruim; ou imagens fantásticas sem o melhor texto e a melhor edição. É fascinante, porque tudo tem que estar no seu lugar para o produto final dar certo

Início da carreira

Nascida em 17 de maio de 1958, no Rio de Janeiro, Teresa Cristina Cavalleiro da Silva é filha da dona de casa Célia Cavalleiro da Silva e do militar reformado Renato Ribeiro da Silva. Teresa teve uma infância movimentada, em trânsito: mudava de cidade sempre que o pai era transferido. Passou por capitais e cidades remotas do interior, mantendo um mesmo ritual inconsciente: a cada chegada, absorvia o sotaque e os costumes locais, era uma “alma vagabunda”, como dizia sua mãe; e a cada partida, se despedia para sempre, às lágrimas, de todos os cantinhos da escola que a acolhera. Um novo ciclo começava.

Quando terminou o antigo Ginásio, estava em Brasília. Prestou vestibular e passou para o curso de Comunicação Social na UnB. Dois anos depois, a família precisou se mudar uma última vez. Apesar de estar no meio do curso, Teresa decidiu acompanha-los, pedindo transferência para a PUC, no Rio de Janeiro. Se a primeira fase da vida da jornalista foi itinerante, as demais foram o oposto: ainda que tenha mudado de cidade e viajado o mundo, construiu uma carreira sólida, de mais de 40 anos, na Globo. Fez dali sua casa.

Apesar de gostar muito de escrever sempre tive fascínio pela imagem. Naquela época todo mundo queria trabalhar no Jornal do Brasil. Mas eu não me via ligada só à atividade de escrever. Achava que seria mais feliz juntando texto e imagem.

Aprendeu com o tempo que fazer televisão era sua principal paixão.

Gosto pela TV

Teresa fazia estágio na agência de publicidade DPZ havia um ano e meio, quando viu no jornal uma chamada para concurso de estágio na Globo. O ano era 1978 e esta era a estreia de um projeto idealizado pela então diretora de Jornalismo Alice-Maria Reiniger, que consistia na condução de curso de seis meses, onde seriam ensinadas todas as etapas do processo de produção do jornalismo televisivo. Terminadas as aulas, vagas de emprego não eram garantidas. No final da experiência, Teresa encontrou com Alice-Maria numa lanchonete, agradeceu a oportunidade e se despediu. “Eu disse que tinha aprendido em seis meses mais do que nos quatro anos de faculdade. Então ela falou: ‘você vai voltar para a agência, se despede, e segunda começa aqui, porque isso aqui é o seu destino e a sua vocação.’ Aquilo me tocou fundo. Se era minha vocação, não sei, mas era o meu destino”.

Foi contratada em 1979 como estagiária de edição de texto do 'Jornal da Globo', passando depois pelo 'Jornal das Sete' ('RJTV') e 'Jornal Hoje'. Em setembro daquele ano, tornou-se efetiva na Editoria Rio – editava matérias para o 'Jornal das Sete' e assuntos do Rio para o 'Jornal Nacional'. Ficou na função até 1983.

Nessa época, para assinar as laudas dos textos que produzia, precisava de um nome curto. Resolveu abreviar o seu como Tcav para se diferenciar de outras tantas Teresas. Virou apelido, é assim que muitos a chamam até hoje. Algumas lembranças marcam o início da trajetória na Globo. Uma delas era a parceria com a repórter Fernanda Esteves (que depois, durante muitos anos, foi editora da GloboNews), no que chamavam de “produção independente”. Faziam gravações com “rabinhos” de rolos de filme, usando cinegrafistas em final de expediente, roteirizando e editando fora do horário de trabalho. Ela conta que uma matéria sobre o dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, veiculada no 'Jornal Hoje' em 1979, foi elogiada por Alice-Maria em um memorando. A diretora enxergava ali “duas promessas da televisão”.

Em 1981, Teresa foi a um show no Riocentro no dia 1º de maio. Uma bomba explodiu no estacionamento, mas ela só percebeu quando viu equipes de reportagem do lado de fora. No dia seguinte, na redação, editou a matéria do atentado para o jornal local. No meio do trabalho, sentiu um vento nas costas.

Quando olhei para trás, estavam a Alice-Maria, Armando Nogueira e o Boni. Pensei: ‘ou eu não venho amanhã, ou volto e fico um longo tempo’”.

Deu tudo certo, a reportagem foi aprovada sem restrições.

Atentado no Riocentro (1981)

Atentado no Riocentro (1981)

Outro evento que marcou sua vida foi a morte da cantora Elis Regina, em 1982, de quem era fã, acompanhava todos os shows, tinha todos os discos gravados. “Soube da morte dela de manhã e não parava de chorar. Falei com a minha mãe: ‘Não vou trabalhar, não tenho condições’ e já me ligavam da emissora e eu dizia, ‘Me esqueçam, não vou’. Até que a Alice-Maria ligou e disse: ‘Eu sei do amor que você tinha por ela e, por isso mesmo, não só pela profissional que você é, eu acho que poucas pessoas vão ajudar a nossa cobertura quanto você. Então, para de chorar agora, bota uma roupa e vem trabalhar. Eu prometo que quando acabar o 'Jornal Nacional' eu deixo você continuar chorando.’ Então, eu fui, porque palavra da dona Alice não se questiona.”

Em 1983, Teresa Cavalleiro teve uma rápida passagem pelo 'Globo Repórter', sob direção do jornalista Bob Feith. O programa semanal era o sonho de muitos editores da Globo, que viam a oportunidade de produzir matérias profundas, bem trabalhadas, com tempo. Ali, estavam também os principais repórteres da casa. Teresa ficou na função até 1984, quando recebeu um convite inusitado, que decidiu aceitar, a contragosto dos colegas e da família: montar a estrutura de jornalismo da recém-criada Rede Globo Oeste Paulista, com sede em Bauru, mas com sucursais em Presidente Prudente, Marília, São José do Rio Preto. Embarcou nessa “corrida para o Oeste”, como costuma brincar, com a amiga jornalista Neusa Rocha: Tcav seria chefe de redação e Neusa, diretora. Trabalhou intensamente durante um ano e meio: contratou equipe, montou rotina de produção, desenhou o formato dos telejornais, mostrou como produzir, editar, colocar a notícia no ar. Tinha apenas 26 anos.

'Globo Repórter'

Em 1986, pensou que já podia tirar férias. Era um sinal: sua missão ali estava cumprida. Ligou para Alice-Maria, que foi direto ao ponto: “Segunda-feira você se apresenta na reunião de pauta do 'Globo Repórter'”. Nessa época, o programa estava sob gestão de Jorge Pontual, um amigo que fez para toda a vida. Em quatro anos, Teresa viajou pelo Brasil e o mundo, dirigindo reportagens feitas por Sandra Passarinho, Pedro Bial, Ilze Scamparini, Glória Maria, entre outros. Ela brinca que tinha apenas uma regra: “Não ando de balão e nem acampo no meio do mato”, todo o resto podia contar com ela.

Teresa lembra com carinho de algumas edições. Como o programa sobre a banda RPM, dirigido por ela, com reportagem de Pedro Bial, em novembro de 1986 – a dupla acompanhou a turnê da banda, o que resultou em 100 fitas gravadas, que “demorei 15 dias para decupar”. Também com Bial, dirigiu uma edição sobre a Xuxa, que estava no auge da fama, uma ideia do diretor Armando Nogueira, colocada em prática em 1987. “Eu confesso que nunca tinha visto o programa dela, que ia ao ar às oito da manhã. Passei a botar o despertador todos os dias para assistir, fiquei uma semana cantando ‘Bom dia, amiguinhos, eu estou aqui.’” Foram dois meses imersos na vida da apresentadora. Voltou à redação com um material riquíssimo e também com nova amizade: “Xuxa é maravilhosa, é a mesma pessoa com a câmera no chão e com a câmera apontada para ela”.

Também no ano de 1987 fez com Sandra Passarinho uma reportagem sobre o vírus da Aids, uma das primeiras investigações jornalísticas sobre a doença que se espalhava pelo mundo. As duas entraram no presídio do Carandiru para entrevistar detentos contaminados. Teresa diz que ficou tão impressionada com as cenas que nunca mais conseguiu ver nada sobre o presídio, nem o filme homônimo, protagonizado por Rodrigo Santoro.

Descoberta e desdobramentos da Aids (1987)

Descoberta e desdobramentos da Aids (1987)

Ela também guarda com carinho da edição do 'Globo Repórter' sobre Ilha Grande, que foi ao ar em abril do mesmo ano, feita com Ilze Scamparini, cujas histórias de bastidores ficarão para sempre na memória.

Em 1989, Teresa deixou a Globo para trabalhar com campanhas eleitorais. Em 1991, quando estava prestes a retomar suas atividades na emissora, a diretora Alice-Maria deixou seu posto na direção de Jornalismo e foi trabalhar na TV Manchete. Teresa e outros colegas ligados a ela a acompanharam. Ficou na Manchete por 11 meses:

Falei: ‘Alice, te ajudei, cumpri minha missão, mas isso aqui não tem um caminho para mim. A Globo, como você falou é meu destino, minha vocação.’

Em novembro de 1991, a jornalista retornou definitivamente à Globo, desta vez como chefe de redação do 'Globo Repórter', permanecendo no cargo até 1998. “Foi um período em que o programa ousou muito nas pautas. Tínhamos muita liberdade. Pontual é uma pessoa brilhante, escreve que é uma coisa inacreditável, sempre nos apoiou muito.”

Nessa época, Teresa se lembra de ter dado ideia e fechado um programa diferente, sobre a “voz humana”, reportagem de Ilze Scamparini, com direção de Denise Cunha, que foi ao ar em agosto de 1993. “Eu fiquei aqui várias noites para fazer esse programa. A gente tinha uma cultura insana e errada de virar noite trabalhando. Meu travesseiro predileto eram duas fitinhas de Betacam de uma hora. Ficamos horas ouvindo sons que íamos colocar. O programa ficou espetacular.”

Enquanto chefe de redação do 'Globo Repórter', supervisionou os programas especiais sobre Ayrton Senna (1994), Tom Jobim (1994), Princesa Diana (1998), frutos de verdadeiras maratonas e um esforço coletivo da equipe de levar o melhor para o telespectador.

Editoria Rio

Em 1998, Jorge Pontual se mudou para Nova York, tornando-se chefe do escritório. Teresa Cavalleiro achou que estava cumprida sua jornada no 'Globo Repórter', cuja direção foi assumida por Sílvia Sayão. Nessa época, suas habilidades com gestão de equipe, projetos e orçamento era evidente e ela recebeu um convite de Carlos Henrique Schroder para se tornar chefe de redação da editoria Rio. Foi uma missão considerada “intensa, de factual pesado”, e nela permaneceu durante dois anos. Em 2000, foi chamada por Alice-Maria para integrar uma nova diretoria, de Entretenimento, grupo pequeno formado também por Vera Íris Paternostro e Ronan Soares, com a missão de fazer uma ponte entre os programas de Entretenimento e o Jornalismo. Na época, ajudaram a implantar o 'Altas Horas', o núcleo de jornalismo do 'Mais Você' e do 'Programa do Jô'.

Projetos Especiais do Jornalismo

No começo de 2002, o então diretor de jornalismo Carlos Henrique Schroder chamou Teresa para ser editora-chefe de Projetos Especiais. Ela conta: “A função foi crescendo e ganhando atribuições ao longo dos anos. Eu voltei a fazer carnaval em uma situação diferente, de coordenação geral. Passei também a ter uma participação muito próxima no 'Criança Esperança', produzindo matérias que falavam dos projetos que eram beneficiados pelo programa.” Também passou a ser sua função gerir os departamentos que cuidam do visual de repórteres e apresentadores: a Moda (Figurino e Maquiagem) e Voz (fonoaudiologia, existe uma profissional em cada emissora), de Globo e GloboNews.

Mas a principal tarefa de Teresa, ao lado da colega Maria Thereza Pinheiro, a Terezoca, passou a ser a cobertura das eleições presidenciais – cabia a elas, a partir de 2002, planejar, pensar na logística e execução principalmente dos debates de candidatos e em projetos especiais, como séries para o 'Jornal Nacional'. Nessa época, Ali Kamel assumiu a direção-executiva de Jornalismo e também passou a incentivar, dar ideias e orientar, os projetos tocados por elas. Foram frutos desse trabalho de imersão, dedicação, pesquisa e organização, ideias como as séries do 'Jornal Nacional' Caravana JN (2006), JN no Ar (2010), 50 Anos de Jornalismo da Globo (2015), O Brasil que Eu Quero (2018), JN 50 Anos (2019), os três últimos já como diretora de Programas e Projetos Especiais.

A respeito da Caravana, que rodou o Brasil em um ônibus sem ar condicionado sob comando de Pedro Bial, Teresa guarda boas lembranças. Foi o primeiro grande desafio – tudo precisava ser perfeito para que Bial estivesse ao vivo, com reportagem pronta, no horário do 'Jornal Nacional'. Isso tudo em 2006, quando não existia internet via telefonia móvel.

Webdoc jornalismo - Jornal Nacional: Caravana JN (2006)

Webdoc jornalismo - Jornal Nacional: Caravana JN (2006)

“Nós tivemos que nos superar para conseguir transformar isso em realidade. Tínhamos preocupação com a infraestrutura, segurança e saúde das pessoas. Fizemos um roteiro estabelecendo por onde o ônibus passaria. O caminho era regiões Sul, Sudeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste. A cada dia, ele viajaria 300 quilômetros. Para conseguir gerar a reportagem no mesmo dia para o 'Jornal Nacional', antena chamada fly-away era montada", explica.

Outros trabalhos especiais

Durante um período, Teresa assumiu uma área estratégica da emissora: a relação do jornalismo com a internet e as mídias sociais. Cabia a ela gerir as páginas dos telejornais no ambiente virtual da Globo, no início da popularização da internet no Brasil. “Eu cuidava dos sites dos telejornais e programas em um momento muito diferente do que é a internet hoje. Esse trabalho foi ficando cada vez mais integrado até o surgimento do G1, o portal de notícias da Globo, que hoje é líder de audiência no setor. Eu acho que a empresa tem um olhar muito especial para isso.”

A partir de 2005, Teresa Cavalleiro passou a comandar a transmissão da cerimônia do Oscar na Globo. Ela e sua equipe planejavam, de acordo com o script enviado pela organização do evento nos Estados Unidos, as entradas ao vivo no 'Fantástico', até a abertura do sinal da rede, quando dirigia a transmissão, sendo elo entre todas as partes envolvidas no processo. Sua equipe também preparava material de pesquisa para que a apresentadora – Maria Beltrão, desde 2006 – e os comentaristas tivessem tudo o que precisassem para realizar o trabalho no dia.

Em 2010, Teresa codirigiu o programa jornalístico 'Brasileiros', que, em 25 episódios narrava a história de pessoas comuns em reportagens feitas por Edney Silvestre, Marcelo Canellas e Neide Duarte. De 2010 a 2013, a gerência de Projetos Especiais foi responsável por outro jornalístico, o 'Globo Mar': em quatro temporadas, a atração exibia uma reportagem feita por equipe a bordo de uma embarcação em expedições pela costa brasileira e em águas profundas internacionais. Pesca de diversas espécies, mergulho, preservação de animais marinhos eram tema do programa, que contou com participação de Poliana Abritta, Ernesto Paglia, Glenda Kozlowiski. Uma das principais características do programa era mostrar também os bastidores dos profissionais em alto mar, o que criava uma relação diferente com o espectador.

De 2016 a 2018, Teresa Cavalleiro assumiu o Memória Globo, tendo sido responsável por alguns projetos como o Especial de 20 anos da GloboNews, em 2016, e o livro dos Correspondentes, lançado pela Globo Livros em agosto de 2018.

Carnaval

A cobertura do carnaval carioca é um capítulo à parte na trajetória da jornalista, portelense de coração. Desde que entrou na Globo, ela dava plantões no feriado. Todos os anos, em variadas funções. Até 1988, os desfiles das Escolas de Samba eram gravados, não eram ao vivo. Teresa editava e avaliava a qualidade do material para ir ao ar. Em 1988, quando a Globo montou um esquema de transmissão para o Grupo Especial, o trabalho mudou: a jornalista passou a ficar noites a fio dentro do caminhão da Globo nos bastidores da Sapucaí, responsável pelo envio de sinal para a emissora, no Jardim Botânico. Quando assumiu o cargo de editora-chefe de Projetos Especiais, em 2002, uma nova fase. Ela passou a coordenar a transmissão dos desfiles por parte do jornalismo, função que exige pensar o espelho da transmissão, organizar a logística das equipes – alimentação, camisetas, conforto, a ideia é “servir de elo com o Entretenimento e com Operações. Passei a acompanhar as decisões da transmissão como um todo. No final, sempre faço um inventário do que erramos e o que podemos melhorar. Errar, a gente sempre erra, mas não podemos repetir no ano seguinte.”

Teresa Cavalleiro na sala de controle durante a transmissão dos desfiles das escolas de samba do Rio, 2017. — Foto: Cícero Rodrigues / Memória Globo -

Direção de Programas e Projetos Especiais

Em 2014, Alice-Maria se aposentou. Imersa nos preparativos de um vídeo de homenagem à mentora profissional, Teresa foi surpreendida com a notícia de que ela e Maria Thereza Pinheiro assumiriam a Direção de Programas e Projetos Especiais. No período, Teresa herdou o programa 'Como Será?', que, até dezembro de 2019, era apresentado por Sandra Annenberg, exibido aos sábados pela manhã e tinha em pauta notícias relacionadas a ciência, tecnologia, responsabilidade social, desenvolvimento sustentável. Também se tornou responsável pela área de Direitos Musicais, gerida por Vera Íris Paternostro, até 2018.

No período, para os 50 anos da Globo, William Bonner sugeriu a realização de uma ideia para o 'Jornal Nacional' que parecia maluca: fazer uma série em formato de mesa redonda, com as principais personalidades do jornalismo da Globo, que homenageasse o trabalho de reportagem feito ao longo das décadas. Teresa montou uma equipe e colocaram no ar, em abril de 2015, a série 50 Anos de Jornalismo da Globo, sucesso de audiência.

Nas eleições de 2018, O Brasil Que Eu Quero mobilizou telespectadores de todo o país, a partir do dia 4 de março. A ideia de Ali Kamel, gerida pela equipe das Teresas, seria pedir ao público, via G1, sugestões sobre o que poderia melhorar em suas cidades – um passo importante na integração entre TV e internet. Foram mais de cinco mil vídeos enviados, na horizontal, por brasileiros de todas as partes do país. “A ideia era ter, durante as eleições, um banco de dados com problemas e personagens para serem usados em reportagens. Não houve assunto que não tenha sido tratado, de economia à identidade de gênero, de política à fixação do jovem no campo, da questão indígena aos portadores de doenças crônicas. Imagine um tema, e tenha certeza de que ele esteve no ar”.

Maria Thereza Pinheiro, Teresa Cavalleiro e Felippe Cavalleiro nos bastidores do debate presidencial, 2018. — Foto: Fabrício Motta/ Memória Globo

Em março de 2020, no início da pandemia da covid-19, Teresa trabalhou no programa especial 'Combate ao Coronavírus'. Em seguida, atuou nos bastidores da cobertura das eleições municipais do Rio de Janeiro. Aposentou-se em dezembro do mesmo ano, após 42 anos de dedicação à empresa do coração.

FONTES:

Depoimento de Teresa Cavalleiro ao Memória Globo em 30/09/2013 e 15/10/2013.
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