Por Memória Globo

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Com mais de 50 anos de carreira, a atriz Suely Franco construiu uma trajetória de sucesso no teatro, cinema e televisão. Foram mais de 20 novelas, inúmeros especiais e minisséries na Globo. Foi a dona Benta da versão de 2001 do Sítio do Picapau Amarelo. Começou profissionalmente no teatro em 1961 na Companhia que contava também com Fernanda Montenegro e Sérgio Britto. No cinema, atuou em Dois na Lona, em 1968, ao lado de Renato Aragão. Na televisão, esteve no elenco de novelas marcantes como O Espigão, Estúpido Cupido, Mulheres de Areia e A Favorita, entre outras.

Representar sempre foi uma brincadeira para mim. Sabe quando você vai para uma festa? Eu nunca trabalho, para mim é um parque de diversões.”

Suely Franco em Malhação, 2006. — Foto: Acervo/Globo

Início da carreira

Suely Franco Mendes nasceu no Rio de Janeiro no dia 16 de outubro de 1939, em Vila Isabel, bairro da zona norte da cidade, que também deu ao país o talento do compositor Noel Rosa. Filha de uma dona de casa e de um oficial da Marinha Mercante, Suely foi criada no bairro de Olaria, onde fez o curso primário e secundário. A vocação de atriz chegou naturalmente. Fez radioteatro infantil aos sete anos de idade, confirmando, desde criança, o gosto pela representação artística.

Eu nunca decidi ser atriz, eu nasci atriz.

Continuou fazendo teatro amador na escola durante a adolescência e a estreia profissional veio aos 24 anos, com a montagem de O Beijo no Asfalto de Nelson Rodrigues. A partir daí, Suely Franco passou a fazer parte da Companhia indicada pela amiga Zilka Sallaberry.

O início da década de 1960 marcou a chegada de Suely Franco à televisão. Ela fez teste para a TV Tupi e virou garota propaganda. Logo, passou a fazer trabalhos como atriz. Era a época da televisão ao vivo, antes do surgimento do videotape, o que exigia uma grande capacidade de improvisação: “Às vezes acontecia uma coisa que não dava para resolver. Então, entrava emergência no ar. Eu me lembro, fazendo o programa do Ziraldo, que tinha o gênio da lâmpada. Quando foram abrir a lâmpada, o contrarregra errou na dose de pólvora e ficou uma fumaça enorme no estúdio e não deu para continuar”.

Nesse período da Tupi, Suely Franco destaca O Grande Teatro Tupi quando reencontra Fernanda Montenegro, Sérgio Britto, além de Nathalia Timberg. Adaptada à TV ao vivo, ela não viu com bons olhos a chegada do videoteipe: “A gente tinha ódio do videoteipe quando apareceu. Estávamos habituados a fazer tudo ao vivo, então, fazia, ia para o ar e pronto. Com o vídeo, tinha aquela coisa de ser milimetricamente certo.”

Em 1973, Suely Franco chega à Globo em uma participação no programa Chico City. Foi a mulher de Odorico Paraguaçu, personagem de Paulo Gracindo, no seriado O Bem-Amado, exibido de 1980 à 1984 e inspirado na clássica novela de Dias Gomes. O seriado teve problemas com a censura, entre eles, a caracterização da atriz: “Era levemente inspirada na mulher do general João Batista Figueiredo, o que trouxe alguns aborrecimentos”.

Seguiram-se novelas de sucesso no currículo de Suely como Estúpido Cupido, Baila Comigo e Guerra dos Sexos, onde ela teve uma participação especial.

As noivas de Copacabana

Na década de 1980, ela teve uma passagem pela TV Manchete onde atuou no seriado Tamanho Família. Criação de Mauro Rasi e escrito por Miguel Falabella, tinha também no elenco Diogo Vilela, Zezé Polessa e Caio Junqueira. Na emissora fez ainda a novela Tocaia Grande, onde contracenou com as então adolescentes Giovanna Antonelli e Taís Araújo, sob a direção de Walter Avancini.

Nos anos 1990, Suely volta para a Globo: “A gente vai para onde estão chamando para trabalhar, né?”

Na minissérie As Noivas de Copacabana fazia a mãe de uma das jovens mortas pelo serial killer vivido por Miguel Falabella: “Numa cena eu tinha que ir ao necrotério para reconhecer o corpo, deu uma certa agonia”.

No ano seguinte, Suely Franco fez parte do elenco da novela Mulheres de Areia de Ivani Ribeiro. Ainda nos anos 1990, participou da minissérie Labirinto de Gilberto Braga e da novela Torre de Babel de Silvio de Abreu: “Em Labirinto lembro de uma externa no Leblon, com muita confusão. Era complicado gravar com o povo na rua”.

Mulheres de Areia: O cowboy e a rebelde

Mulheres de Areia: O cowboy e a rebelde

Dona Benta

Em 2005, Suely Franco recebeu um convite para o trabalho que considera um dos mais importantes da carreira: viver dona Benta, na segunda versão do Sítio do Picapau Amarelo. Recriar a personagem vivida por Zilka Sallaberry na primeira versão foi uma emoção para a atriz:

“Ela que tinha sido minha madrinha, que me levou para o teatro profissional. Liguei para ela que me deu todas as graças e disse que tinha certeza que eu ia fazer bem”. Suely entrou no infantil para substituir a atriz Nicette Bruno, que interpretava a personagem desde a estreia do programa, em 2001.

Suely diz que guarda muitas lembranças dessa fase do “Sítio” que ficou no ar até 2007. Fala que sente saudade quando passa no estúdio dos Estúdios Globo, onde é gravado atualmente o programa Mais Você.

Sítio do Picapau Amarelo - 2ª versão (2006): A turma

Sítio do Picapau Amarelo - 2ª versão (2006): A turma

Entre tantos autores com os quais trabalhou, Suely tem uma predileção especial por Walcyr Carrasco, de quem fez duas novelas: O Cravo e a Rosa, em 2000, e Êta Mundo Bom!, em 2016: “Ele escreve muito como a gente fala, como a gente conversa, não é uma coisa assim literária, é coisa de interior. Ele tem o dom de chegar ao público de forma lúdica”.

Suely destaca ainda dois trabalhos na Globo: o seriado As Brasileiras, de 2012, sob a direção de Daniel Filho, onde fez o episódio A inocente de Brasília: “Foi maravilhoso trabalhar com a Cláudia Gimenez. Fazíamos coisas muito engraçadas”.

E a novela Joia Rara, premiada com o Emmy Internacional e que tinha na direção Ricardo Waddington e Amora Mautner: “A Amora é sempre uma loucura trabalhar com ela. Ela sempre inventa umas ideias muito interessantes para gente fazer”.

Cinema e teatro

No cinema, Suely Franco teve seu primeiro papel de destaque na comédia Dois na Lona, em 1968, ao lado de Renato Aragão e Ted Boy Marino: “Fiz várias cenas rolando na grama com o Renato. Depois descobri que estava grávida, mas graças a Deus meu filho nasceu ótimo”.

Ela destaca ainda o trabalho em Redentor de Cláudio Torres, onde contracenou com Pedro Cardoso, Camila Pitanga, Fernanda Montenegro e Fernando Torres, seu primeiro diretor no teatro em O Beijo no Asfalto.

Suely fez parte do elenco de Minha Mãe é uma Peça, a adaptação cinematográfica do sucesso teatral de Paulo Gustavo. O filme foi recordista de bilheteria.

Cria do teatro, Suely Franco considera o palco a sua segunda casa, onde se sente mais confortável: “Teatro a gente faz princípio, meio e fim, mas também acabou ali, não tem mais, é o público na hora”. Nos palcos, a atriz teve grandes momentos: ganhou um prêmio Molière com Capital Federal.

Com Nicette Bruno, fez a também premiada peça Somos Irmãs com direção de Ney Matogrosso e Cininha de Paula. Elas deram vida às irmãs Dirce e Linda Batista, cantoras de sucesso nas décadas de 1940 e 1950: “A gente ficou anos em cartaz com essa peça, um sucesso em todos os lugares que passava”.

Suely Franco diz que representar é tudo na sua vida: “É o que eu gosto de fazer, seja dublando, no rádio, no cinema, no teatro, na televisão. Sem trabalho é a morte. Tem um ditado que diz: ‘Quem faz o que gosta, não trabalha nunca.'”

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