Por Memória Globo

Roberto Steinberger/Globo

Para muitos nas redações por onde passou, ele é conhecido como Seu Nonô. Sergio Barros de Noronha, filho do gráfico Eduardo Ferreira de Noronha e da costureira Marciana Barros de Noronha, passou por grande parte dos principais órgãos de imprensa do país, quase sempre ligado ao Esporte. No rádio, em revista ou na televisão, o jornalista é uma das vozes mais respeitadas do mundo esportivo.

Sergio Noronha não foi diferente de muitos jovens de sua época. Tinha que estudar e trabalhar para garantir o seu sustento. Em 1954, enquanto cursava Letras na Faculdade Lafayete, começou a trabalhar como contínuo da revista O Cruzeiro, dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Um ano depois, a revista passou por uma reforma gráfica feita a pedido do então secretário de redação José Amádio. Com a escassez de redatores para dar conta das novas exigências em relação às legendas e títulos das matérias, Noronha tomou uma iniciativa: ajudar no trabalho. Notado pelos repórteres Álvares da Silva e Luiz Carlos Barreto, foi convidado para ser redator auxiliar. Abandonou, então, a faculdade e passou a trabalhar somente na revista, acumulando as funções de redator e repórter. 

O narrador tem que narrar qualquer modalidade no Esporte, assim como o repórter. A exceção é o comentarista: ele emite opinião e precisa ter credibilidade, profundidade.

Depois da experiência como redator, Sergio Noronha foi para o Jornal do Brasil em 1959. O convite para ser repórter foi feito pelo então chefe de redação Jânio de Freitas, que também havia sido redator de O Cruzeiro, na época em que o jornal começava a realizar sua famosa reforma gráfica. No ano seguinte, mais um passo na carreira. Noronha virou redator do jornal e exerceu a função até 1962, quando Jânio deixou o JB, e Alberto Dines assumiu a chefia de redação. Nos anos seguintes, trabalhou nos jornais Diário Carioca, Correio da Manhã – onde participou da reforma gráfica orientada por Jânio de Freitas – e Última Hora; e nas revistas Senhor e TV Guia.

Sergio Noronha voltou ao Jornal do Brasil em 1970, como redator de Esporte, ao lado de Armando Nogueira e Marcos de Castro. Em pouco tempo, passou a ser chefe do copidesque do jornal. Em 1972, assumiu o cargo de secretário de redação. Voltou ao Esporte em 1974, chefiando a cobertura da Copa do Mundo da Alemanha.

Em 1975, Noronha deixou o Jornal do Brasil. No mesmo ano, passou a integrar a equipe de Esportes da Globo, comandada por Ciro José. Durante a Copa do Mundo da Argentina, em 1978, fez reportagens e comentou os jogos narrados por Luciano do Vale. No ano seguinte, deixou a Globo e o jornal O Globo – onde assinava uma coluna esportiva – e foi trabalhar como editor de esportes da TV Educativa.

Em 1982, apesar de ainda trabalhar na TV Educativa, o jornalista participou da cobertura da Copa do Mundo da Espanha feita com exclusividade pela Globo, fazendo reportagens e comentando os jogos narrados por Galvão Bueno. Noronha comenta: “O fato marcante é que, pela primeira vez, fizeram uma transmissão em áudio e vídeo de um continente para outro. O Jornal Nacional sendo feito e, em dado momento, daqui chamava o Léo Batista lá em Madrid.”

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre a Copa da Argentina (1978), com entrevistas exclusivas.

Webdoc sobre a Copa da Argentina (1978), com entrevistas exclusivas.

Webdoc esporte sobre a Copa da Espanha (1982), com entrevistas exclusivas.

Webdoc esporte sobre a Copa da Espanha (1982), com entrevistas exclusivas.

O empréstimo do repórter e comentarista foi parte de um acordo em que a Globo se comprometeu a ceder as imagens dos jogos à TV Educativa. Após a Copa do Mundo, o jornalista passou a ser comentarista esportivo da Rádio Globo.

Em 1985, Sergio Noronha assumiu a chefia de redação da editoria de Esportes da Globo, então sob o comando de Hedyl Vale Jr. No ano seguinte, deixou novamente a emissora e foi trabalhar na Rádio Tupi. Pela rádio, participou da cobertura da Copa do Mundo do México em 1986. Em 1989, voltou à Rádio Globo, como comentarista esportivo. Participava dos jogos narrados pelos locutores Waldir Amaral e Jorge Cury, e do quadro de debates do programa Haroldo de Andrade. Trabalhou na rádio durante dez anos, participando das coberturas das Copas do Mundo da Itália (1990), dos Estados Unidos (1994) e da França (1998). A partir de 1998, passou a colaborar também com o canal por assinatura SporTV.

Em 1999, Noronha voltou à Globo como comentarista. Participou da cobertura das Copas do Mundo do Japão e da Coreia (2002) e da Alemanha (2006). Na última, ficou no Brasil, comentando os jogos narrados por Luis Roberto e participando, via satélite, do programa Bate-Bola, comandado por Galvão Bueno. Também participou da cobertura dos Jogos Olímpicos de Atenas (2004) e dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro (2007).

Em 2009, Sergio Noronha foi para a TV Bandeirantes, onde ficou até o ano seguinte. Em 2010, o comentarista voltou para a Rádio Globo, para participar do quadro Debates Populares, do programa Manhã da Globo. Em 2011, voltou a comentar a transmissão dos jogos pela televisão, no canal a cabo PFC.

Sergio Noronha passou os últimos anos de sua vida lutando contra o Mal de Alzheimer. Em 2018, com a ajuda do grande amigo e parceiro de trabalho Arnaldo Cezar Coelho, passou a viver no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro. O jornalista morreu no dia 24 de janeiro de 2020, aos 87 anos, em decorrência de uma pneumonia.

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