Por Memória Globo

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Júnior como comentarista da Globo — Foto: Globo

“Capacete” e “maestro” são apelidos que ele ganhou ao longo de uma trajetória vitoriosa de quase 20 anos: “Para quem se chama Leovegildo na certidão de nascimento, qualquer coisa é bem-vinda”, brinca o ex-jogador Júnior.

Júnior começou uma bem sucedida carreira de comentarista depois de deixar os gramados, em 1993. No campo, foi campeão da Taça Libertadores e do Mundial de Clubes pelo Flamengo, em 1981. Disputou duas Copas do Mundo pela Seleção Brasileira (1982 e 1986), jogou na Itália na década de 1980 e teve um retorno triunfal ao Flamengo sendo campeão brasileiro em 1992, aos 38 anos de idade. Como comentarista da Globo, participou de todas as Copas do Mundo desde 1998.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Entrevista exclusiva do ex-jogador e comentarista Júnior ao Memória Globo, em 26/05/2014, sobre o jogo Brasil x Argentina pela Copa do Mundo de 1982.

Entrevista exclusiva do ex-jogador e comentarista Júnior ao Memória Globo, em 26/05/2014, sobre o jogo Brasil x Argentina pela Copa do Mundo de 1982.

Trecho da entrevista exclusiva do ex-jogador e comentarista Júnior, ao Memória Globo em 26/05/2014, sobre sua participação na desclassificação da seleção brasileira na Copa do Mundo da Espanha (1982).

Trecho da entrevista exclusiva do ex-jogador e comentarista Júnior, ao Memória Globo em 26/05/2014, sobre sua participação na desclassificação da seleção brasileira na Copa do Mundo da Espanha (1982).

Trajetória nos campos

O paraibano Leovegildo Lins Gama Júnior nasceu em João Pessoa no dia 29 de junho de 1954. Com 5 anos, veio com a família para o Rio de Janeiro e foi morar no bairro de Copacabana. Aos 9 anos já brilhava no mirim do Juventus, um time de futebol de praia: “A minha paixão era o futebol de praia, jogar descalço, tanto que resisti a ir fazer teste no Flamengo. A chuteira me incomodava”.

Com 16 anos, foi jogar futebol de salão no Clube Sírio e Libanês. O talento e a habilidade levaram Júnior para as divisões de base do Flamengo. Era o ano de 1973, e ele logo subiria para os profissionais. Uma geração de craques, entre eles, um garoto franzino e mirrado: Arthur Antunes Coimbra, o Zico.

A carreira de Júnior deslanchou em 1974. Lateral direito aos 20 anos, consagrou-se Campeão Carioca daquele ano. Ele lembra dos dois gols decisivos que fez contra o América: “A tal da confiança é uma palavrinha mágica no futebol. Na vida também.”

De 1978 a 1993, o Flamengo viveu um dos períodos mais gloriosos de sua história. Além de Zico e Júnior, o time contava com estrelas como Raul, Leandro, Tita, Adílio e Nunes e acumulou uma série de conquistas. Foi Tricampeão Brasileiro em 1980, 1982 e 1983, Campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes em 1981. Júnior se recorda de três momentos marcantes desse período: “A final de 1980 do Brasileiro contra o Atlético Mineiro, no Maracanã, foi antológica. O Atlético era a metade da seleção, tinha Reinaldo, Cerezo, Éder. Um super time. Depois a conquista da Libertadores de 1981 contra o Cobreloa. No jogo no Chile foi uma pressão absurda: tinha até o Pinochet na plateia para intimidar! E a conquista do Mundial em Tóquio contra o Liverpool da Inglaterra foi um massacre. Fizemos 3 a 0 no primeiro tempo e 'matamos' o jogo. Aquele time marcou época.”

Depois da Copa de 82, Júnior se transferiu para o Torino da Itália, onde passou a jogar no meio campo. Mas foi no Pescara, um time de uma pequena cidade litorânea, que ele viveu seus melhores momentos no país: “O time tinha subido da segunda divisão para a primeira. Quando cheguei, o aeroporto estava lotado de gente me esperando. Adorei a cidade e o povo de lá.”

Na Copa de 1986, Júnior lembra do carinho do povo mexicano com os brasileiros: “Havia acontecido um grande terremoto no país meses antes da Copa e o clima era de reconstrução.” Naquela Copa, o Brasil foi eliminado pela França nos pênaltis, mas Júnior prefere lembrar do gol brasileiro naquele empate de 1 a 1:” O nosso gol, do Careca, com a participação minha e do Muller, foi mostrado em todos os programas esportivos da Itália como exemplo de jogada coletiva.”

Em 1989, aos 35 anos, Júnior resolve voltar ao Brasil e ao Flamengo por causa de um pedido do filho Rodrigo, na época com 4 anos: “O Zico deu a ele de presente um vídeo com todos os gols da carreira e o garoto não parava de ver, até que um dia ele falou: ‘Pai, quando eu vou te ver jogar no Maracanã?’ No Flamengo, comandando um time de garotos, virou “o maestro”. Foi campeão da Copa do Brasil em 1990 e do Brasileiro de 1992. Mas foi no Fla x Flu decisivo do Carioca de 1991 que ele teve a certeza de que tinha valido a pena voltar: “Depois do jogo, o Rodrigo entra em campo e diz: ‘Pai, ganhamos’".

Sambista de mão cheia

Júnior é também conhecido como compositor, com alguns discos de samba lançados. No vídeo abaixo, ele conta como compôs 'Voa, Canarinho, Voa', sucesso de 1982.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO:

Depoimento - Júnior: "Voa, Canarinho, Voa" (Copa do Mundo da Espanha - 1982)

Depoimento - Júnior: "Voa, Canarinho, Voa" (Copa do Mundo da Espanha - 1982)

Comentarista

Após encerrar a carreira de jogador em 1993, Júnior teve breves experiências como treinador no Flamengo e no Corínthians. Um convite de Carlos Alberto Parreira, então técnico da seleção, para ser observador na Copa de 1994 , o fez descobrir uma nova vocação.”Era uma oportunidade de participar de uma Copa em outra função e adorei. E acho que foi aí que surgiu a vontade de ser comentarista.”

Na função desde 1995, Júnior estabeleceu uma parceria com o narrador Luís Roberto , companheiro de muitas coberturas marcantes: “O Luis é um irmão que eu ganhei. Meu irmão paulista.” De 1998 a 2003 também fez uma dobradinha com Luiz Carlos Júnior, do Sportv: “O legal disso são os companheiros, os contemporâneos que você vai encontrando, gente que jogou com você 20 anos atrás e que agora também faz a mesma coisa.” Júnior guarda alguns momentos inesquecíveis das Copas que cobriu como comentarista: “A seleção francesa cantando a “Marselhesa” na final de 1998, nunca vi nada igual. O Nelson Mandela entrando num carrinho no gramado da decisão de 2010.”

O ex-jogador e comentarista lembra ainda de um episódio curioso na conquista do penta em 2002: "Na final contra a Alemanha, quando o Oliver Khan solta aquela bola que resultou no gol do Brasil, eu interrompo o Luiz Carlos Júnior gritando gol e digo: ‘A muralha também falha.’ Isso não deve se fazer nunca. Mas eu digo que a única hora que sou parcial comentando é jogo de seleção. Não adianta, não consigo me conter.”

Dorival e Júnior: técnico recebe o comentarista para entrevista, 'Globo Esporte' 14/09/2022

Dorival e Júnior: técnico recebe o comentarista para entrevista, 'Globo Esporte' 14/09/2022

FONTE:

Depoimento concedido ao Memória Globo por Júnior em 26/05/2014.
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