Por Memória Globo

Nelson Di Rago/Globo

Clemente Gonçalves de Oliveira Neto é filho do oficial de justiça Dirceu Campos de Oliveira e da comerciaria Maria Dutra de Oliveira, começou sua carreira profissional, aos 17 anos, como repórter do Diário de Notícias. Ainda na capital gaúcha, trabalhou no jornal A Hora e na sucursal da Última hora.

Aos 19 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde conseguiu um emprego de repórter no Jornal do Brasil. Na época, o jornal carioca passou por uma reforma gráfica e lançou um novo suplemento, o Caderno B. Na redação, o jornalista trabalhou ao lado de profissionais como Jânio de Freitas e Reynaldo Jardim.

Ainda no início dos anos 1960, Clemente Neto e outros profissionais do JB foram contratados pela Editora Abril, que preparava o lançamento de uma revista de atualidades chamada Realidade. O projeto, no entanto, foi adiado, e a Abril resolveu investir em uma publicação voltada exclusivamente para a cobertura da televisão. Assim, em 1963, foi criada a revista Intervalo, na qual Clemente trabalhou diretamente.

O trabalho na revista Intervalo levou Clemente Neto a entrar em contato com as principais emissoras de televisão da época, entre as quais a TV Rio, comandada por Walter Clark. Os dois ficaram amigos, e, em 1964, Clemente Neto se tornou assessor do executivo. Na mesma época, Walter Clark contratou José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, para o cargo de diretor artístico da emissora.

Clemente Neto trabalhou diretamente com Boni, na produção de uma série de programas para tentar aumentar a audiência da TV Rio. Um desses programas foi o humorístico Praça Onze, com Chico Anysio, no qual Clemente Neto teve as primeiras noções de produção em televisão. Nessa época, foi um dos responsáveis pela criação do boletim de divulgação da TV Rio, publicação que, anos depois, ajudaria a implantar na Globo.

Clemente Neto e Borja Lopes na festa de aniversário de Borja Lopes — Foto: Acervo pessoal Mauro Borja Lopes

No final de 1965, quando Walter Clark assumiu a direção executiva da recém-inaugurada TV Globo, Clemente Neto foi um dos três assessores trazidos por ele; os outros dois eram José Octávio de Castro Neves e Cícero de Carvalho. Clemente fez parte, assim, da fase inicial da emissora, participando de momentos decisivos como a cobertura da enchente que devastou o Rio em janeiro de 1966, considerada um marco histórico no jornalismo da Globo.

Já como diretor-geral da Globo, Walter Clark iniciou as negociações para a contratação de Boni, que o auxiliaria na organização da grade de programação da emissora. Boni, porém, estava envolvido com o projeto de implantação de uma rede nacional de TV capitaneada pela TV Tupi, o Telecentro, e os dois acertaram de retomar as negociações um ano depois, em 1967. Clemente Neto foi convidado, então, a acompanhar o trabalho de Boni no Telecentro, como seu assessor, durante aquele período.

Em março de 1967, Boni foi contratado para o cargo de diretor de programação e produção da Globo, e Clemente Neto voltou a trabalhar na emissora, como seu assessor. Ainda em 1967, foi coordenador artístico em São Paulo, durante a fase de incorporação da TV Paulista, comprada pela Globo naquele ano. Entre os programas de que cuidou, na época, havia musicais e o humorístico São Paulo Aflito, Não Aperta senão Eu Grito.De volta ao Rio de Janeiro, Clemente Neto foi o coordenador de produção da primeira novela de Janete Clair na Globo, Véu de Noiva (1968). Em pouco tempo, passou a coordenar a produção de diversos programas, como um especial com o compositor Chico Buarque e a série Concertos para a Juventude.

Em 1970, como diretor de programação, foi designado para coordenar a implantação da Globo em Belo Horizonte, Minas Gerais. Com o êxito da operação, em 1972, viajou para acompanhar a implantação da Globo em outras localidades do país, como Recife e Brasília. Em meados de 1976, assumiu a direção nacional de programação da Rede Globo, centralizando o planejamento das grades de programação.

Deixou a Globo em setembro de 1980. Teve uma breve passagem pela Rede Bandeirantes, acompanhando mais uma vez o executivo Walter Clark, então nomeado superintendente de Produção e Programação da emissora. Em seguida, em 1982, voltou a trabalhar nas Organizações Globo como diretor executivo da Globotec, antiga produtora criada pela Globo para cuidar de experimentações de linguagem, por exemplo, em vinhetas e aberturas.

Trabalhou novamente na Bandeirantes no final da década de 1980 e, em meados dos anos 1990, na TVE, onde criou o slogan “TVE Brasil, para quem espera um pouco mais da televisão”. Em seguida, teve uma atuação na Direct TV e, entre 2001 e 2005, trabalhou na TV Cultura, cuidando do planejamento e da grade de programação infantil.

FONTE:

Depoimento concedido ao Memória Globo por Clemente Neto em 28/11/2005.
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