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Reportagem de Carlos de Lannoy e Elder Miranda sobre irregularidades nos documentos e recibos apresentados por Renan Calheiros na defesa feita ao Conselho de Ética, após denúncia de que ele havia recebido recursos ilegais da construtora Mendes Junior. Jornal Nacional, 14/06/2007.

Reportagem de Carlos de Lannoy e Elder Miranda sobre irregularidades nos documentos e recibos apresentados por Renan Calheiros na defesa feita ao Conselho de Ética, após denúncia de que ele havia recebido recursos ilegais da construtora Mendes Junior. Jornal Nacional, 14/06/2007.

Em 2007, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) se tornou alvo de uma série de denúncias que o fizeram renunciar à presidência do Senado para evitar a cassação de seu mandato no plenário do Senado.

A primeira denúncia foi feita pela revista Veja no dia 25 de maio, como destacou o JN em sua escalada e em matéria de Cristina Serra. Renan era acusado de ter despesas pessoais pagas por Cláudio Gontijo, assessor da diretoria de Desenvolvimento da área de Tecnologia da construtora Mendes Júnior. Gontijo teria feito, de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, os pagamentos da pensão, no valor de 12 mil reais, de Renan à jornalista Mônica Veloso, com quem o presidente do Senado tem uma filha. Cláudio Gontijo também teria, até março de 2006, bancado o aluguel de 4,5 mil reais de um apartamento em Brasília onde a filha do senador morava com a mãe. Na época, Renan Calheiros ganhava R$ 12,7 mil brutos por mês. O senador se defendeu. Disse que Gontijo apenas intermediava o pagamento e justificou que, além do salário de parlamentar, tinha rendimentos agropecuários. Em nota, lida por Fátima Bernardes, Renan Calheiros disse nunca ter recebido qualquer recurso ilícito ou clandestino de qualquer empresa ou empresário. Além disso, afirmou que jamais teve qualquer despesa ou gasto pessoal ou de familiares custeados por terceiros. No dia 6 de junho, o Conselho de Ética do Senado instaurou processo contra Renan por quebra de decoro parlamentar, como noticiou o JN, em matéria de Delis Ortiz.

Os repórteres Carlos de Lannoy e Elder Miranda passaram duas semanas no interior de Alagoas para conferir as atividades rurais do presidente do Senado. Em matéria exclusiva exibida no JN do dia 14 de junho, os repórteres mostraram irregularidades nos documentos e recibos apresentados por Renan Calheiros na defesa feita ao Conselho de Ética. A papelada, segundo os advogados do senador, comprovaria a origem do dinheiro da pensão paga por ele à jornalista Mônica Veloso. Era uma relação de cópias de alguns cheques, extratos bancários e 70 recibos em folhas de papel sem timbre ou numeração, assinadas por ele, referentes à venda de gado. O JN recebeu cópias desses recibos e tentou localizar as empresas e pessoas que teriam comprado animais das fazendas do senador. De acordo com o cadastro da Secretaria de Fazenda de Alagoas, os donos de três das seis empresas que compraram bois de Renan Calheiros moravam no bairro de Rio Novo, na periferia de Maceió. Duas delas foram multadas por extravio de notas fiscais. Além disso, a equipe do JN descobriu empresas fechadas, notas frias e gente que afirmava nunca ter feito negócios com ele, como João Teixeira do Santos, sócio-gerente da Carnal Carnes de Alagoas Ltda., já inativa.

O senador Renan Calheiros não quis gravar entrevista. Por telefone, disse que todo dinheiro arrecadado com a venda foi depositado em sua conta pessoal e que os negócios foram fechados pelo veterinário Walter Peixoto, que prestava serviços a ele em Alagoas. A matéria exclusiva do JN ganhou destaque na escalada e abriu o primeiro bloco. Foram cinco minutos e meio dedicados ao assunto.

O repórter Carlos de Lannoy lembra como foi o trabalho de investigação: “Eu voltei para Brasília com o material que a gente tinha conseguido. A gente descobriu que todos os negócios de Renan Calheiros estavam furados: recibos falsificados, empresas fechadas. Era um festival de irregularidades. Publicamos a matéria na quinta-feira. Na sexta-feira, o Conselho de Ética suspendeu a sessão e mandou toda a documentação para uma perícia da Polícia Federal. A perícia confirmou tudo e descobriu mais. E, depois, o Renan renunciou. Foi realmente um trabalho de investigação”.

Nos meses seguintes, Renan também seria acusado de ter beneficiado a empresa Schincariol no INSS; grilado terras em Alagoas junto com seu irmão, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL); usado laranjas na compra de um grupo de comunicação em Alagoas; participado de esquema de desvio e lavagem de dinheiro em ministérios chefiados pelo PMDB; e montando um dossiê contra senadores de oposição com o objetivo de chantageá-los.

No dia 5 de setembro, o Conselho de Ética do Senado aprovou o relatório dos senadores Marisa Serrano e Renato Casagrande que pedia a cassação do mandato do senador, como mostrou reportagem de Delis Ortiz. Uma semana depois, no dia 12, Renan foi absolvido por uma margem apertada de votos. A repórter Cristina Serra acompanhou esse dia tenso em Brasília: 35 votaram pela cassação e 40 pela absolvição, além de seis abstenções. No dia 4 de dezembro, Renan Calheiros renunciou à presidência do Senado pouco antes de uma nova votação por sua cassação em plenário. Foi absolvido de novo: 48 votos pela manutenção do mandato, 29 contra e três abstenções.

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