Reportagens e entrevistas

Por Memória Globo

Acervo/Globo

Em novembro de 2010, a polícia do Rio de Janeiro ocupou territórios controlados por criminosos nas comunidades de Vila Cruzeiro – no conjunto de favelas da Penha – e Complexo do Alemão. As operações policiais foram decorrentes da série de ações estratégicas iniciadas em 2008 pelas autoridades de segurança pública do estado, com a instalação de UPPs, as Unidades de Polícia Pacificadoras.

Webdoc sobre a cobertura da ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão Alemão em 2010, com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a cobertura da ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão Alemão em 2010, com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

A Globo cobriu o desenrolar dessas operações em todos os seus telejornais. A cobertura do Jornal Nacional trouxe imagens exclusivas captadas pelo operador de câmera Francisco de Assis, do alto do Globocop, e ganhou o primeiro Prêmio Emmy Internacional concedido a um telejornal brasileiro.

Escalada do Jornal Nacional do dia da ocupação do Complexo do Alemão, 25/11/2010.

Escalada do Jornal Nacional do dia da ocupação do Complexo do Alemão, 25/11/2010.

Reportagem de André Luiz Azevedo sobre a ação do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, durante a ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, Jornal Nacional, 25/11/2010.

Reportagem de André Luiz Azevedo sobre a ação do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, durante a ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, Jornal Nacional, 25/11/2010.

Reportagem de Tatiana Nascimento sobre a fuga de bandidos e traficantes da Vila Cruzeiro durante a operação de pacificação do Complexo do Alemão realizada pela Polícia Militar, Jornal Nacional, 25/11/2010.

Reportagem de Tatiana Nascimento sobre a fuga de bandidos e traficantes da Vila Cruzeiro durante a operação de pacificação do Complexo do Alemão realizada pela Polícia Militar, Jornal Nacional, 25/11/2010.

A OCUPAÇÃO

Tudo começou com ataques criminosos à capital. Ônibus queimados, cabines de polícia metralhadas. De 21 a 25 de novembro, a cidade estava o caos. O Jornal Nacional exibiu reportagens de Bette Lucchese, Paulo Renato Soares, Lilia Teles, Eduardo Tchao nos dias 22, 23 e 24 denunciando a situação. A Editoria Rio estava mobilizada.

No dia 25 de novembro, a cidade foi alvo de novas ações de violência, com bandidos incendiando carros e ônibus desde a madrugada. A reação do poder público foi dura: policiais da tropa de elite da polícia militar decidiram ocupar a Vila Cruzeiro, na Penha, ao lado do Complexo do Alemão.

A Globo preparou uma grande estrutura de cobertura da ocupação, coordenada pelos chefes de redação Márcio Sternick e Carlos Jardim; e pelo então diretor regional de Jornalismo, Erick Bretas. Pontos de vivo distribuídos na cidade, dois helicópteros em revezamento no ar, para captar as melhores imagens e, no estúdio, uma ancoragem que se estendeu em horas ao vivo com sinal para o estado do Rio de Janeiro, e flashes na rede para todo Brasil, ancorada pela apresentadora Ana Paula Araújo. Mais de 200 profissionais foram mobilizados. Os principais momentos foram ao ar no Jornal Nacional daquela noite.

Na escalada, Fátima Bernardes e Márcio Gomes noticiaram: “O Rio de Janeiro viveu hoje um dia histórico no combate às quadrilhas de traficantes de drogas. Uma das regiões mais violentas da cidade foi ocupada pela polícia. Foram usadas armas e blindados da Marinha”. André Luiz Azevedo acompanhou a ação do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, que envolveu mais de 170 homens, com o apoio de tanques e carros especiais dos fuzileiros navais. Os bandidos tentaram impedir a passagem dos blindados improvisando barricadas com carros e pneus incendiados.

A operação policial produziu imagens raras e impressionantes. Por volta das 15h, o cinegrafista Francisco de Assis, no Globocop, registrou imagens da movimentação dos traficantes armados pelas ruas da Vila Cruzeiro. Acuados pelo avanço da polícia, os bandidos empreenderam uma fuga desesperada por uma estrada de terra que dava acesso ao Complexo do Alemão, dominado pela mesma facção criminosa dos fugitivos.

“Comecei a trabalhar às cinco da manhã, registrando a movimentação do tráfico por dentro das vielas. Ficamos o tempo todo sobrevoamos a região ao vivo, direto. Usamos uma lente duplicada, com mais zoom. Os bandidos fugiram até chegar àquele terreno descampado, registramos a debandada. Essa se tornou a grande imagem da cobertura” – Francisco de Assis.

A edição histórica do telejornal terminou com uma seleção das imagens que marcaram aquela quinta-feira: policiais e bandidos trocando tiros, os blindados dirigidos pelo Bope posicionados na entrada da Vila Cruzeiro, ônibus e carros em chamas e os traficantes em fuga.

Nos dias seguintes, a cobertura continuou. “A cobertura para o JN chegava a conter, diariamente, até sete reportagens de longa duração, intercaladas com entradas ao vivo dos nossos repórteres da Editoria Rio, que atualizavam o público com as últimas informações. Para contextualizar e analisar os fatos, tínhamos sempre a palavra de especialistas em segurança pública, que podiam ser entrevistados tanto em reportagens, quanto ao vivo, pelos apresentadores”, lembra o então chefe de redação para os telejornais de rede, Carlos Jardim.

A equipe da Globo foi a primeira a entrar na Vila Cruzeiro depois da ocupação. No Jornal Nacional do dia 26, Bette Lucchese contou que os policiais civis encontraram 300 motos roubadas e apreenderam uma tonelada de maconha em diferentes pontos da favela. A repórter esteve no local onde Globocop havia flagrado dezenas de bandidos fortemente armados na quarta-feira. Havia vestígios da guerra por toda a favela. No dia 27, o prazo da polícia para que os bandidos acuados no Complexo do Alemão se entregassem estava próximo de expirar. Na bancada do JN, Rodrigo Pimentel explicou aos apresentadores Carla Vilhena e William Waack que, apesar de a polícia estar preparada, a ocupação do Alemão era uma operação complexa. Segundo o especialista, vários dos traficantes haviam servido às Forças Armadas e conheciam técnicas de guerrilha, usadas no Iraque, no Haiti.

A RETOMADA DO ALEMÃO

Na manhã do domingo, dia 28, começou a retomada do território do Morro do Alemão. A operação contou com 2.800 homens da policia civil e militar do Rio, do exército, marinha e da PF, e 37 blindados. O jornalismo da Globo exibiu a operação no Rio Contra o Crime, apresentado por Ana Paula Araújo e Márcio Gomes e comentado por Rodrigo Pimentel.

Bette Lucchese e o repórter cinematográfico Luís Jr, que acompanharam a ação policial, foram os primeiros repórteres a entrar no Alemão. Os dois subiram a pé e permaneceram na favela até o fim da operação. A bandeira do Estado do Rio de Janeiro foi fincada no alto do teleférico.

No Jornal Nacional do dia 29 de novembro, uma reportagem de Ana Paula Araújo resumiu a importância histórica dos acontecimentos de domingo para o Rio de Janeiro.

Quase um ano e cinco meses depois, em 18 de abril de 2012, foi inaugurada no Morro do Alemão a primeira Unidade de Polícia Pacificadora provisória com 600 policiais, homens e mulheres. No Jornal Nacional, Mônica Sanchez informou que a retirada dos 1.700 militares que se revezavam em áreas estratégicas nos complexos do Alemão e da Penha aconteceria, de forma gradual, até junho, quando estariam funcionando naquela área oito UPPs, com cerca de dois mil policiais.

Reportagem de Ana Paula Araújo com o resumo da ocupação do Complexo do Alemão, Jornal Nacional, 29/11/2010.

Reportagem de Ana Paula Araújo com o resumo da ocupação do Complexo do Alemão, Jornal Nacional, 29/11/2010.

VENCEDOR DO PRÊMIO EMMY INTERNACIONAL

Reportagem de Bette Lucchese com os momentos marcantes da ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, cobertura vencedora do Emmy Internacional, Jornal Nacional, 27/09/2011.

Reportagem de Bette Lucchese com os momentos marcantes da ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, cobertura vencedora do Emmy Internacional, Jornal Nacional, 27/09/2011.

Após o Jornal Nacional ter ganhado o Prêmio Emmy Internacional pela cobertura da ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, William Bonner leva a estatueta para a bancada do JN e comenta a conquista, 28/09/2011.

Após o Jornal Nacional ter ganhado o Prêmio Emmy Internacional pela cobertura da ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, William Bonner leva a estatueta para a bancada do JN e comenta a conquista, 28/09/2011.

Em 26 de setembro de 2011, o Jornal Nacional ganhou o Prêmio Emmy Internacional, na categoria notícia, pela cobertura das operações policiais na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão. No JN do dia 28, William Bonner falou da importância do “Oscar da televisão mundial” e colocou o troféu na bancada do telejornal. Era uma maneira de dividir o prêmio com o telespectador e com os profissionais que participaram da cobertura.

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