Reportagens e entrevistas

Por Memória Globo

Acervo/Globo

Em abril de 2007, o Jornal Nacional levou ao ar a primeira de uma série de reportagens sobre combustíveis adulterados nos postos de São Paulo. As matérias investigativas renderam à equipe o Troféu Barbosa Lima Sobrinho, referente ao 9° Prêmio Imprensa Embratel, em novembro do mesmo ano. “A pauta sobre a máfia da gasolina adulterada nasceu de reclamações internas da Globo, funcionários que falavam: ‘Meu carro está falhando, meu carro parou. Eu fui a uma oficina, e o mecânico disse que era gasolina adulterada. Troquei um monte de peças, gastei uma fortuna’. A gente resolveu ir atrás para ver se realmente tinha fundamento ou não”, lembrou o repórter César Tralli.

Reportagem de César Tralli, Robinson Cerântula e Cauê Angeli sobre a adulteração de gasolina em postos de São Paulo. Jornal Nacional, 19/04/2007.

Reportagem de César Tralli, Robinson Cerântula e Cauê Angeli sobre a adulteração de gasolina em postos de São Paulo. Jornal Nacional, 19/04/2007.

Reportagem de César Tralli, Robinson Cerântula e William Santos sobre o caminho da adulteração de combustível na Grande São Paulo, de uma distribuidora clandestina de produtos químicos até um posto de gasolina. Jornal Nacional, 25/04/2007.

Reportagem de César Tralli, Robinson Cerântula e William Santos sobre o caminho da adulteração de combustível na Grande São Paulo, de uma distribuidora clandestina de produtos químicos até um posto de gasolina. Jornal Nacional, 25/04/2007.

No dia 19, a escalada do JN abriu com o assunto e destacou a fraude na primeira matéria do dia, de César Tralli, Robinson Cerântula e Cauê Angeli. A equipe usou uma Kombi como um laboratório ambulante, e tudo foi registrado por uma câmara escondida. O combustível recolhido para análise era testado pelo professor Dalmo Mandelli, diretor da faculdade de Química da PUC-Campinas, e dois funcionários da ABCF, Associação Brasileira de Combate à Falsificação. As amostras eram para ver se a gasolina vendida em São Paulo tinha mesmo 23% de álcool, com variação de 1% para mais ou para menos, como determinava a lei. Os postos escolhidos pela equipe estavam sob suspeita de adulterar gasolina segundo informações do mercado de combustíveis. Dos 12 postos em que a equipe recolheu as amostras, entre os dias 12 e 14 de abril, apenas quatro tinham gasolina dentro do padrão. “A nossa equipe teve uma ideia brilhante: adaptar uma Kombi para fazer a coleta do combustível. O grande problema para identificar gasolina adulterada era que todo adulterador deixava uma ou duas bombas com gasolina boa. Se o cara desconfiasse que você estava investigando a qualidade da gasolina, ele daria combustível bom. Então, você nunca conseguiria, de fato, comprovar se tinha adulteração ou não. E os agentes da ANP eram obrigados a anunciar que estavam lá para verificar a qualidade do combustível. Então, os agentes não pegavam o crime”, contou César Tralli.

Resultado de mais uma investigação dos repórteres César Tralli, Robinson Cerântula e William Santos, matéria do JN do dia 25 de abril mostrou o caminho da adulteração de combustível na Grande São Paulo, indo de uma distribuidora clandestina de produtos químicos até um posto de gasolina. Por conta da denúncia do JN, a ANP fechou, no dia seguinte, o posto denunciado. O repórter-cinematográfico William Santos se lembra de ter registrado o processo de adulteração e distribuição: “Eu fui a uma distribuidora de combustível adulterado, que funcionava próximo ao Aeroporto de Guarulhos. Com a desculpa de que eu precisava fazer umas imagens do campinho de futebol, no terreno vizinho, consegui gravar o processo de adulteração e a entrada de caminhões de combustíveis. Bastou escurecer para sair o primeiro caminhão carregado. A missão foi segui-lo para descobrir o posto que ia receber o combustível. Depois, eu e o Robinson voltamos ao posto com o “carro-teste” e constatamos que o combustível estava adulterado”.

No dia 22 de maio, Tralli revelou o que havia no subterrâneo dos postos que vendiam combustível adulterado. Um botão à distância acionava a válvula instalada no pé da bomba. Ligados à válvula estavam dois tanques, um com gasolina boa, outro com adulterada. A válvula permitia a saída de um ou outro combustível, conforme o botão fosse pressionado. Para entender o esquema, a equipe de reportagem simulou o interesse em reformar um posto abandonado na zona sul de São Paulo. Com imagens gravadas com câmeras escondidas, a equipe registrou as negociações para a instalação de tanques clandestinos. Tudo cuidadosamente planejado para enganar a fiscalização.

Três dias depois, o MP de São Paulo pediu à Justiça o confisco de 22 postos de combustível. Além de vender gasolina adulterada, eram administrados por uma quadrilha chefiada de dentro da cadeia.

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