Por Memória Globo

Acervo/Globo

Por que as pessoas no Brasil não têm o hábito de discutir política? Uma das respostas possíveis poderia ser: por falta de conhecimento básico sobre o assunto. Partindo dessa premissa, o 'Fantástico' levou ao ar, pouco antes das eleições presidenciais de 2006, a série 'E Eu Com Isso?', que usou linguagem simples e atraente para tratar de assuntos potencialmente áridos, como a disputa pelo poder, os acordos partidários e a compra de votos.

Estreia da série 'E Eu Com Isso?', do repórter Júlio Mosquéra. A primeira reportagem foi sobre a história e a importância da política. 'Fantástico', 06/08/2006.

Estreia da série 'E Eu Com Isso?', do repórter Júlio Mosquéra. A primeira reportagem foi sobre a história e a importância da política. 'Fantástico', 06/08/2006.

A série teve apresentação e reportagens de Júlio Mosquéra. Em seu depoimento ao Memória Globo, ele contou que a premissa básica da série era aproximar a política do cotidiano do telespectador e destacou alguns princípios que nortearam o projeto: “Primeiro, não entraria político que fosse candidato, não entraria ninguém com mandato, não entraria cientista político ou qualquer outro entrevistado que tivesse qualquer vinculação com partido. A nossa ideia não era mostrar partidos nem forças políticas, nossa ideia era discutir a política, a política que está no meio da gente todos os dias.”

As oito reportagens da série fugiram dos clichês. No episódio sobre o vale-tudo da campanha eleitoral, Júlio Mosquéra associou política à capoeira. Quando um mestre de capoeira autoriza o início da roda, o capoeirista sabe que é o momento de mostrar o que aprendeu. Chegou a hora do confronto. Mas, no jogo bem jogado, não se pode trapacear. As regras devem ser respeitadas, pois capoeira não é um vale-tudo. Na política, como na capoeira, não vale tudo. Existem regras. Você confiaria em quem joga sujo para ganhar de qualquer jeito? Na capoeira, como em qualquer esporte, o lutador desonesto é malvisto e evitado. "Propus: 'Vamos fazer uma matéria para falarmos do vale tudo da campanha?' Vale tudo da campanha eleitoral: todo mundo bate, não quer nem saber. Vamos botar uma rodinha de capoeira pequena, encenada, com o Congresso de fundo. Fizemos isso, o vale tudo da campanha: encenamos um agredindo o outro, no momento em que não podia", explica em entrevista ao Memória Globo.

Como contraponto cômico às reportagens, um personagem vivido pela atriz Maria Menezes personificava o cidadão que não gosta de política e aparecia em vários momentos durante a série. No último episódio, a personagem se encontra com Júlio Mosquéra para tirar as dúvidas finais.

Edição dinâmica

A edição dinâmica ditava o ritmo da série, conforme lembrou o editor Fábio Ibiapina: “Eu acho que o bacana dessas séries é a possibilidade que elas te trazem de serem um grande laboratório de estética. Você tem a chance de inovar, de tentar novas linguagens, de ousar. O dia a dia não te permite muito isso. E a proposta do 'E Eu Com Isso?' era muito essa. Porque política é essa coisa árida."

A série foi exibida de 6 de agosto a 24 de setembro de 2006, com imagens de Fernando Calixto, Guilherme Azevedo e Salvatore Casella; roteiro e edição de Caíque Novis e Júlio Mosquéra; edição de imagens de Fábio Ibiapina; produção e pesquisa de Vera Souto; produção de Celso Lobo; trilha sonora de Marcelo Cabeça e Rodrigo Boecker e edição final de Eugênia Moreyra e Giorgio de Luca.

Ainda em 2006, após a exibição da série, a Editora Globo lançou o livro 'E Eu Com Isso? – Entenda Como a Política Influencia o Seu Dia a Dia', escrito por Júlio Mosquéra durante a criação e a produção da série do 'Fantástico'.

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