Por Memória Globo

Acervo/Globo

A Guerra Irã-Iraque estourou na madrugada de 21 para 22 de setembro de 1980, quando o presidente do Iraque, Saddam Hussein, aproveitando o momento de instabilidade política do Irã com a queda do xá Reza Pahlevi, coordenou uma ofensiva contra o país vizinho. Naquele domingo, o 'Fantástico' noticiou o ataque iraquiano contra navios de guerra iranianos no Golfo Pérsico. Durante a semana, o Irã resistiu às investidas, e a guerra foi declarada. Mais de um milhão de pessoas morreram até a assinatura do acordo de cessar-fogo em agosto de 1988.

O conflito foi destaque na cobertura internacional da Globo. O jornalista Roberto Feith, então chefe do escritório em Londres, e o cinegrafista Mario Ferreira foram os primeiros da emissora a chegar à frente de batalha no Iraque, o que rendeu furos de reportagem. Eles permaneceram um mês e meio no local, sendo depois substituídos por outra equipe, chefiada por Hermano Henning, que também conseguiu dar várias informações em primeira mão.

Chegada dos correspondentes

A primeira reportagem de Bob Feith ao 'Fantástico' foi ao ar na edição do dia 28. Por telefone, ele informou que a força aérea iraniana havia iniciado bombardeios em Bagdá e que a construtora brasileira Mendes Júnior fazia um plano de retirada de seus três mil funcionários lotados no país.

Reportagem de Roberto Feith sobre a guerra entre Irã e Iraque, com entrevista com o dono da construtora Mendes Junior, que tinha 3 mil funcionários trabalhando no país. Fantástico, 29/09/1980.

Reportagem de Roberto Feith sobre a guerra entre Irã e Iraque, com entrevista com o dono da construtora Mendes Junior, que tinha 3 mil funcionários trabalhando no país. Fantástico, 29/09/1980.

No livro 'Correspondentes - Bastidores, Histórias e Aventuras de Jornalistas Brasileiros pelo Mundo', o correspondente Bob Feith lembrou detalhes de como chegou ao front: “Estávamos no escritório quando chegou um telegrama informando: 'A Força Aérea do Iraque bombardeou o aeroporto de Teerã'. Para todo o planeta, isso foi uma surpresa. O que fazer diante disso? Conseguir um visto estava fora de cogitação. Passei em casa, peguei algumas roupas e fui para o aeroporto com o cinegrafista Mario Ferreira. Pegamos um voo para Amã, na Jordânia, que era, geograficamente falando, a alternativa que fazia mais sentido para tentar entrar no Iraque. Quando chegamos a Amã, fomos até a Embaixada iraquiana e encontramos jornalistas do mundo inteiro tentando permissão para entrar no Iraque. Interessava ao regime de Saddam Hussein influenciar a cobertura para refletir a perspectiva deles. Por isso, eles decidiram autorizar a entrada de alguns jornalistas, e nós conseguimos o visto.” Durante um mês e meio, Bob Feith alimentou os telejornais da Globo.

Troca de equipe

Em novembro de 1980, Hermano Henning foi enviado à região para assumir a cobertura. Inicialmente, ficou baseado em Amã, na Jordânia, esperando autorização para entrar no Iraque. Depois dirigiu-se para Bagdá, de onde fez várias incursões ao território iraniano, com imagens registradas por Hélio Couto. Em reportagem exibida no 'Fantástico' no dia 2 de novembro, o jornalista falou sobre a tomada da cidade iraniana de Koramchar pelas tropas iraquianas e destacou que nunca antes, nessa guerra, os correspondentes estiveram tão junto à linha de fogo. No dia 09, Henning repercutiu a explosão de refinarias de petróleo iraquianas, o que forçava a população a fazer racionamento de combustível.

Reportagem de Hermano Henning sobre a tomada da cidade iraniana de Koramchar pelas tropas iraquianas. 'Fantástico', 02/11/1980.

Reportagem de Hermano Henning sobre a tomada da cidade iraniana de Koramchar pelas tropas iraquianas. 'Fantástico', 02/11/1980.

Reportagem de Hermano Henning sobre os ataques das tropas iraquianas às cidades iranianas de Koramchar e Abadan. 'Fantástico', 09/11/1980.

Reportagem de Hermano Henning sobre os ataques das tropas iraquianas às cidades iranianas de Koramchar e Abadan. 'Fantástico', 09/11/1980.

Cessar-fogo

A guerra entre Irã e Iraque ainda se prolongaria por muito tempo. Apenas em 1988, após oito anos de confrontos e longas negociações, acertou-se o cessar-fogo. O anúncio foi feito pelo 'Fantástico' em 7 de agosto.

Em 21 de agosto de 1988, o 'Fantástico' apresentou uma reportagem especial sobre o final da guerra. O repórter Ernesto Paglia informou sobre a trégua, mas destacou a dificuldade de filmar na região, com os quartéis ainda em estado de alerta. Direto de um quartel iraquiano, a 40 quilômetros da zona patrulhada pela ONU, Paglia entrevistou um capitão canadense, membro da tropa enviada pelas Nações Unidas, que descreveu o clima amistoso na frente de batalha.

Reportagem de Ernesto Paglia e Pedro Bial sobre o cessar-fogo que viria a ser o fim da Guerra Irã-Iraque. 'Fantástico', 21/08/1988.

Reportagem de Ernesto Paglia e Pedro Bial sobre o cessar-fogo que viria a ser o fim da Guerra Irã-Iraque. 'Fantástico', 21/08/1988.

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