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Finasterida (Foto: Unsplash)

Finasterida é um medicamento usado contra a queda de cabelo, segundo prescrição médica. (Foto: Unsplash)

Comumente utlizada no tratamento contra a calvície, a finasterida "é um hormônio antiandrogênico que inibe a 5-alfa-redutase, conversor da testosterona em di-hidrotestosterona, a forma mais potente da testosterona", explica, de forma mais técnica, Glaucia Wedy, médica dermatologista especialista em tricologia. "É um dos fármacos mais popularizados para o tratamento da calvície, sendo amplamente prescrito na tentativa de reduzir a perda progressiva de cabelo e otimizar a densidade capilar desses pacientes", explica Jackeline Alecrim, cientista especialista em farmacologia clínica e cosmetologia avançada.

Ela conta que o finasterida está à venda há mais de 20 anos em farmácias brasileiras: "O medicamento está disponível no Brasil desde que foi aprovado pela ANVISA, em 1998, e é também aprovado pelo FDA dos Estados Unidos, desde 1995", conta Jackeline.

Embora possa ajudar no tratamento contra a queda de cabelos, a finasterida também tem suas contraindicações: "o medicamento gera controvérsias quando o assunto são os efeitos colaterais, que geralmente desaparecem após a interrupção do tratamento, mas que em alguns casos podem ser permanentes, ou até mesmo surgirem após a interrupção do uso", diz, também, a cientista.

Bora saber mais sobre a finasterida? Confira, abaixo, nossa conversa completa com os profissionais sobre seus benefícios, prejuízos e mais.


GQ Brasil: Pra que serve a finasterida?

Jackeline Alecrim: A finasterida é um dos fármacos mais popularizados para o tratamento da alopecia androgenética, ou calvície, sendo amplamente prescrito na tentativa de reduzir a perda progressiva de cabelo e otimizar a densidade capilar destes pacientes. O medicamento está disponível no Brasil desde que foi aprovado pela ANVISA, em 1998, e é também aprovado pelo FDA dos Estados Unidos, desde 1995.

Apesar dos benefícios na melhora da evolução do quadro de calvície dos pacientes, o remédio contra a queda capilar gera controvérsias quando o assunto são os efeitos colaterais, que geralmente desaparecem após a interrupção do tratamento, mas que em alguns casos podem ser permanentes, ou até mesmo surgirem após a interrupção do uso.

Glaucia Wedy: A finasterida é um hormônio antiandrogênico que inibe a 5-alfa-redutase, conversor da testosterona em dihidrotestosterona, a forma mais potente da testosterona.
É utilizada no tratamento da queda de cabelo de origem androgenética, hirsutismo e hipertrofia de próstata benigna.

GQ Brasil: Quais são seus benefícios e como ela age no nosso corpo?

Jackeline Alecrim: A molécula da finasterida atua na redução dos níveis de uma substância chamada diidrotestosterona (DHT), que é a principal causadora do quadro de afinamento progressivo dos fios em quem apresenta calvície.

Em estágios avançados, o fio desaparece de maneira definitiva. Esse quadro é causado pela ação da DHT, que provoca a miniaturização dos folículos pilosos presentes no couro cabeludo. O medicamento desacelera esse processo e melhora a densidade capilar dos pacientes que sofrem com a calvície, prevenindo também a queda capilar adicional em homens.

GQ Brasil: Quais são suas contraindicações, efeitos colaterais?

Glaucia Wedy: Diminuição da libido, disfunção erétil, diminuição do volume ejaculado. Efeitos desaparecem com a suspensão da medicação que tem média de vida de seis a oito horas no corpo.

Jackeline Alecrim: Tais efeitos envolvem: redução de libido, alterações na qualidade do esperma, alteração na sensibilidade peniana e indícios de problemas relacionados à ereção. Devido aos possíveis efeitos adversos ligados ao uso do medicamento, a finasterida é contraindicada para homens que tenham o objetivo de ter filhos. Os casais “tentantes” recebem a orientação de que o homem suspenda o uso do remédio, e só inicie a tentativa após três meses de pausa.

O uso da finasterida por mulheres é contraindicado na bula do medicamento, mas é possível encontrar prescritos que indicam o uso para casos específicos. A prática é pouco disseminada, e exige uma elaboração de esquemas especiais de dosagem, sendo expressamente contraindicado para mulheres grávidas ou que estão amamentando, sob o risco de anormalidades fetais e efeitos colaterais desconhecidos.

Outra curiosidade é que pessoas que fazem o uso crônico de finasterida não podem doar sangue, pelo risco da bolsa doada seja direcionada para uma paciente grávida.

GQ Brasil: Qual a duração do tratamento? Se parar, o que pode acontecer?

Glaucia Wedy: A duração do tratamento deve ser contínuo, já que a alopecia androgenética, como o próprio nome informa, não tem cura. Na alopecia androgenética, o fio capilar sofre uma minituarização, ou seja, vai afinando e encurtando o comprimento, pela ação da 5-alfa-redutase. A finasterida age nessa etapa. Ao descontínuar o tratamento, o fio volta a sofre a minituarização.

Jackeline Alecrim: Por ser uma manifestação crônica à calvície, uma vez instaurada, exige tratamento para toda a vida, porém a medicação deve ser substituída ou descontinuada em casos de efeitos colaterais ou má adaptação do paciente ao tratamento, sempre buscando a orientação médica para a tomada de decisão.

GQ Brasil: Como potencializar os efeitos da finasterida e dminuir seus prejuízos?

Jackeline Alecrim: O uso de tratamentos tópicos, ou seja, a utilização de outros ativos cientificamente elaborados aplicados diretamente no couro cabeludo em forma de tônicos, shampoos dermocosméticos ou injeções, vem demonstrando cada vez mais eficácia no tratamento da calvície, e pode ser uma alternativa para potencializar o tratamento ou para diminuir o uso de medicamentos orais, minimizando a exposição do paciente a efeitos colaterais. 

Glaucia Wedy: O tratamento da alopecia androgenética inclui o uso de minoxidil, tópico e oral quando necessário, o uso da finasterida, em homens. Em mulheres pode-se considerar o uso de algumas outras medicações antiandrogênicas. Lembrando que o acompanhamento médico é necessário, tanto para a idicação adequada da finasterida, sua dosagem e acompanhamento de possíveis efeitos colaterais.

Usada para outros tratamentos


Ocasionalmente, a finasterida é abordada, também, para o tratamento de câncer de próstata. Mas, conversamos com o urologista Rodrigo Andrade, que refuta essa teoria. "Não é recomendada para o tratamento de câncer de próstata", começa. "É usada no tratamento da hiperplasia prostática benigna, para pacientes que sofrem dessa doença benigna e têm dificuldade para urinar", explica. "É um remédio muito utilizado, sim, para o tratamento de diminuição de volume da próstata e melhora do jato e da medição", completa.

Embora o remédio seja ainda muito associado ao tratamento de câncer de próstata, Rodrigo explica a "confusão": "Há uns 18, 20 anos, foi publicado um estudo no New England Journal Of Medicine, o qual falava que podia diminuir ou prevenir o aparecimento do câncer de próstata em até 30%", começa. "E neste mesmo estudo, ficou-se interrogado, que, por outro lado, aumentaria a probabilidade de câncer mais graves, letais. Isso foi uma controvérsia, que foi abandonada. Não existe nenhuma recomendação formal. Nenhum dos guidelines, dos últimos 18 anos, recomenda esse uso profilático no tratamento do câncer. Muito menos no tratamento do câncer já diagnosticado", finaliza.


Fontes

Dra. Glaucia Wedy: médica dermatologista especialista em Tricologia da Clínica Carvalho Concept

Jackeline Alecrim: cientista especialista em Farmacologia Clínica e Ccosmetologia Avançada; expert em queda capilar e distúrbios do couro cabeludo

Rodrigo W. Andrade: coordenador de Urologia do Hospital Albert Sabin de SP (HAS)