Embora tenha, perto de cada lateral do bico, uma marca que alude a um bigode, foram os pelos brancos em forma de riscado na altura do papo que inspiraram o nome do coleiro (Sporophila caerulescens), pássaro que tem um canto muito apreciado, que faz com que seja grande a procura pelo animal tanto para estimação quanto para a participação de torneios de fibra. Por causa dessas características, a ave é uma ótima opção para quem pretende iniciar uma pequena criação comercial e de custo baixo, destinada a aumentar o orçamento mensal, além de ser uma atividade de manejo fácil, que não exige muito espaço.
De porte compacto, com 10 a 11 centímetros de comprimento e peso de cerca de 10 gramas, o pássaro, também chamado de coleirinho ou coleirinha, é criado em gaiolas que podem ser instaladas em diferentes locais, até em quintais ou em áreas ociosas da própria residência. Lojas de produtos agropecuários vendem gaiolas já montadas e também outros itens importantes para a lida do pássaro, como comedouros, bebedouros e diversos tipos de sementes, painços, alpistes e grãos para a alimentação da espécie, que é granívora.
Na natureza, o coleirinha também gosta de comer gramíneas e capinzais em campos abertos, que são, junto com o topo das árvores, os lugares preferidos da ave, que vive somente em alguns países da América Latina – Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Brasil. Aqui, apesar de seu habitat natural estar distribuído por todo o território nacional (exceto na região Amazônica), o pássaro é mais comumente encontrado no Centro-Sul. Na região Nordeste, Alagoas, Maranhão e Pernambuco são estados que abrigam exemplares, mas é na Bahia, onde ele é conhecido como gola de cruz, que se pode avistar o pássaro com mais frequência.
A ave ganha novas cores à medida que muda de fase de vida, uma característica que permite a distinção do sexo dos coleirinhas, que nascem com plumagem idêntica. Enquanto a coloração das penas da fêmea mantém-se sempre parda, com tom escurecido nas costas, o macho jovem torna-se cinza escuro quando fica adulto; seu peito é de pelagem branca ou amarela, e forma-se um risco branco na garganta. Atualmente, as tonalidades da espécie são numerosas.
Essa diversidade é resultado de mutações que, por sua vez, surgiram após cruzamentos que ocorreram ao longo dos anos.
Ave passeriforme que vive de 10 a 12 anos, o coleirinha tem ainda bico alaranjado ou cinza-esverdeado. Para que se possa domesticar o pássaro silvestre, o criador precisa ter autorização, o que ajuda a inibir a exploração indevida e o tráfico da espécie, duas causas comuns para levar à extinção do animal. A reprodução da ave é rápida, o que ajuda em sua preservação. O pássaro se reproduz já no primeiro ano de vida e gera dois filhotes a cada três a quatro chocos em um período de 12 meses.
Mãos à obra
Início
Lembre-se que o coleirinha é uma aveque precisa ter licença de criação, documento que se obtém no órgão responsável pelo meio ambiente da região. A ave também deve ser comprada em um estabelecimento que tenha autorização para a atividade, e dê preferência a local idôneo e com referência. A despesa total fica entre R$ 3.000 e R$ 7.000, o que inclui aves e também os acessórios necessários para a criação. Compre casais de filhotes para que eles tenham tempo de adaptação ao manejo. Eles devem estar com anilhas de identificação do Sistema de Controle Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros (Sispass), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), ou do criatório comercial informado na nota fiscal.
Ambiente
Deve ter boa iluminação, preferencialmente luz solar, ser arejado e seco e não ter correntes de ar. O coleiro suporta bem as variações de temperatura, desde que não sejam extremas.
Gaiolas
De 60 a 90 centímetros de comprimento, tamanho suficiente para o coleirinha voar e se exercitar no dia a dia. Se for necessário transportar a ave diminuta de um lugar para outro, ou levá-la para participar de torneios, em geral usam-se gaiolas menores, com 36 centímetros de comprimento, 33 centímetros de altura e 20 centímetros de largura. Vendidas no varejo especializado, elas são feitas de madeira e arame galvanizado.
Alimentação
Inclui grãos e sementes diversas, como alpiste e painço, que são comercializados em lojas do ramo agropecuário, além de diferentes tipos de frutas e hortaliças, que podem ser plantadas no próprio local de criação. Complemente a dieta com farinhadas e rações extrusadas, também disponíveis no comércio, e sementeira de capins colhidos na natureza.
Cuidados
Recomenda-se que o criador submeta o pássaro a exames periódicos com um profissional especializado, que vai verificar a saúde do plantel. Criatórios comerciais, segundo exigência do Ibama, precisam contar com um responsável técnico para acompanhamento das aves. Também é importante que as aves tenham proteção que impeça o acesso de qualquer tipo de predador.
Reprodução
Apesar de a ave atingir a maturidade sexual antes de completar o primeiro ano de vida, o ideal é que a procriação comece partir dos primeiros 12 meses de idade. Com demora de 14 dias de incubação, a fêmea tem três posturas por ano, em média, gerando dois ovos em cada uma, entre os meses de outubro e fevereiro. São raros, mas há casos de produção de três ovos. Em uma criação de dois coleirinhas, é possível obter 12 filhotes no intervalo de 365 dias. Os pássaros jovens abandonam os ninhos aos 13 dias e começam a se alimentar sozinhos com 35 dias de vida.
Mais informações
- Criação mínima: 2 fêmeas e 1 macho
- Custo: o casal pode chegar a até R$ 4.000, mas os valores são muito maiores quando os coleiros têm genética de campeão de fibra.
- Retorno: a partir do terceiro ano.
- Onde adquirir: por meio do telefone (11)5667-3495, a ABC Aves indica criadores de coleirinha.
- Outras informações: Criadores legalizados e com experiência podem dar dicas sobre o manejo da colerinha.
Consultor: Luiz Pari é criador de aves, Criatório Luizão 40, Whatsapp: (11)93362-5258, luizao49@gmail.com