O que é geada? Saiba como o fenômeno é formado

O fenômeno leva ao congelamento e morte da vegetação, o que causa prejuízos variáveis a agricultores. "A suscetibilidade das culturas a geada depende muito da espécie e do estado fenológico das plantas. A partir dos -2ºC é considerado que a folha está no estado crítico, quando começa a haver dano, principalmente nas espécies menos resistentes, como frutas e o arroz", conta Ludmila Camparotto, agrometeorologista da Rural Clima.

As geadas se formam na condição de frio intenso, quando as temperaturas registradas são próximas ou menores do que 0 °C. Por essa razão, elas são mais comuns no inverno e nas ondas de frio. "As geadas acontecem normalmente com o céu limpo e sem ventos, o ar seco favorece a ocorrência do fenômeno", explica Camparotto.

Com a queda brusca das temperaturas, a água nas superfícies expostas na forma de orvalho, quando o vapor de água presente no ar ambiente passa ao estado líquido na forma de pequenas gotas, atinge o seu ponto de congelamento, dando origem assim à fina camada de gelo que caracteriza a geada. A manutenção do tempo frio faz com que o vapor presente no ar também mude de estado físico, ocorrendo assim a sua eventual deposição nas folhas e na vegetação.

Geada negra

O tipo mais intenso, a geada negra é caracterizada pela morte do tecido vegetal em períodos de frio intenso sem que haja a deposição de uma camada de gelo sobre ela, como se a vegetação fosse queimada. O congelamento, nesse caso, acontece nos sistemas interiores das plantas, levando à perda de suas funções.

Geada branca

A geada branca é caracterizada pela presença de uma camada de gelo de coloração esbranquiçada sobre as superfícies que congela sobre a planta, quando há mais vapor na superfície.

A chegada da La Niña, em 2024, pode favorecer a ocorrência de geadas no Sul do Brasil, como a ocorrida nessa quinta. "A tendência de formação da La Niña nos próximos meses favorece a entrada de massas de ar polar de forte intensidade. Então é um ano com chances maiores de ar frio, inclusive com a possibilidade de algumas geadas tardias, em agosto ou até setembro", diz.

A ocorrência da geada é mais comum nos estados da região Sul do Brasil e em partes da região Sudeste, como em São Paulo, sudoeste o Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais, e também no extremo sul do Mato Grosso do Sul. O fenômeno se faz presente sobretudo durante os meses de outono e inverno, quando há a formação de frentes frias pelo avanço da massa de ar polar.

O trigo, que tem 85% da safra nacional cultivada no Sul, é uma das culturas que é mais frágil em temperaturas frias. "Os danos do trigo com a geada depende muito do estágio da plantação. No início do cultivo, que é o período que estamos agora, os prejuízos podem ser bastante grandes, com queima de folhas, estrangulamento do colmo e morte das plantas", mostra Ludmila.

A pior geada registrada no país aconteceu em julho de 1975, quando o frio atingiu plantações da norte do Paraná e congelou quase todas as plantações da região. O café, principal produto agrícola do estado na época, foi dizimado, foram estimados 1,8 milhão de hectares de café perdidos.

*Sob orientação de Marcelo Beledeli