Cana

Por Camila Souza Ramos — São Paulo

O diretor financeiro da São Martinho, Felipe Vicchiato, disse que acredita em uma recuperação dos preços do etanol no segundo semestre, já que o biocombustível ainda está abaixo da paridade em relação à gasolina e a demanda está crescendo.

“A recuperação de preço tem limite de 70% [do preço da gasolina, que é o nível de paridade entre os dois combustíveis]. Achamos que não deve subir muito acima disso”, avaliou Vicchiato, em teleconferência com analistas nesta terça-feira (18/6). Até abril, a correlação entre o preço do etanol e da gasolina nos postos de São Paulo estava em 66%.

Para o mercado de açúcar, o cenário está mais incerto, com consultorias prevendo tanto superávit como déficit de oferta nesta safra internacional.

Vicchiato acredita que o balanço de oferta e demanda global ficará mais claro até setembro, quando a companhia espera definir melhor sua política de precificação do açúcar.

Ele disse que, embora muitos produtores brasileiros, incluindo a própria São Martinho, estejam investindo em maior capacidade de cristalização de açúcar, isso não significa que a oferta brasileira será maior.

“Tem dois problemas. Um, foi que a indústria de base não conseguiu entregar os aparelhos no tempo correto. E segundo, quando temos uma safra muito seca, que está correndo muito rápido, a conversão de açúcar por tonelada fica menor do que o estimado. Como a safra está cheia, a usina está cheia, e todos estão usando o máximo possível da capacidade, acaba tendo uma conversão de açúcar por tonelada menor do que o estimado. Se a safra estivesse mais devagar, a conversão de sacas de açúcar por tonelada estaria bem melhor”, afirmou.

Frota

A São Martinho, que possui quatro usinas, vai começar a trocar cerca de 70% de suas colhedoras de cana por máquinas capazes de realizar a colheita de duas linha ao mesmo tempo. Para isso, a companhia está investindo de R$ 100 milhões a R$ 150 milhões nesta safra — a troca do maquinário deve ocorrer em duas a três temporadas.

O objetivo com a troca das colhedoras é reduzir os gastos com diesel e mão de obra. A expectativa da companhia é que a troca permita uma redução do consumo de diesel em 40%, segundo Felipe Vicchiato.

“Estamos começando na Usina São Martinho [localizada em Pradópolis, em São Paulo], que tem condições de solo e declividade mais adequadas para fazer o primeiro rump up. Depois [o projeto de troca de colhedoras] deve ir para a Usina Boa Vista [em Quirinópolis, em Goiás] e depois para as outras duas”, afirmou. A companhia também é dona da Usina Iracema, em Iracemápolis (SP), e da Usina Santa Cruz, em Américo Brasiliense (SP).

“Obviamente vão ter áreas em que não vamos conseguir trocar por particularidades do solo e declividade. Mas uns 70% das colhedoras vamos conseguir implementar a nova tecnologia”, disse.

Uma desvantagem da troca do maquinário deve ser a compactação do solo, já que as colhedoras de duas linhas são maiores e capazes de transportar cargas maiores.

Para financiar o investimento, a companhia recorrer a uma linha de crédito do BNDES voltada à inovação.

A São Martinho estuda a possibilidade de duplicar sua planta de etanol de milho na Usina Boa Vista, em Quirinópolis (GO), mas a confirmação do investimento depende do comportamento da demanda e dos preços do etanol, afirmou Felipe Vicchiato.

Segundo o executivo, nos preços atuais de milho e etanol, a duplicação da planta “daria retorno”. “Mas teria que esperar para ver a dinâmica do preço do etanol para ver como vai se comportar nos próximos anos”, disse.

O setor ficou um pouco arredio a aportes em etanol depois da fraqueza do mercado do biocombustível no ano passado, quando mesmo com uma correlação de preços extremamente favorável em reação à gasolina, a demanda ficou deprimida por meses.

“Se a dinâmica do mercado de etanol não tivesse sido tão errática, e [o preço] ter ficado muito tempo abaixo de 60% da paridade [com a gasolina] sem demanda, teríamos já uma decisão mais efetiva de dobrar a planta de etanol. Mas, do jeito que foi, preferimos ter um tempo maior para observar o comportamento do consumidor nos próximos meses para efetivamente tomar uma decisão se vamos ou não para a segunda fase”, afirmou.

A unidade da empresa em Goiás, que também tem uma usina de açúcar, tem disponibilidade de vapor e energia para rodar uma nova planta de etanol de milho do mesmo tamanho que a primeira, com capacidade para processar até 500 mil toneladas do cereal por ano.

A companhia está começando a avaliar qual seria a necessidade de capital para uma segunda fase. Segundo Vicchiato, o valor pode variar de 20% a 30% para uma usina de etanol de milho a depender se o projeto inclui tancagem adicional de etanol e armazém de milho.

O retorno de um segundo projeto, observa, também seria diferente do primeiro, já que o incentivo fiscal do governo goiano do programa Produzir está previsto para terminar em 2032. “Qualquer investimento em etanol de milho hoje, na margem, pega menos anos de Produzir, e com isso o retorno necessariamente é menor que o da primeira planta”, observou.

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