A possibilidade de ficar fora da Olimpíada não
é mais uma realidade para Iziane Castro. Uma das principais referências da seleção brasileira, a ala-armadora de 1,82m e 34 anos sentiu dores na panturrilha direita no treino da última sexta-feira, em Campinas (SP), onde a equipe se prepara para a Rio 2016, e preocupou a comissão técnica. No exame de ressonância magnética, foi diagnosticado um edema muscular, levando a jogadora a um tratamento intensivo de fisioterapia para a recuperação. Iziane respondeu muito bem aos estímulos e, nesta quinta-feira, volta a trotar. Na semana que vem, ela deverá retomar os trabalhos em quadra ao lado de suas companheiras. O time comandado por Antonio Carlos Barbosa tem atualmente 14 atletas, e cabe ao técnico definir dois cortes. Nesta quarta-feira, a armadora Bárbara Honório foi dispensada.
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- Estou mais aliviada. A gente se preocupa um pouco,
principalmente, se tratando de lesão muscular, pois sabemos que é uma coisa que
requer tempo para regenerar. Mas tenho evoluído no protocolo mais do que o esperado. Estou bem confiante de que semana que vem
estou de volta às quadras. Consegui ter uma evolução bem grande, pulamos três
dias de protocolo. Hoje volto a trotar. Sabemos que não podemos ultrapassar o
limite do tempo determinado, mas é uma evolução substancial e eu fico feliz que
está dando tudo certo - contou Iziane.
O técnico da seleção, Antonio Carlos Barbosa, disse que não
via a maranhense tão bem física e tecnicamente desde o Mundial de 2006, em São
Paulo, na campanha pelo quarto lugar.
- Para mim, a Iziane está vivendo o melhor momento desde o
Mundial de 2006. Eu a vejo novamente
jogando aquele basquete, muito rápida e atlética. Hoje, ela melhorou muito o
arremesso dela de três pontos. Houve aí uma fatalidade, um problema físico e
muscular, mas ela está sendo bem cuidada e a recuperação está sendo feita de
acordo com o feedback da parte médica e de fisioterapia. Ela está se
recuperando de uma maneira muito boa. Vamos avaliando ela diariamente e amanhã
ela já vai fazer trote. Ela já vai ser entregue ao preparador, Vita, para ele
fazer trabalhos físicos. O tempo parada será curto, ela é uma menina que
está muito forte fisicamente. Os testes físicos dela foram surpreendentes
positivamente, e eu acredito que este edema não será um problema – analisou o
treinador.
Apesar dos elogios, a ala se vê em outro momento. Embora
esteja em plenas condições de seguir nas quadras por um bom tempo, ela já se
despediu de seu clube, o Sampaio Corrêa, atual campeão da LBF, e anunciou a sua
aposentadoria da seleção após a Olimpíada.
- Não vou dizer que estou no meu melhor fisicamente, porque já tenho 34 anos e não estou correndo o mesmo o que eu corria há um tempo
atrás. Eu consegui manter em alto nível, apesar da idade. Sempre me preocupei
muito em me cuidar e chegar na “velhice física” em alto rendimento.
As pessoas falam muito sobre eu me aposentar. Eu não quero me aposentar mal, porque
o basquete me abandonou. Quero me aposentar por cima, fazendo meu alto rendimento
como sempre fiz. Eu me cuidei para isso - ponderou Iziane.
- Olha o corpinho aí pedindo arrego (risos). Só a gente
sabe as dores e as lutas. Vai ficando mais difícil. Uma menina
que corre 20 minutos recupera rapidinho, e a gente não recupera do mesmo jeito.
No fim das contas, precisamos nivelar para saber se você dá conta, porque é
duro. Todo mundo quer resultado, mas passar por um treinamento como esse em
três meses não é fácil - acrescentou.
A fisioterapeuta Milena Perroni tem feito tratamento minucioso
em busca da reabilitação de Iziane. Nas primeiras 24h após a jogadora sentir um
desconforto na panturrilha, ela iniciou um processo que misturou proteção,
repouso, imobilização, compressão e elevação do membro. As constantes
intervenções com gelo também diminuíram o edema e o quadro doloroso da
maranhense. Após o tratamento intensivo no fim de semana, Milena realizou um
trabalho muscular e foi observando gradativamente a evolução do processo.
- A resposta ao tratamento tem sido muito boa até pela própria
fisiologia da atleta. Ela passou o fim de semana todo tratando. Seguimos o
controle para diminuição do edema com gelo e proteção da região, elevando e
comprimindo para drenar a musculatura. E foi iniciado o trabalho de controle
muscular para ela começar a responder aos estímulos. O objetivo é ganhar força,
aos poucos, e ela tem respondido muito bem. Usamos os recursos físicos e
aparelhos, mas a questão da força e controle muscular foi a resposta mais
positiva que ela teve. Hoje, ela evoluiu um pouco mais. Ontem (terça-feira), ela
começou um trabalho muscular com uma exigência maior para voltar à quadra.
Hoje, recebeu um pouco mais de estímulo para vermos se ela sente dor e
prepará-la para o trote – explicou Milena.
- Não queremos colocá-la em quadra com qualquer margem de
insegurança. Queremos que ela esteja bem. A evolução é a parte muscular que ela
tem de sentir um pouco da exigência da quadra. Depois, ela se sentindo bem,
começa o trabalho do preparador físico, que vai fazer uma readaptação dela na
quadra. Ele entra com a parte de corrida mais especifica. É todo um trabalho em
equipe e estamos muito felizes com o resultado – completou a fisioterapeuta.
A seleção faz a sua preparação para a Rio 2016 na Arena
Concórdia, em Campinas, desde maio. A equipe irá jogar no local dois amistosos contra
o Japão, nos dias 27 e 29 de julho. Em agosto, terá pela frente a Sérvia (2) e
a China (3). O Brasil está no grupo A da Olimpíada e faz a sua estreia no dia 6
de agosto contra a Austrália, medalhista de bronze em Londres 2012. Em seguida,
terá como adversários o Japão (8), Belarus (9), França (11) e Turquia (13).