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Por Guilherme Renke

Médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Médico do Esporte Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

Rio de Janeiro


O Ômega 3, encontrado em cápsulas ou no formato de óleo de peixe, contribui para a prevenção de doenças cardiovasculares — Foto: iStock Getty Images

Um dos suplementos mais utilizados atualmente por atletas ou pessoas que buscam realizar prevenção é o ômega 3. No entanto, muitos realizam a autossuplementação com dosagens inadequadas ou, pior ainda, com produtos não padronizados.

De fato, podemos encontrar suplementos de ômega 3 nas gôndolas das farmácias, mas são tantos tipos que nos perdemos na hora de escolher. Afinal, qual é o melhor? Primeiro, precisamos entender que existem diferentes tipos de ômega 3, com três tipos principais do ácido graxo:

  • ALA, ou ácido alfa-linolênico;
  • DHA, ou ácido docosahexaenóico;
  • EPA, ou ácido eicosapentaenóico.

Onde são encontrados

  1. O ALA (ácido alfa-linolênico) é o ácido graxo ômega-3 mais comum na nossa dieta, encontrado em alimentos como sementes de linhaça, óleo de linhaça, chia, nozes e soja. O ALA no nosso organismo é parcialmente convertido nas formas biologicamente ativas de ômega 3 nos mamíferos: o EPA e DHA.
  2. Já o EPA (ácido eicosapentaenóico) e o DHA (ácido docosahexaenóico) são encontrados principalmente em produtos de origem animal, como peixes, óleo de peixe e nas microalgas. São componentes estruturais essenciais do nosso sistema nervoso central, da retina dos nossos olhos e várias outras partes do corpo.

Resultados em relação ao risco cardiovascular

O EPA é o ômega 3 com evidência mais recente e robusta de benefício cardiovascular. Os resultados do ensaio clínico REDUCE-IT, publicado no conceituado New England Journal of Medicine, revelam que altas doses de EPA trazem benefícios significativos para pacientes com doença cardiovascular, diabetes e aumento de triglicerídeos. Os principais resultados desse estudo apontaram para uma redução de 25% do risco relativo para grandes eventos adversos cardiovasculares.

Esse estudo foi considerado um dos mais importantes de 2018. Ele foi randomizado, duplo-cego controlado por placebo, envolvendo mais de 8 mil pacientes com doença cardiovascular estabelecida ou com diabetes e outros fatores de risco, que estavam recebendo terapia com estatinas e que tinham um nível de triglicerídeos em jejum de 135 a 499 mg/dl e um nível de colesterol de LDL de 41 a 100 mg/dl. Os pacientes foram aleatoriamente designados para receber 2 g de EPA duas vezes ao dia (dose diária total: 4 g) ou placebo. O desfecho primário considerado para o estudo foi um composto de morte cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral não fatal, revascularização coronariana ou angina instável.

Os resultados não mentem: um evento de desfecho primário ocorreu em 17,2% dos pacientes no grupo EPA, em comparação com 22,0% dos pacientes no grupo placebo (P <0,001). "A redução de 25% do desfecho primário revelada é bastante impressionante, mas agora estamos publicando os resultados detalhados, mostrando reduções significativas e consistentes em múltiplos desfechos”, afirmou o de Deepak L. Bhatt, responsável pela pesquisa, ao site médico Medscape.

O grande problema está na dosagem utilizada e no tipo de ômega 3 (EPA), que não é facilmente encontrado no Brasil. No entanto, para pacientes com indicação, a suplementação do ômega 3 pode trazer muitos benefícios, mas deve ser feita apenas com a supervisão e orientação do médico e do nutricionista.

Referências:

1.Cardiovascular Risk Reduction with Icosapent Ethyl for Hypertriglyceridemia. Deepak L. Bhatt et al. N Engl J Med 2019; 380:11-22. DOI: 10.1056/NEJMoa1812792.

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

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