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Por Cris Perroni

Nutricionista formada pela UFRJ, pós-graduada em obesidade e emagrecimento, com especialização em nutrição clínica e em nutrição esportiva

Rio de Janeiro


Sabe-se que além dos idosos, pessoas com pelo menos uma comorbidade como diabetes, hipertensão e cardiopatia possuem maiores riscos de complicações por infecções de Covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus. A obesidade causa um estado inflamatório, efeitos negativos no sistema imunológico e alterações metabólicas, podendo estar associada a outras comorbidades como justamente diabetes e hipertensão, além de resistência à insulina, apneia do sono etc. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que o excesso de peso e obesidade afetam mais de um terço da população mundial e que em 2025 tenhamos cerca de 2,3 bilhões de adultos com excesso de peso e mais de 700 milhões de obesos.

É importante não cair na armadilha do sedentarismo e dos alimentos ultraprocessados, como batatas fritas de pacote, durante a quarentena — Foto: Istock Getty Images

No Brasil, de acordo com pesquisa do sistema de Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) do Ministério da Saúde, mais da metade da população está com excesso de peso (IMC 25 a 29,9kg/m2) e 19,8% estão obesos (IMC > 30kg/m2). A cidade do Rio de Janeiro é a maior em diagnóstico de diabetes.

É preciso, portanto, atenção ao nosso estilo de vida, cuidar da alimentação, sono e prática esportiva. Com o isolamento, estamos nos mexendo menos, mais ansiosos e inseguros, com menos prazeres. Estas condições contribuem para aumentar a buscar por outros prazeres, o que muitas vezes implica em maior consumo de alimentos e de álcool e em piora da qualidade alimentar.

Com a quarentena, houve aumento na compra de alimentos ultraprocessados por terem maior validade, serem mais fáceis de estocar e oferecerem maior palatabilidade. São alimentos com alto grau de aditivos, normalmente com baixa qualidade nutricional e alta densidade energética. Em paralelo, houve redução no consumo de frutas, verduras e legumes, alimentos que precisam ser repostos com maior frequência, perecíveis, precisam ser higienizados e, em alguns casos, exigem habilidade para o preparo.

Dicas - o que precisamos fazer:

Cozinhar alimentos é mais saudável do que comprar produtos embalados prontos — Foto: iStock Getty Images

  1. Cuidar da saúde e manter o tratamento das outra doenças, como diabetes, resistência à insulina, obesidade, cardiopatias, hipertensão, doenças autoimunes, câncer etc.
  2. Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, alimentos fritos, refinados e com alta densidade energética. Ou seja, cortar o excesso de sal, gordura, açúcar e calorias.
  3. Introduzir frutas, verduras, legumes, cereais integrais: hortifrutis, pequenos produtores e mercados fazem entrega. Consumir comida de verdade.
  4. Controlar o ambiente: evitar comprar alimentos que gerem compulsão alimentar ou descontrole.
  5. À noite, evitar alimentos refinados, ricos em açúcar e gordura, que não saciam, estimulam pico insulínico, geram mais vontade em comer.
  6. Comer com a família, se isso for possível.
  7. "Porcionar" as refeições. Cuidar da qualidade e controlar a quantidade. Fazer "empratados", evitar travessas à mesa.
  8. Aproveitar para introduzir novos hábitos, experimentar alimentos e preparações. Cozinhar mais e desembalar menos;
  9. Reduzir o consumo de bebidas alcoólica: limitar quantidade e escolher momentos especiais;
  10. Manter exercício físico regular, mexer-se.

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.