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Por Lucas Espogeiro, Marcelo Barone e Priscilla Basilio — Rio de Janeiro


Arlindo Arthur tem apenas sete anos e uma vida cheia de histórias. Fã de Gabigol e de Gabi Guimarães, o menino, que recebeu um transplante de coração há quatro anos ao ser diagnosticado com uma cardiopatia grave, realizou um sonho na última terça-feira: entrar ao lado da seleção feminina de vôlei na quadra do Maracanãzinho, na estreia do Brasil da Liga das Nações.

Brasil faz campanha por doação de órgãos na Liga das Nações

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Presente no treino da equipe brasileira, na última segunda-feira, Arthur aguardou ansiosamente para conhecer Gabriela Guimarães, a Gabi. Dono de um pensamento ágil e muito comunicativo, disse que gostaria de perguntar à jogadora como fazer para ser famoso.

Arlindo Arthur brinca de entrevistar Gabi Guimarães — Foto: Priscilla Basilio

- Estou achando super legal conhecer a Gabi. Vou perguntar a ela como é que faz para ter fama. Se eu conseguir dinheiro na internet, bastante dinheiro mesmo, eu vou ajudar os outros - disse Arlindo, empolgado.

Na terça-feira, Arthur entrou adentrou a quadra do Maracanãzinho sem caber em sua própria felicidade, de mãos dadas com Gabi, ao lado de outras crianças e da seleção brasileira.

Arlindo Arthur assiste a treino da seleção feminina na VNL — Foto: Priscilla Basilio

Para o pequeno sonhador, saber jogar vôlei é uma de suas metas. O menino elegeu Gabi como sua jogadora favorita devido a seu nome, tão parecido com o de seu ídolo do Flamengo, Gabigol. Depois do treino, a ponteira brasileira sentou-se com o fã, que brincou de entrevistador com um microfone na mão, e fez perguntas a ela e à central Ana Carolina, a Carol.

Arlindo Arthur e Gabi na Liga das Nações — Foto: Priscilla Basilio

Esse foi a segundo contato de Arthur com uma grande competição esportiva. Em 2022, ele foi convidado a assistir ao Pré-Olímpico de Vôlei masculino, também no Maracanãzinho, e teve a oportunidade de conhecer Giba e alguns jogadores da seleção, como Alan e Lukas Bergmann.

Arlindo Arthur com Giba e outra criança no Pré-Olímpico de vôlei de 2023 — Foto: Arquivo pessoal

- Depois do jogo, ele contava para todo mundo: 'Olha, eu tenho foto com o Giba!' - contou a mãe.

Entenda a história de Arlindo

Quando Arthur nasceu, sua mãe, Ana Oliveira, já havia recebido a notícia de que a cardiopatia de seu filho não teria cura. Ele precisava de duas cirurgias para tentar melhorar o quadro. Fez a primeira com dois anos e meio, mas não deu tempo de realizar a segunda, pois sua saúde acabou piorando drasticamente. A partir daí, internado em um CTI, ele entrou na fila do transplante como prioridade. Após 34 dias, finalmente receberam a notícia de que haviam conseguido um doador.

- Estar na fila de transplantes já não é fácil, sendo criança, é pior ainda, porque a doação infantil é muito pequena. A gente entende a dor do doador, mas é importante lembrar que muitas vidas podem ser salvas. A doadora do Arlindo salvou a vida de quatro crianças - disse Ana Oliveira.

Ana Oliveira e seu filho Arlindo Arthur na Liga das Nações — Foto: Priscilla Basilio

- Por conta da cardiopatia, eu o afastei de multidões, dos esportes. Do ano passado para cá, ele começou a participar desses eventos. A primeira vez dele no Maracanãzinho foi em 2023, quando conheceu Giba e outros jogadores. É importante a gente se conscientizar que a pessoa que recebe um órgão pode ter uma vida super normal, e não necessariamente ter limitações, diferente do que geralmente imaginamos - acrescentou.

Ação pela doação de órgãos

A ação faz parte de uma iniciativa da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), junto à Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, para promover a doação de órgãos. Crianças que passaram por transplantes terão a oportunidade de entrar em quadra nos jogos do Brasil, durante a etapa brasileira da Liga das Nações.

Cleidinete Surica, enfermeira do munícipio, é também uma das responsáveis por promover a conscientização sobre a doação nesses eventos, além de acompanhar ex-pacientes transplantados e suas famílias, como Arlindo e Ana.

- Fizemos uma ação parecida no Pré-Olímpico masculino do ano passado. Os torcedores tiraram as dúvidas sobre doação de órgãos, entenderam como acontecia. A gente achou que o resultado foi bem positivo. Este ano, pediram para repetirmos no feminino. As crianças transplantadas adoraram. Muitas nunca tiveram acesso ao esporte. É importante mostrar que é viável ser transplantado e esportista, ao mesmo tempo - contou Cleidinete.

Todas as partidas do Brasil na Liga das Nações serão transmitidas ao vivo pelo sportv2 e terão acompanhamento em tempo real do ge.

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