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Por Flávia Ribeiro — Rio de Janeiro


O Brasil vai enfrentar obstáculos quando precisar renovar ponteiras, opostas e, principalmente, levantadoras. É o que teme o técnico da seleção feminina de vôlei, Zé Roberto Guimarães. À frente da seleção há quase 21 anos, Zé Roberto comandou as equipes que conquistaram três medalhas olímpicas: ouro em Pequim 2008 e Londres 2012, prata em Tóquio 2020 - além do ouro com a seleção masculina, em Barcelona 1992. E faz o alerta para que não haja uma queda num futuro próximo.

Brasil estreia na Liga das Nações de Vôlei, hoje, contra o Canadá

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- Quando Macris e Roberta pararem, vai ser um problema - afirma. - Levantadora é o maior problema que a gente tem hoje, e não vejo solução a curto prazo.

Na estreia do Brasil na Liga das Nações Feminina de Vôlei (VNL), às 21h (horário de Brasília) desta terça-feira, contra o Canadá, Macris e Roberta estarão a postos. São as única levantadoras relacionadas entre as 18 atletas convocadas para essa primeira etapa da liga. Foi com as duas que Zé Roberto contou também na medalha de prata olímpica em Tóquio, e é com elas que vai montar a seleção para os Jogos Olímpicos de Paris, em julho e agosto. Zé relembra que quando precisou fazer uma renovação na posição, depois de Pequim, a situação era menos dramática.

Macris levanta durante partida contra a Itália em 2022 — Foto: Divulgação/FIVB

- Fofão teve cinco ciclos olímpicos (1992 a 2008). A sorte que Fofão foi longeva. E quando a Fofão parou e logo depois a Carol Albuquerque, tínhamos a Dani (Lins), Fabíola, Claudinha, Ana Tiemi estava chegando. (Agora,) as dos clubes são muito jovens. Ninguém chegando, Kenya não tem jogado.

Fofão comemora o ouro conquistado nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008: levantadora jogou cinco olímpíadas — Foto: Reprodução FIVB

- Há (essa queda com) algumas gerações, como Cuba e Itália no masculino e Cuba no feminino. O nosso trabalho de base poderia ser mais bem executado. Por isso há uma carência em determinadas posições, a gente não tem a quantidade de peças que os Estados Unidos têm, a Turquia, a própria Itália. Aqui no Brasil não existe uma lei em que as equipes precisam trabalhar a base - lamenta Zé, que aponta as maiores carências: - Levantadoras, opostas e ponteiras são o maior problema. De meios e líberos a gente está com uma boa safra.

Quando fala da quantidade de peças de Estados Unidos, Turquia e Itália, Zé se refere a jogadoras de nível de seleção. Segundo o treinador, há dois anos havia 264 jogadoras de vôlei americanas atuando fora dos Estados Unidos, nas principais ligas do mundo.

- Não sei esse ano, mas o número deve ser parecido. Já nós, se tivermos 30, temos muito - comenta.

Roberta em treino da seleção em 2018 — Foto: Jonne Roriz/COB

Zé Roberto investe dinheiro do próprio bolso no desenvolvimento da base em Barueri. Segundo ele, "alguém tem que fazer isso" ou haverá uma lacuna difícil de ser preenchida.

- Fica um gap e correr contra o tempo é muito difícil.

O que fazer, então?

- Reclamar. Avisar que vamos sofrer.

O Brasil enfrenta o Canadá na estreia da Liga das Nações Feminina de Vôlei (VNL) 2024 às 21h desta terça-feira (14), no Macaranãzinho, com transmissão ao vivo do sportv2 e acompanhamento do ge em seu novo tempo real, mais moderno e dinâmico.

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