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Por Cairo Oliveira e Vinícius Alves — Rio Claro, SP


O técnico Guilherme Alves, ex-atacante do Atlético-MG e de outros clubes do Brasil, está a três jogos de conseguir o segundo acesso da carreira dele como treinador ao Paulistão. Em 2015, ele subiu à elite estadual com o Grêmio Novorizontino e, nesta temporada, conduz o Velo Club rumo à Série A1.

Guilherme Alves fala sobre carreira e expectativas na A2

Guilherme Alves fala sobre carreira e expectativas na A2

O Galo Vermelho de Rio Claro (SP) já venceu o primeiro jogo das quartas de final diante do São José-SP por 2 a 1 em casa. Nesta quarta-feira, às 20h, as equipes se enfrentam em São José dos Campos (SP) no jogo da volta (clique aqui para acompanhar a transmissão lance a lance, em Tempo Real).

O time de Guilherme Alves joga por um empate. Em caso de derrota por um gol, a vaga para a semifinal será definida nos pênaltis. Apenas os dois finalistas sobem de divisão. O treinador se inspira em Telê Santana, um de seus primeiros técnicos, quando estava no São Paulo, para conseguir o feito.

- Para mim, os dois melhores times do campeonato são Ferroviária e São José. Para vencer o São José, tivemos que fazer um jogo acima da média. E fizemos. Eu nunca minto para os meus atletas. É uma coisa que aprendi com alguns treinadores, inclusive o Telê, Muricy. Eles sabem e já falei para eles que é difícil, muito complicado, e que temos que fazer um jogo acima da média. É guardar energias, se cuidar, descansar, porque o jogo lá vai ser de uma intensidade absurda.

Guilherme Alves, técnico do Velo Clube — Foto: Janyne Godoy/Velo Clube

Ensinamentos de Telê

Guilherme Alves tem 49 anos e começou a carreira no futebol em 1992, no Marília. No estadual de 1993 ele se destacou pelo time e chamou a atenção de Telê Santana, que estava no São Paulo e, em julho daquele ano, chegou ao Tricolor.

- Eu conheci muito bem o Telê porque, na época, quando os jogadores eram contratados pelo São Paulo, os solteiros, e na época eu era solteiro, eram obrigados a morar no CT do São Paulo. E o Telê morava também. A gente convivia no dia a dia com ele. Ele me ajudou muito. Trago muitas coisas da época dele nessa mudança de atleta para ser treinador, a relação de treinador com atleta que ele me ensinou. Ele era um cara fantástico, já era à frente do tempo naquela época. Era uma pessoa extremamente exigente. Não media palavras, nem locais para chamar atenção. Ele foi um cara que marcou muito minha vida. Ele deu a oportunidade de sair do Marília para ir a um grande clube – contou.

Guilherme Alves conversa com jogadores do Velo Clube — Foto: Janyne Godoy/Velo Clube

No São Paulo, fez parte do elenco campeão da Supercopa da Libertadores, Libertadores, Mundial, Copa Conmebol e Recopa Sul-Americana. Destacou-se com a camisa tricolor e foi transferido ao Rayo Vallecano, da Espanha.

- O que mais me marcava na época e que trago até hoje é a exigência técnica dele em relação aos atletas. Não é só dominar bem, mas ter o domínio direcionado. Ele corrigia cabeceio. A gente fazia trabalho técnico todo dia de finalização, passe, domínio, de cruzamento. A parte técnica era todos os dias e ele corrigia a todo momento. E isso eu faço muito hoje. Corrigir na hora de dominar, passar, saber o momento certo de passar. A gente fala as vezes que quem define para onde vai a bola nem sempre é o cara do passe, mas os atletas que se movimentam sem a bola. São coisas que ele me ensinou e que trago até hoje.

Estouro no Galo

Depois da passagem pelo futebol espanhol, entre 1994 e 1997, Guilherme voltou ao Brasil para defender o Grêmio e se destacou nas temporadas de 1997 e 1998, transferindo-se para o Vasco, último clube antes de estourar no Atlético-MG entre 1999 e 2003.

No vice-campeonato Brasileiro do Galo em 1999 – o título ficou com o Corinthians -, ele foi o artilheiro da competição com 28 gols em 27 jogos e formou dupla icônica com Marques. Ao todo, balançou as redes mais de 100 vezes com a camisa alvinegra.

- Foram quatro temporadas fantásticas. Pena que não conseguimos levar o título de 99. Era um time que, na verdade, não tinha qualidade técnica para chegar à final, mas o grupo encaixou, comprou a causa. O Altético-MG vinha com problemas financeiros na época. A gente não tinha estrutura nenhuma. Aquele time, antes de começar o campeonato, pela imprensa mineira, era um time que iria brigar para não cair e o Cruzeiro, que realmente tinha um grande time, talvez brigaria pelo título novamente, já que perdeu em 98. Mas nós crescemos muito na competição – afirmou o ex-atacante, que também defendeu Corinthians, Al-Ittihad (Arábia Saudita), Cruzeiro e Botafogo.

Guilherme Alves Atlético-MG — Foto: Agência Estado

Carreira como técnico

- Sou competitivo demais. Não gosto de usar essa palavra, mas odeio perder. Não paro um minuto. Jogo junto com os caras. Estou sempre muito pilhado no jogo. Vivo muito intensamente os jogos. Sou competitivo ao extremo.

É dessa forma que Guilherme Alves se descreve como técnico, função que ele ocupa em campo desde 2007, quando foi auxiliar do Marília. Em 2010, foi para o Galo no mesmo cargo e, a partir de 2011, passou a ser treinador.

Guilherme Alves quando comandava o Marília — Foto: Lucas Daquino/Marília Atlético Clube

Passou por Ipatinga-MG, Vila Nova, Linense, Portuguesa, Paysandu, Marília, onde foi vice-campeão da Copa Paulista em 2020 e 2022, e Grêmio Novorizontino, em que ficou de 2013 a 2016, levando o time da Série A3 à Série A2 de SP e, posteriormente, da A2 para o Paulistão.

Apesar de ter que olhar para o jogo como um todo, Guilherme sempre dá seus pitacos nos atacantes, já que tem propriedade para ensinar o que se fazer na área.

- Nos treinamentos de finalização a gente conversa bastante, porque foi uma função que cumpri durante toda minha vida e a gente tem conhecimento para poder falar do assunto porque passei muito tempo ali dentro também.

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