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Por Eduardo Moura e Tomás Hammes — Porto Alegre


Grêmio, Inter e Juventude foram da esperança à paralisação da Série A do Brasileirão por três rodadas ao ceticismo com a CBF durante o domingo. O Conselho Técnico Extraordinário convocado pela entidade só ocorrerá no dia 27, data do fim da atual pausa para os três clubes, algo visto como um indicativo que o pedido do trio não vai ser atendido. Por outro lado, algumas manifestações durante o domingo haviam animado os bastidores. Enquanto isso, os planos para retornar aos treinos tomam corpo.

Presidente da CBF se posiciona sobre tragédia no Rio Grande do Sul

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Durante o domingo, o ge ouviu nos bastidores que havia mais clubes "sensibilizados" pelo pedido do trio para o adiamento de três rodadas do Brasileirão. Athletico e Atlético-MG reforçaram apoio público aos gaúchos pela paralisação.

No entanto, há manifestações públicas de Flamengo e Palmeiras contra a paralisação total. Depois da convocação do Conselho Técnico Extraordinário, uma outra fonte foi taxativa ao ge ao afirmar que não acreditava em um adiamento pela data marcada para a reunião entre as equipes.

Os jogos dos gaúchos estão adiados justamente até o dia 27 de maio. As datas dos jogos remarcados pela Conmebol (veja abaixo) também foram citadas como argumento a favor da continuidade das competições.

CBF adia jogos de times gaúchos até o dia 27 de maio

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A CBF ainda não trata a questão como definitiva. O encontro do dia 27, segundo o comunicado, servirá para "os clubes deliberarem sobre aspectos técnicos das competições bem como a situação de registro e transferência de atletas, questões jurídicas com relação aos acessos às competições internacionais como Libertadores, Sul-Americana e Mundial de Clubes e questões de direitos de transmissão e patrocínios".

A entidade também recebeu um pedido de paralisação do Ministério do Esporte. O presidente da CBF, Ednaldo Pereira, afirmou que tomaria a decisão depois de ouvir os clubes. Mas viaja para a Tailândia, para o Congresso Técnico da Fifa, e só retorna no próximo fim de semana.

Aliás, é bom explicar que a discussão não se resume apenas ao calendário da Série A. Internamente na CBF, se entende que a questão não leva em conta apenas a principal divisão nacional, mas também todas as outras. As Séries C e D têm outros seis clubes gaúchos envolvidos. O São José, outro clube da capital gaúcha, por exemplo, não foi atingido e tem sido ponto de coleta de doações.

Arena do Grêmio neste domingo em Porto Alegre — Foto: Mateus Bonomi/Getty Images

A CBF encaminhou um ofício aos participantes das quatro divisões do nacional, além do feminino, para discutir a parada dos torneios em razão das enchentes no Rio Grande do Sul.

Não há necessidade de unanimidade. Nem mesmo maioria simples, mas um bom senso entre todos das quatro divisões. Um número expressivo já permitiria a abertura do diálogo para a assembleia deliberar ou não.

O bloco que forma a Liga Forte União (composto por Inter, Cruzeiro, Fluminense, Vasco, Athletico-PR, Botafogo, Coritiba, Goiás, Fortaleza, América-MG Cuiabá, Sport, Ceará, Avaí, Chapecoense, Juventude, Atlético-GO, Criciúma, CRB, Vila Nova, Londrina, Tombense, Figueirense, CSA e Operário-PR) indica o voto favorável à paralisação.

Estádio Beira-Rio foi atingido pela cheia do Guaíba e deve ter gramado danificado — Foto: Renan Mattos/Agência RBS

Caso o anseio gaúcho tenha aprovação, as rodadas da elite que seriam paradas são a sétima (18 a 20/05), oitava (25 a 26/05) e nona (01 a 02/06). Atualmente, os gaúchos estão com os jogos adiados pela CBF até 27 de maio. Neste caso, o nacional voltaria em 12 de junho.

A Conmebol remarcou os jogos de Grêmio e Inter pela Libertadores e Sul-Americana, respectivamente para 4 e 8 de junho. O Tricolor enfrenta Huachipato e Estudiantes, e o Colorado, Real Tomayapo e Delfín. Os primeiros de ambos em casa, seja onde forem mandar as partidas. Ou seja, o calendário desejado indica os torneios continentais antes do Brasileirão.

Os clubes de Porto Alegre ainda precisam definir quando voltam a trabalhar. O Juventude retoma os treinos nesta terça-feira. Antes resistente a deixar o estado, a Dupla Gre-Nal já abre brecha para um novo destino enquanto aguarda melhora no Rio Grande do Sul para avaliar as estruturas próprias.

A Defesa Civil registra 143 mortes no Rio Grande do Sul em razão dos temporais e cheias que atingem o estado desde o final de abril. O boletim ainda contabiliza 125 desaparecidos e 806 feridos.

Com a volta da chuva no estado, o número de pessoas fora de suas casas superar as 618 mil. Mais de 81 mil estão em abrigos e 537 mil estão desalojados (em casa de amigos e parentes).

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