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Por Clara Casé, Diego Soares, Jefferson Soares, Julio Aguiar e Juliana Motta — Rio de Janeiro


O breaking é muito mais do que os movimentos. Estreante nas Olimpíadas de Paris, o esporte vai além da dança. É um estilo de vida, que se manifesta não só nas disputas, mas também na música, na forma de se vestir e até de se comunicar.

Estreante em Paris 2024, breaking tem forte influência da cultura negra

Estreante em Paris 2024, breaking tem forte influência da cultura negra

Criado na década de setenta pelas comunidades negra e latina do Bronx, em Nova York, o breaking representa a cultura preta e periférica. O esporte foi um importante instrumento para unir populações minoritárias, que disputavam territórios em uma época onde os Estados Unidos viviam um grande movimento de diáspora.

A doutora em dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e mestra em capoeira, Dandara Baldez, ressalta a influência da cultura negra no breaking e a importância do esporte para transformar a vida das pessoas.

— O breaking vem dessa diversidade latina e negra, que veio com esse movimento diaspórico. É um estilo de vida. Ele é moda, música, várias coisas. É uma organização de todas essas influências, até brasileira, principalmente através da capoeira. O breaking nasceu nas periferias. É uma linguagem periférica, que conversa muito com essas pessoas. O breaking, por exemplo, transforma a vida de diversos homens pretos, que morrem muito nas periferias. É uma linguagem que acessa essa galera e transforma a vida dessas pessoas — falou a especialista.

Verão Espetacular começa neste domingo com o breanking

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Neste final de semana, direto da Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, a disputa do Breaking do Verão levará essa cultura para todo o Brasil. A competição contará com grandes nomes do cenário nacional e internacional. Neste sábado, às 14h, as fases iniciais da competição terão transmissão ao vivo do sportv. Já no domingo, a grande decisão será transmitida a partir das 10h, no Esporte Espetacular.

B-girl Toquinha no breaking de verão em 2022 — Foto: Divulgação/Fernando Souza

Uma das participantes do evento, a B-Girl Toquinha falou sobre como essa cultura muda a vida das pessoas nas favelas, e a importância do breaking fazer parte das Olimpíadas, embora o Brasil ainda esteja em busca de uma vaga.

— O que mais me atrai no breaking é o movimento que ele faz dentro das favelas e dentro das escolas. É a nossa cultura de quebrada, nossa cultura urbana periférica em um ramo olímpico — disse Toquinha.

Para Dandara, o breaking é mais que o esporte e a dança, é uma linguagem de união. Segundo a especialista, a presença do breaking nas Olimpíadas é um importante passo na luta contra o preconceito sofrido pelo esporte.

— Essa é uma linguagem, é uma ferramenta que acessa essa galera (das comunidades) e transforma a vida dessas pessoas. O breaking transformou o conflito em uma metodologia cultural. Esse é o legado da cultura preta no mundo. Estar nas Olimpíadas é uma possibilidade de sonhar alto e enxergar um profissional a partir dessa linguagem marginalizada. As Olimpíadas trazem esse processo de desmarginalização, de criar metodologias. Acho que é muito necessário, urgente e preciso nas comunidades — explicou Dandara.

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