O breaking é muito mais do que os movimentos. Estreante nas Olimpíadas de Paris, o esporte vai além da dança. É um estilo de vida, que se manifesta não só nas disputas, mas também na música, na forma de se vestir e até de se comunicar.
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Estreante em Paris 2024, breaking tem forte influência da cultura negra
Criado na década de setenta pelas comunidades negra e latina do Bronx, em Nova York, o breaking representa a cultura preta e periférica. O esporte foi um importante instrumento para unir populações minoritárias, que disputavam territórios em uma época onde os Estados Unidos viviam um grande movimento de diáspora.
A doutora em dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e mestra em capoeira, Dandara Baldez, ressalta a influência da cultura negra no breaking e a importância do esporte para transformar a vida das pessoas.
— O breaking vem dessa diversidade latina e negra, que veio com esse movimento diaspórico. É um estilo de vida. Ele é moda, música, várias coisas. É uma organização de todas essas influências, até brasileira, principalmente através da capoeira. O breaking nasceu nas periferias. É uma linguagem periférica, que conversa muito com essas pessoas. O breaking, por exemplo, transforma a vida de diversos homens pretos, que morrem muito nas periferias. É uma linguagem que acessa essa galera e transforma a vida dessas pessoas — falou a especialista.
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Verão Espetacular começa neste domingo com o breanking
Neste final de semana, direto da Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, a disputa do Breaking do Verão levará essa cultura para todo o Brasil. A competição contará com grandes nomes do cenário nacional e internacional. Neste sábado, às 14h, as fases iniciais da competição terão transmissão ao vivo do sportv. Já no domingo, a grande decisão será transmitida a partir das 10h, no Esporte Espetacular.
B-girl Toquinha no breaking de verão em 2022 — Foto: Divulgação/Fernando Souza
Uma das participantes do evento, a B-Girl Toquinha falou sobre como essa cultura muda a vida das pessoas nas favelas, e a importância do breaking fazer parte das Olimpíadas, embora o Brasil ainda esteja em busca de uma vaga.
— O que mais me atrai no breaking é o movimento que ele faz dentro das favelas e dentro das escolas. É a nossa cultura de quebrada, nossa cultura urbana periférica em um ramo olímpico — disse Toquinha.
Para Dandara, o breaking é mais que o esporte e a dança, é uma linguagem de união. Segundo a especialista, a presença do breaking nas Olimpíadas é um importante passo na luta contra o preconceito sofrido pelo esporte.
— Essa é uma linguagem, é uma ferramenta que acessa essa galera (das comunidades) e transforma a vida dessas pessoas. O breaking transformou o conflito em uma metodologia cultural. Esse é o legado da cultura preta no mundo. Estar nas Olimpíadas é uma possibilidade de sonhar alto e enxergar um profissional a partir dessa linguagem marginalizada. As Olimpíadas trazem esse processo de desmarginalização, de criar metodologias. Acho que é muito necessário, urgente e preciso nas comunidades — explicou Dandara.
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