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Por Redação do ge — Curitiba


O ano de 2023 chegou cheio de expectativa para o torcedor do Coritiba: promessa de grande investimentos, chegada da SAF e uma maior profissionalização no futebol. Porém, a realidade foi bem diferente, com o time caindo à Série B do Brasileiro.

Relembre a trajetória do Coritiba neste Brasileirão

Relembre a trajetória do Coritiba neste Brasileirão

A derrota para o Fluminense, no sábado, confirmou o rebaixamento matemático do Alviverde, faltando três rodadas para o fim. Antes, o América-MG foi o primeiro ter a queda decretada. Restam duas vagas em aberto no Z-4.

Muito além dos números ruins que marcaram a campanha, a queda do Coritiba seguiu uma cartilha que sempre acompanha o ano dos times que se complicam na Série A: mudanças no comando técnico, muitas contratações e problemas extracampo.

O ge listou o roteiro traçado pelo Coritiba no ano e o que vem em 2024:

Coritiba busca se reerguer no futuro — Foto: Coritiba

Maior investimento no futebol

O Coritiba iniciou o ano com a expectativa lá no alto. O clube viveu o ano de maior investimento no futebol, passando dos R$ 36 milhões. Em pouco tempo, os números viraram um problema. Jogadores como Rodrigo Pinho e Bruno Vianna - grandes investimentos feitos - já estão fora dos planos do clube há um tempo.

A janela do meio de ano manteve o padrão, mas sem gastar no passe dos atletas. Porém, todos que chegaram vieram com salários altos. Isso ocorreu com Jessé, Slimani, Samaris, Fransérgio - estes já com a SAF oficializada. Desses nomes, apenas o argelino é titular. Na ocasião, o CEO do Coxa, Carlos Amodeo, tratou as contratações como a "de jogadores com relevância global".

Outro exemplo do problema que foi o mercado é a dupla contratada do Grêmio. Wesley Moreira veio, em definitivo, com um aumento salarial e um contrato até o fim de 2024. Ele fez um jogo pelo Coxa e foi emprestado. Já Gabriel Silva veio por empréstimo, mas o Alviverde pagou R$ 600 mil pelo acordo por uma temporada. Ele também só entrou em campo duas vezes.

Em entrevista no sábado, após o rebaixamento ser decretado, o diretor de futebol do Coritiba, Artur Moraes, falou, entre outros assuntos, sobre a ação do clube na busca por reforços no meio do ano.

- Muitas coisas não aconteceram porque a janela do mês de julho seria uma janela normalmente pontual. Nós tivemos que refazer uma equipe em julho. Jogadores chegaram da Europa fora de forma, demoraram para entrar naquilo que eram as ideias que o Coritiba vinha exercendo naquele momento. Tivemos muitas dificuldades no meio do ano. Onde eram para ser contratações pontuais, tivemos que refazer uma equipe. E dentro da competição, da maneira que estava e competindo como estava, isso foi uma grande dificuldade que tivemos internamente aqui - explicou.

SAF do Coritiba

Contratações da SAF não deram resultado esperado no Coritiba

Contratações da SAF não deram resultado esperado no Coritiba

A SAF já agitava os bastidores do Coritiba desde dezembro - quando Guto Ferreira foi demitido do cargo de treinador e deu lugar para António Oliveira. Em 2024, o processo de concretização da venda avançou e fez parte do dia a dia do clube.

O grupo Treecorp adquiriu 90% das ações do clube, com promessa de investimento de aproximadamente R$ 1,1 bilhão em um período de 10 anos. A oficialização só veio em junho, quando a juíza aprovou o acerto. Mas, antes disso, o grupo começou a atuar nos bastidores, com contato direto com com pessoas da diretoria e do departamento de futebol do Coritiba.

Essa informação foi confirmada ao ge por profissionais que estiveram no clube no início do ano. Segundo Paulo Thomaz de Aquino, a SAF já está presente desde novembro. Em entrevistas, a SAF nega que tenha participação em ações antes da oficialização.

Na oficialização do acordo, o presidente eleito do Coxa, Glenn Stenger, disse que a assinatura foi importante para trazer tranquilidade.

- Viemos de um momento muito dificil de transição. Foi uma transição demorada. Quando nós entramos, trabalhamos muito mais na correção de algumas coisas que a gente via. Mas não é o momento de apontar erro ou qualquer coisa individual. Estamos aqui primeiramente para assumir nossa responsabilidade - disse Artur Moraes, após a derrota para o Fluminense.

Mudanças de treinador

António Carlos Zago não é mais técnico do Coritiba

António Carlos Zago não é mais técnico do Coritiba

O Coritiba passou por três trocas de comando técnico em 2023. A primeira logo após a primeira rodada do Campeonato Brasileiro. António Oliveira não aguentou a pressão pelos resultados ruins e foi demitido. O problema é que, antes, o Coxa teve três semanas de intertemporada com o treinador e optou por seguir com ele, mas depois decidiu pela saída com a derrota para o Flamengo, na estreia.

Na vaga, o clube optou por Antônio Carlos Zago. O treinador comandou a equipe por 11 jogos e sempre com respaldo da SAF nas entrevistas. No entanto, ele encerrou sua passagem sem nenhuma vitória: foram quatro empates e sete derrotas.

A saída ficou marcada por uma forte coletiva após a goleada sofrida para o Grêmio, pelo Brasileirão. Zago criticou o elenco e toda a montagem do time no início do ano. Dois dias depois, ele foi desligado.

A bola da vez foi uma solução caseira. Então técnico do sub-20 do Coritiba Thiago Kosloski ganhou uma chance como interino.

No primeiro momento, a aposta deu certo. O Coxa bateu o Goiás, ganhou a primeira na Série A após 13 rodadas, e iniciou ali um embalo, com três vitórias e um empate.

O bom momento, porém, não durou muito tempo. O Alviverde chegou a ficar a um ponto de sair do Z-4, mas logo somou oito derrotas seguidas e se viu no fundo do poço novamente. Kosloski foi mantido no cargo, conseguiu melhorar o aproveitamento ao vencer mais alguns jogos, mas não foi o suficiente para evitar a queda.

E agora?

Na segunda-feira, o CEO do Coritiba, Carlos Amodeo, vai conceder uma entrevista coletiva onde deve dar mais detalhes do que o clube pretende fazer para 2024. Porém, o Coxa já vem pensando na próxima temporada há algumas semanas, antes mesmo de o rebaixamento ter sido confirmado.

Contratado no início de novembro, o novo executivo de futebol do Coritiba, Júnior Chávare, tem entre as funções a montagem do elenco para o ano que vem. Uma reformulação deve ocorrer, com poucas jogadores do time atual tendo sequência.

O novo dirigente trabalhará ao lado do Head Artur Moraes e do gerente Guilherme de Sousa. Além da montagem do elenco para 2024, Chávare vai trabalhar também em conjunto com as categorias de base, com foco na formação e transição de jogadores mais para o elenco profissional. A ideia do Coritiba é voltar a aproveitar mais os atletas formados no clube.

Em 2024, o Coritiba terá, além da Série B do Brasileiro, o Paranaense e a Copa do Brasil. Um ano em que a SAF terá que acertar o caminho para recolocar o clube na elite do futebol nacional.

- A lição que tiramos é que temos que ser agora, daqui pra frente, muito assertivos nas nossas escolhas, sermos frios, criteriosos no que vamos construir. A partir de agora, se projetar em uma equipe forte e competitiva no próximo ano - pontuou Artur Moraes.

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