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Por Emerson Rocha — Petrolina, PE


Em dez anos no ar, comemorados na quarta-feira, 29 de novembro, o ge Petrolina e Região contou algumas histórias curiosas. Teve corredor que colecionava idas a velórios, comentarista de futebol cego, time amador que dispensou Mané Garrincha, vestido de noiva com o escudo do Corinthians, atacante vendendo troféu para comprar máquina de fazer coxinha, ex-flamenguista fanático pelo Petrolina, carteiros ciclistas e muito mais.

Em dez anos, ge Petrolina e Região mostrou várias histórias curiosas do Sertão de Pernambuco — Foto: ge Petrolina e Região

Para comemorar a primeira década do portal, a seguir vamos relembrar essas histórias. Confira!

Maratonista desde 1997, Antônio Santos tinha um hobby pra lá de diferente. O atleta da Associação Petrolinense de Atletismo (APA) participou de várias provas pelo Brasil, sempre muito dedicado aos treinos. Lendo essa descrição todos poderiam perguntar, o que Antônio tem de diferente de outros atletas? A resposta é curiosa. Ele coleciona idas a velórios. Em 2013, a história ganhou destaque nacional, após ser publicada no ge Petrolina e Região, no dia do lançamento do portal.

Quando morrer, Antônio quer um velório com casa cheia — Foto: Emerson Rocha

Em 2014, o ge procurou novamente Antônio, para saber se a meta que ele tinha estabelecido para aquele ano, de comparecer a 900 velórios, havia sido quebrada. Como bom atleta, ele triturou o recorde. No dia de finados daquele ano, o caderninho do corredor já contabilizava 1.451 cerimônias.

Em seu caderno, o maratonista anota todos os velórios que participou — Foto: Emerson Rocha

– Esse ano tem morrido muita gente. Essa é minha melhor marca em um ano. Tenho me empenhado mais em ouvir rádio, ver TV, olho os sites. Se não morrer até dezembro, acho que chego a 1.500 – brincou Antônio, que ainda não morreu e, com certeza, bateu a meta.

Conheça a história de Maria lampião, torcedora fanática do Palmeiras de Petrolina

Conheça a história de Maria lampião, torcedora fanática do Palmeiras de Petrolina

No dia 30 de dezembro de 2013, o ge Petrolina e Região apresentou aos leitores a história de dona Maria Conceição Ribeiro ou, simplesmente, Maria Lampião. Na época, com 73 anos, ela recebeu nossa equipe e falou sobre suas duas grandes paixões: a igreja e o Palmeiras de Petrolina.

Maria Lampião com a camisa do time que ama e o santo de sua devoção — Foto: Emerson Rocha

Entre tantas histórias divertidas, relacionadas ao time do coração, dona Maria Lampião lembrou da vez que foi descoberta pelos colegas de trabalho, após ir escondida para o estádio.

- Um dia eu fui trabalhar, cheguei lá e fugi. Deixei uma colega minha no meu lugar e fui para o estádio. Quando eu cheguei na segunda-feira no trabalho, o pessoal estava me esperando cheios de perguntas. “Lampião, você foi pro jogo? Você não estava de plantão?”. E eu respondia: “Eu estava, mas fugi. E como é que vocês ficaram sabendo?”. “Eu ouvi seu nome no rádio. Você foi sorteada” – narrou dona Maria, que por mais de 30 anos trabalhou em um hospital de Petrolina.

Comentarista de futebol cego se destaca no sertão pernambucano

Comentarista de futebol cego se destaca no sertão pernambucano

Em outubro de 2014, o ge Petrolina e Região foi até Salgueiro para cobrir a partida do Carcará contra o CRB, pela Série C do Campeonato Brasileiro. No entanto, a principal atração do confronto estava nas cabines de imprensa do estádio Cornélio de Barros.

Cego desde os 8 anos, Valdenir Souza, que na época do jogo tinha 47, era o comentarista de uma das rádios que estavam transmitindo a partida. Para fazer os comentários, Didi, como é conhecido, prestava bastante atenção a cada palavra dita pelo narrador.

Mesmo sem enxergar desde criança, Didi virou comentarista esportivo — Foto: Emerson Rocha

– A gente tem que prestar muita atenção na partida, ficar atualizado. É muito importante prestar atenção no narrador, para podermos mostrar um grande trabalho para os ouvintes – explicou Didi, que é natural da cidade de Belém do São Francisco.

Ciclistas radicais de Salgueiro

Ciclistas radicais de Salgueiro

Em 2014, os amigos Cleber Santos e Hertz Cavalcante se destacavam em competições de downhill, bike trial e mountain bike. A parceria entre eles começou em 1997, assim como a carreira de entregador de cartas. Em Salgueiro, a dupla era conhecida como “os carteiros ciclistas”. A história deles foi destaque no ge Petrolina e Região.

Carteiros ciclistas de Salgueiro — Foto: Jadir Souza/TV Grande Rio

- Salgueiro era conhecida como o polígono da maconha. Nós ajudamos a mudar esse estigma. Mostramos que Salgueiro é a terra da bike, da banda Limão com Mel, de várias coisas boas – disse Hertz.

No aniversário de 32 anos da morte de Mané Garrincha, um dos maiores jogadores de futebol da história, o ge Petrolina resgatou o dia em que um time amador rejeitou o craque do Botafogo e da Seleção Brasileira.

Em 1973, Garrincha fez a alegria dos torcedores de Petrolina-PE e Juazeiro-BA — Foto: Reprodução/GloboEsporte.com

A matéria, publicada no dia 20 de janeiro de 2015, traz relatos de ex-jogadores que participaram do confronto e do repórter que cobriu a visita do craque. Segundo as fontes, o confronto foi entre Veneza, de Juazeiro, e América, de Petrolina, no estádio Adauto Moraes, na cidade baiana. Antes do jogo, ficou combinado que o Mané jogaria um tempo em cada equipe, mas nem tudo saiu como o esperado.

Marco Polo jogou ao lado de Garrincha no América de Petrolina — Foto: Emerson Rocha

– Fizeram um sorteio para ver em qual time ele jogaria primeiro, e deu Veneza. Aí atrasou para começar o jogo, e a gente esperando. Foi quando chegou a notícia de que o presidente do Veneza não aceitava Garrincha. Ele não queria mexer no time. O Veneza era muito bom. Não tinha vaga, nem sendo Garrincha – conta Marco Polo, um dos personagens do confronto.

Jogo entre Araripina e Petrolina é marcado por polêmicas

Jogo entre Araripina e Petrolina é marcado por polêmicas

Em agosto de 2015, Araripina e Petrolina se enfrentaram pela estreia da Série A2 do Campeonato Pernambucano. O confronto sertanejo teve tudo o que não pode ter em uma competição profissional. O torcedor que compareceu na noite de quinta-feira ao estádio Chapadão do Araripe, na cidade de Araripina, presenciou uma partida longe da normalidade.

As equipes fizeram um jogo cheio de curiosidades, a começar pelas escalações. Com apenas 11 jogadores com condições legais de ir para o confronto, o então técnico do Bode, Cleibson Ferreira, ficou sem banco de reservas e foi obrigado a escalar o goleiro Romero na linha.

Técnico Cleibson Ferreira não p��de fazer nenhuma substituição ao longo do jogo contra o Petrolina — Foto: Ednardo Blast/ TV Grande Rio

Na Fera Sertaneja, para evitar o WO, o técnico Neco mandou a campo um time inteirinho formado por jogadores irregulares. O Petrolina venceu o duelo por 3 a 1, mas como já era previsto, perdeu os pontos da partida no TJDPE.

– Eu estou aqui para ajudar o professor na posição que ele precisar. Sou goleiro, mas ele me improvisou de atacante. Nunca tinha jogado na linha – disse goleiro-atacante Romeiro, no intervalo da partida, quando o Araripina já perdia por 2 a 1.

Geralmente uma cerimônia de casamento serve para celebrar a união de duas pessoas que se amam. Mas em Petrolina, a pedagoga Emanuella Peixoto, aproveitou a ocasião para demonstrar também um outro amor, pelo seu time do coração, o Corinthians. Para isso, ela surpreendeu seu noivo, Álvaro Junior, durante o casamento realizado em março de 2015, com o emblema do Timão estampado no véu. O ge Petrolina, é claro, contou essa (s) história (s) de amor.

Corinthians Petrolina — Foto: Emanuella Peixoto/ Arquivo pessoal

- Quando conheci e comecei a namorar com Álvaro, que também é corintiano, pensei comigo mesma que se a gente se casasse eu ia fazer um véu do Corinthians. Pensei nisso também como uma forma de agradar meu pai e fazer um diferencial - revelou Emanuella, que compõe uma tradicional família do Bando de Loucos da região.

O pai da noiva é o aposentado Dâmaso Peixoto, que, na época, chamava atenção por todos os dias estampar as cores do time do coração.

A cidade de Santa Cruz, no Sertão Pernambucano, fica a quase 700 km do Recife. No pequeno município de pouco mais de 14 mil habitantes, a paixão futebolística se divide entre os clubes do eixo Rio-São Paulo. No entanto, o caso de um morador chama bastante atenção. Flamenguista quando criança, o agricultor Jonyclecio Farias de Souza deixou o clube carioca de lado para se dedicar de corpo e alma ao bem menos badalado Petrolina.

No coração de Jonyclecio só existe espaço para o Petrolina — Foto: Jonyclecio Farias / Arquivo Pessoal

O amor pela Fera Sertaneja é tão grande, que Jonyclecio resolveu transformar a pequena casa onde mora, no Sítio Aboboeira, a 8km da sede do município, em um santuário com as cores do time petrolinense.

Jonyclecio é torcedor fanático do Petrolina — Foto: Emerson Rocha

– Quem padroniza minhas coisas sou eu mesmo. Se não encontro para comprar, eu faço. Quando o cara é torcedor tem que ser torcedor de verdade. Fanático tem que ser assim, mostrar o amor pelo clube – diz.

Seleção Brasileira Master participam de jogo do Desafio dos Craques em Petrolina

Seleção Brasileira Master participam de jogo do Desafio dos Craques em Petrolina

Marcelinho Carioca, Donizete Pantera, Túlio Maravilha, Edilson Capetinha Biro-Biro, Flávio Conceição, Junior Penta, César Prates, Narciso, Gustavo Nery, Jean, Toninho e até o tetracampeão mundial de boxe, Acelino Popó Freitas. Em 2018, essa turma fez a alegria dos torcedores de Petrolina, no estádio Paulo Coelho.

Seleção Brasileira Master jogou em Petrolina — Foto: Juliane Peixinho/ GloboEsporte.com

O Desafio de Craques foi entre as seleções Master de Petrolina e a Brasileira, e terminou com um placar de 4 a 2 para o time convidado. O ex-atacante Túlio Maravilha aproveitou para engordar sua contagem de gols.

- Oficial é mil gols, eu encerrei a carreira pelo Araxá-MG e de lá muitos jogos festivos e beneficentes. Para não fugir da conta, com esse, foi 1.254 gols, mais ou menos assim, já passei o Pelé – brincou Maravilha.

Ex atacante do Petrolina, Ferrugem consegue a tão sonhada máquina de fazer coxinhas

Ex atacante do Petrolina, Ferrugem consegue a tão sonhada máquina de fazer coxinhas

Em 2021, o ex-atacante Ferrugem precisou tomar uma decisão difícil. Casado, pai de três filho e Desempregado, o jogador decidiu vender o troféu que ganhou como um dos destaques do Campeonato Pernambucano de 2003, quando defendia o Petrolina. O dinheiro arrecadado seria utilizado para comprar uma máquina de fazer coxinhas, para aprimorar a pequena lanchonete da família, na cidade de Saúde, na Bahia.

Ex-atacante, Ferrugem queria leiloar o troféu que ganhou como craque do Petrolina no Pernambucano de 2003 — Foto: Arquivo pessoal

O ge Petrolina contou essa história no dia 8 de julho daquele ano. A matéria teve repercussão nacional e terminou com um final feliz. Um empresário de São Paulo leu a reportagem e decidiu ajudar, doando a máquina de salgados. A única exigência era que Ferrugem mantivesse o troféu onde ele sempre esteve, exposto na estante da sala da família.

Ferrugem e a família comemorando a chegada da máquina de salgados — Foto: Arquivo pessoal

- Queria agradecer primeiramente a Deus por ter me dado essa ideia de leiloar o troféu, uma das minhas conquistas no futebol. Agradecer ao dono da empresa, o senhor Victor Cortez, que leu a matéria, se sensibilizou e fez com que eu não precisasse me desfazer do troféu, doando a máquina. Agradecer de coração aquelas pessoas que ficaram na torcida. Se Deus quiser, agora é só sucesso – disse Ferrugem.

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