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Por GloboEsporte.com — Salgueiro, PE


Melhores momentos: Salgueiro-PE 0 x 2 Flamengo pela 2ª fase da Copa do Brasil 2015

Melhores momentos: Salgueiro-PE 0 x 2 Flamengo pela 2ª fase da Copa do Brasil 2015

No dia 22 de abril de 2015, Salgueiro e Flamengo se enfrentaram pela segunda fase da Copa do Brasil. Assim como em 2013, quando chegou nas oitavas de final e jogou contra o Internacional, o Carcará voltava a enfrentar um dos gigantes do futebol brasileiro. A partida contra os cariocas mexeu com o Sertão de Pernambuco.

A expectativa pelo confronto contra o rubro-negro começou 20 dias antes, após o Salgueiro eliminar o Piauí na primeira fase e o Flamengo despachar o Brasil de Pelotas. Com a confirmação do duelo, os torcedores salgueirenses inundaram as redes sociais.

Jogo no Salgueirão e ingresso a R$ 100

O jogo entre Salgueiro e Flamengo gerou várias questões. A primeira, era em relação ao local onde a partida seria realizada. Existia a possibilidade do confronto ir parar na Arena de Pernambuco. Na época, o então presidente do Carcará, Clebel Cordeiro, tranquilizou o público local.

Clebel Cordeiro, presidente do Salgueiro em 2015 — Foto: Amanda Franco

– Não existe possibilidade nenhuma do jogo sair de Salgueiro. O time representa uma cidade, uma região, por que sairia daqui? Nossa população já é tão sofrida, então por que vamos tirar daqui? - disse.

De fato, o jogo não saiu de Salgueiro, mas, para ver a partida no estádio Cornélio de Barros, foi preciso mexer no bolso. Os ingressos foram vendidos a R$ 100 para os torcedores do Carcará e R$ 200 para os visitantes.

Corações divididos

Não é segredo para ninguém que o Flamengo tem uma legião de torcedores espalhados pelo Brasil. Em Salgueiro, não é diferente. A torcida pelo time carioca e pela equipe da cidade, fundado em 2005, seguiu sem conflitos até a confirmação do jogo entre os dois.

Flamenguista desde 1978 e torcedor do Salgueiro desde a fundação do clube, Nilton Vieira, na época, teve que escolher um lado.

Torcida Salgueiro e Flamengo — Foto: Emerson Rocha

– Ver o Flamengo vai ser um sonho de todos nós, principalmente com um time que eu gosto. Mas, na hora do jogo, eu sou Carcará. Sou pernambucano, é o time da minha cidade – disse o torcedor na época do jogo.

O filho de Nilton, o Nilton Junior, preferiu ficar do outro lado da arquibancada, torcendo para o time carioca.

– Essa foi uma indecisão grande, porque torço para o Flamengo desde que nasci. É um sonho ver o time jogando e o Salgueiro eu acompanho sempre, todo jogo eu estou no estádio. Foi uma decisão complicada. Mas nesse jogo, vou ficar na torcida do Flamengo.

Momento do Salgueiro

Aquele mês de abril foi um dos mais agitados da história do Salgueiro. O clube estava na semifinal do Campeonato Pernambucano, onde enfrentaria o Sport, e vivia a expectativa do jogo contra o Flamengo, pela da segunda fase da Copa do Brasil.

Salgueiro x Sport, semifinal do Pernambucano de 2015 — Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press

Se na competição nacional o time do técnico Sérgio China acabou sendo eliminado, no estadual a equipe sertaneja conseguiu eliminar o Leão da Ilha, chegando pela primeira vez na final. O título terminou fincando com o Santa Cruz.

A chegada

Setorista do Flamengo no GloboEsporte.com, o jornalista Cahê Mota descreveu a chegada do time carioca como “Frisson rubro-negro no sertão de Pernambuco”. Os torcedores rubro-negros Depois de ser recepcionado com desfile de motocicletas em Juazeiro do Norte, no Ceará, o Flamengo foi muito festejado por cerca de 300 torcedores que ignoraram o forte calor no feriado de Tiradentes e fizeram vigília na porta do hotel onde a delegação ficou hospedada em Salgueiro.

Flamengo em Salgueiro — Foto: Cahê Mota / GloboEsporte.com

Na noite da véspera do jogo, o técnico Vanderlei Luxemburgo fez um treino no estádio Cornélio de Barros. De acordo com a Polícia Militar, sete mil fanáticos acompanharam inquietos o trabalho, com histeria desde a chegada de Ronaldo Angelim, antes mesmo da delegação, até o adeus do treinador, último a deixar o gramado. Para ter acesso ao estádio, cada torcedor teve que doar 1 kg de alimento.

O grande dia

O Cornélio de Barros ficou lotado no dia do jogo, com pessoas de várias cidades da região. O clima de festa nas arquibancadas era contagiante. Nem a queda de energia dentro do estádio antes da bola rolar diminuiu o ânimo dos torcedores.

Salgueiro x Flamengo, Copa do Brasil — Foto: Chico Peixoto/Agência Estado

Pensando na decisão contra o Sport, Sérgio China escalou o Salgueiro com algumas mudanças. O time foi a campo com: Luciano, Ranieri, Tamandaré, Rogério e Lúcio; Pio, Moreilândia, Rodolfo e Paulinho Mossoró; Cássio e Vitor Caicó. Luxemburgo escalou o Flamengo com: Paulo Victor, Pará, Bressan, Wallace e Pico; Jonas, Márcio e Arthur Maia; Everton, Marcelo e Gabriel.

Com a bola rolando, valeu a superioridade do Flamengo, que acabou vencendo com gols de Arthur Maia, aos 39 do primeiro tempo, e Marcelo Cirino, aos 2 da etapa final. Como o regulamento da Copa do Brasil da época previa, até a segunda fase o visitante que vencesse por dois ou mais gols de diferença ficaria com a vaga, sem a necessidade do jogo de volta.

Polêmica da bilheteria

O Cornélio de Barros ficou lotado. Como venceu, o Flamengo teria direito a 60% da bilheteria. No entanto, a despedida do time carioca do interior de Pernambuco foi com polêmica e insatisfação. A diretoria rubro-negra não concordou com a público divulgado pelos donos da casa no momento da divisão da renda. Mesmo visualmente quase lotado, o borderô apontou 4.900 pagantes, o que revoltou os cariocas, uma vez que a carga foi de 12 mil ingressos. A renda não foi divulgada.

Depois do jogo, teve polêmica em relação ao borderô — Foto: Emerson Rocha

– O Salgueiro e a Federação Pernambucana colocaram à disposição do Flamengo todos os ingressos que foram emitidos, a leitura das catracas e todas as sobras de ingressos. Matemática não tem diferença: você conta o que tem e o que foi emitido, o que sobrou, é o que tem dentro do estádio. Existem crianças, que são gratuidades por força de lei, autoridades, deficientes e ingressos emitidos para patrocinadores. Tudo isso entra como público geral e não entra como público pagante. Um ingresso para um jogo com o valor de R$100 e R$200 para o Sertão não é um preço barato. Uma renda de R$ 570 mil em um evento, não é todo dia que acontece, é um fato inédito no Sertão. Então, acho que os números refletem a posição exata e correta. Agora, reconhecer ou não fica a critério do clube – disse Falcão.

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