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Por Expedito Madruga * — João Pessoa


O desejo do Santa Cruz ingressar no Brasileiro da Série D via tapetão se esvaiu nesta semana com a negativa do STJD ao indeferir o pleito do clube pernambucano, que queria substituir o Democrata de Sete Lagoas da competição. Por mais que fosse uma decisão previsível, a ação remete ao desespero de ficar sem calendário durante nove meses da temporada.

Torcedores do Santa Cruz vão à sede do STJD pedir vaga na Série D — Foto: Arquivo Pessoal

Logo após a derrota na Justiça Desportiva, o Santa Cruz partiu para outro projeto ambicioso: criar um torneio com os clubes sem série. A ideia do Bruno Rodrigues é entrar em contato com Portuguesa, Paraná, Joinville e Campinense para saber a viabilidade.

Bem, do jeito que se apresenta, não vai sair do papel. Há problemas como patrocínio, arbitragens e até mesmo a logística interna. O próprio Santa Cruz, por exemplo, desfez-se do time. O técnico Itamar Schülle e o diretor de futebol Francisco Sales estão emprestados para o Retrô. O Campinense, em que pese a crise política que se arrasta há anos, também já dispensou todo mundo após a eliminação na primeira fase do Campeonato Paraibano.

Campinense e Santa Cruz na decisão da Copa do Nordeste de 2016. Oito anos depois, ambos estão sem calendário no futebol brasileiro — Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press

Mas a ideia é boa. A CBF bem que poderia criar uma Série E (quinta divisão) para acomodar os 20 melhores times de seu ranking que estejam sem calendário. Até porque muitas vezes uma má campanha no estadual pode ser o ponto de partida para um ciclo vicioso: sem calendário, sem patrocínio... E sem dinheiro, a perspectiva de não ter calendário no ano seguinte é ainda maior.

Sair desse buraco é, muitas vezes, mais complicado do que jogar uma Série B, por exemplo. Porque lá, existe dinheiro, transmissão e visibilidade. E o clube pode se dar ao luxo de até não ir bem no estadual, que tem uma segunda chance garantida na temporada.

Depois de muitos anos disputando o Brasileirão, o Paraná Clube não conseguiu sair da segunda divisão do Paranaense — Foto: Rui Santos/Paraná

E se a CBF adotasse o critério ora sugerido para criar uma Série E?

O ge fez um levantamento dos 20 clubes sem calendário que estariam garantidos na disputa de acordo com o ranking da CBF de 2024:

  1. Santa Cruz-PE
  2. Paraná Clube-PR
  3. Campinense-PB
  4. Oeste-SP
  5. Bahia de Feira-BA
  6. Atlético-BA
  7. Globo FC-RN
  8. Tuna Luso-PA
  9. Marcílio Dias-SC
  10. Operário VG-MT
  11. 4 de Julho-PI
  12. Aimoré-RS
  13. São Luiz-RS
  14. Azuriz-PR
  15. São Bento-SP
  16. Vitória-ES
  17. Operário-MS
  18. Caucaia-CE
  19. Boavista-RJ
  20. Boa Esporte-MG

* Caldense e Pouso Alegre, que estariam rankeados entre os vinte, abriram mão da vaga na Série D

O Boavista decidiu a Taça Rio contra o Botafogo, mas não vai jogar nenhuma das quatro séries do Campeonato Brasileiro — Foto: André Durão

Evidentemente que nem todos teriam interesse. Ou mesmo condições de jogar. Mas, por justiça, teriam esse direito. Não só pela tradição, mas por tudo que fizeram nos últimos anos no futebol brasileiro - vamos lembrar que o Ranking da CBF prioriza os resultados dos últimos 5 anos.

Com vaga garantida na Série D só em 2025, a Portuguesa não terá mais compromissos após a boa campanha no Paulistão — Foto: Dorival Rosa / Portuguesa

A Série E seria uma divisão rotativa. Premiaria os quatro melhores colocados com uma vaga na Série D do ano seguinte sem a necessidade de conseguir esse direito via estaduais. Ao mesmo tempo, manteria em atividade clubes tradicionais com grande engajamento de torcida.

A CBF bem que poderia ver com carinho essa possibilidade.

* Expedito Madruga é jornalista e coordenador de esportes da Rede Paraíba.

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