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Por Guilherme Roseguini e Marcel Merguizo — Nova York e São Paulo


No esporte de elite, a visão é um sentido humano é testado ao extremo. Uma visão apurada significa dar conta de tarefas complexas, como, por exemplo, acertar o centro de um alvo sem sequer conseguir enxergá-lo.

- Eu não vejo. Na hora em que o alvo está a 50 metros, ele vira uma enorme bola preta, que eu consigo enquadrar numa mira circular. Então eu tento colocar concentricamente o círculo que esta na frente nesse círculo aqui (a mira) - explica o atirador olímpico Cassio Rippel.

Sentidos olímpicos: a visão dos atletas

Sentidos olímpicos: a visão dos atletas

No tiro esportivo, a regra autoriza os competidores a utilizarem na arma um sistemas de filtros coloridos, que atenuam a luminosidade e permitem que eles tenham maior nitidez na visualização do que precisam acertar. Na carabina de ar, por exemplo, o atleta fica a 50 metros de um alvo que tem o tamanho equivalente ao de um tablet. Mas eles precisam mirar mesmo no centro, do tamanho de um grão de feijão. Os atiradores bons de verdade acertam 60 tiros seguidos nesse minúsculo círculo central. Vale lembrar que tudo parte de uma arma segurada pelos braços dos competidores e que, assim, jamais fica totalmente parada.

- Se a ponta do cano estiver indo para o centro e eu disparo no momento em que ela está indo para o centro, será um dez. Então, esse movimento em si é o que a gente treina para coordenar a visão com a reação do gatilho - diz Rippel.

Cássio Rippel tiro esportivo — Foto: Divulgação/Time Rippel

Em outros esportes, o desafio está na velocidade, por conta de um limite biológico, que todos temos. É o caso do tênis. O cérebro de um atleta demora dois décimos de segundo para perceber o movimento da bola através dos olhos e planejar a ação do corpo pra alcançá-la. Em um saque de 250 km/h, por exemplo, a bola percorre mais da metade da quadra nesse tempo. Ou seja, quando o tenista compreende a trajetória, ela já está a 10 metros do corpo dele e as chances de rebatê-la, então, são mínimas.

A visão, então, é usada de outra forma. No momento da execução do saque, os atletas ficam de olho em pequenos detalhes de movimentos do rival, coisas que parecem banais para quem vê de fora, mas que servem para indicar qual destino a bola vai tomar. E, assim, eles se antecipam para conseguir uma rebatida.

- Geralmente, pela sua rotação de tronco dá pra identificar, se ele gira um pouco mais a tendência e sacar pro lado de cá, se ele se abre um pouco mais, é porque ele precisa girar mais. A outra é o "toss", o lançamento da bola. Um pouquinho mais em cima da cabeça, mais atrás da cabeça, e você consegue enxergar se ele vai dar um slice, ou um kick, um saque com mais efeito. O giro que vai dar e o lançamento da bola - explica o tenista Bruno Soares.

Bruno Soares no Masters de Paris — Foto: Jean Catuffe /Getty Images

Essa arte de adivinhar o que o oponente vai fazer é especialmente relevante na esgrima. Também pudera. Tudo ocorre tão depressa que dependemos de sensores colocados nas armas dos atletas para indicar quem acertou quem. Em alguns casos, até os competidores se surpreendem.

- Você pensa que conseguiu o toque, mas, na verdade, quem conseguiu foi o adversário. Isso pode sim acontecer - afirma a campeã mundial de esgrima Nathalie Moellhausen.

São situações que não ocorrem por acaso. O esgrimista treina não apenas para executar suas ações em altíssima velocidade, mas também para não dar pistas ao rival sobre o que pretende fazer. É uma dança milimétrica, criada especialmente para enganar os olhos.

- O jogo, então, se converte em uma luta entre quem vai ter essa capacidade de perceber essa provocação ou essa ação. Eu, como esgrimista, sei que o meu objetivo é que minha ação seja o mais invisível possível para o meu adversário - diz Nathalie.

Nathalie Moellhausen veste o novo uniforme de esgrima desenhado por ela mesma — Foto: Divulgação

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