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Por Lucas Espogeiro e Priscilla Basilio — Rio de Janeiro


Último compromisso antes das Olimpíadas de Paris, a Liga das Nações feminina de vôlei terminou. Depois de uma campanha histórica na primeira fase, com 100% de aproveitamento em 12 jogos, o Brasil perdeu para o Japão na semifinal e para a Polônia na disputa pelo bronze. Um desfecho amargo, mas que, de acordo com comentaristas da Globo, não pode apagar os aspectos positivos mostrados pela seleção ao longo do campeonato.

Brasileiras celebram ponto na Liga das Nações feminina de vôlei — Foto: FIVB

O ge conversou com Fabi e Nalbert, e os dois campeões olímpicos apontaram os pontos fortes da equipe comandada por Zé Roberto Guimarães. Nas análises, valorizaram a consistência da seleção brasileira, por exemplo.

– Foram 15 jogos, com 13 vitórias (a 13ª veio contra a Tailândia, nas quartas). Não tem como não ver coisas positivas. Um time consistente na primeira fase, que cresceu no saque. Houve muitos testes, e o Zé pôde dar rodagem para todo mundo. É a única competição que antecede os Jogos Olímpicos e serve para fazer ajustes, tirar as dúvidas. O time conseguiu corresponder muito bem, principalmente na etapa classificatória – avaliou Fabi.

Brasil termina a Liga das Nações em quarto lugar

Brasil termina a Liga das Nações em quarto lugar

Nalbert ainda aproveitou para enfatizar que os 13 triunfos seguidos nas 13 primeiras partidas da VNL fizeram com que o Brasil assumisse a liderança do ranking mundial (hoje ocupada pela Itália). Assim, a seleção verde e amarela foi cabeça de chave no sorteio dos grupos das Olimpíadas.

– Terminamos em quarto na Liga das Nações, sem medalha, mas, no geral, foi uma competição consistente. O primeiro lugar (temporário) no ranking (mundial) facilitou demais o sorteio (dos Jogos de Paris). Em termos de resultado, essa foi a grande façanha. A fase classificatória elevou o Brasil de patamar para poder ter uma competição menos difícil em Paris – comentou Nalbert.

Apesar de não ter caído no “grupo da morte” das Olimpíadas, a seleção brasileira ainda vai encarar adversários complicados. Enfrentará Japão e Polônia, únicos algozes na VNL. O outro oponente será o Quênia, que se classificou para os Jogos pelo critério da universalidade e representará o continente africano.

– Sabemos bem que os times dirigidos pelo Zé Roberto têm muito volume e organização tática. Nosso elenco é homogêneo e pode brigar de igual para igual contra qualquer seleção do mundo – disse Nalbert.

Zé Roberto na Liga das Nações feminina de vôlei — Foto: Volleyball World

Se os pontos fortes do Brasil não podem ser esquecidos, também é preciso reconhecer que as derrotas nas últimas duas partidas da Liga das Nações deixam lições. Fabi se preocupa com o fato de a seleção ter permitido sequências de pontos aos adversários em momentos cruciais dos jogos. Por exemplo: no fim do primeiro set contra o Japão, na semifinal, as brasileiras venciam por 24 a 21, mas permitiram a virada (24 /26).

Na visão de Nalbert, esses momentos de dificuldade estão relacionados às características ofensivas do elenco:

– A instabilidade se dá pelo fato de não termos uma grande derrubadora de bolas. Talvez a única jogadora fora de série seja a Gabi, uma das melhores do mundo. Ela eleva nosso patamar, mas não resolve todos os problemas. Outras equipes têm opostas muito fortes, que podem desempacar algumas redes, e o Brasil sofreu com isso. Tomava quatro, cinco pontos seguidos, o que acabava sendo um grande problema. A Polônia, por exemplo, tem a Stysiak. A Itália conta com duas opostas fortíssimas: Egonu e Antropova. Nas Olimpíadas, certamente a Sérvia estará com a Boskovic. São atacantes extraordinárias – apontou, antes de indicar possíveis soluções para a seleção brasileira:

– Temos opções. Ana Cristina, por ser uma grande atacante, pode fazer uma dupla função, atuando como ponteira e oposta. Rosamaria foi bem atuando na posição de oposta, mas precisamos entender que ela é mais técnica do que de pura força. Trabalhar bem com elas pode ser importante para, no meio de um jogo, quebrar todas as estratégias preparadas pelos adversários.

Ana Cristina foi a segunda maior pontuadora do Brasil na Liga das Nações — Foto: Volleyball World

De olho nas jogadoras

Ao longo da Liga das Nações, as 18 atletas convocadas foram relacionadas por Zé Roberto. Metade delas esteve à disposição em todas as 15 partidas: Ana Cristina, Gabi, Diana, Macris, Nyeme, Roberta, Natinha, Carol e Júlia Bergmann. Rosamaria e Pri Daroit só ficaram de fora uma vez.

Thaísa e Lorenne chegaram à VNL lesionadas. A central perdeu os primeiros quatro jogos, disputados no Rio de Janeiro, mas voltou ao time e assumiu papel de destaque. A oposta, por outro lado, só se recuperou depois e foi relacionada para duas partidas. Não esteve em quadra na fase final.

Lindo bloqueio de Thaisa na Liga das Nações

Lindo bloqueio de Thaisa na Liga das Nações

Com Rosamaria estável como oposta titular, Kisy e Tainara se revezaram na condição de reserva. A primeira foi relacionada para 10 jogos, e a segunda esteve à disposição de Zé Roberto em nove. Mesmo assim, Tainara marcou mais pontos na VNL: 42 contra 24.

Inicialmente convidadas para os treinamentos da seleção, as jovens Luzia e Helena acabaram convocadas para a Liga das Nações, mas não jogaram muito. A dupla deve receber mais chances no próximo ciclo olímpico. Júlia Kudiess, que sofreu grave lesão ainda no início da VNL, também está nos planos para o futuro pós-Paris.

Julia Kudiess sofre lesão ligamentar no joelho durante partida de vôlei

Julia Kudiess sofre lesão ligamentar no joelho durante partida de vôlei

O Brasil não teve representantes na seleção da Liga das Nações feminina, mas algumas atletas se destacaram. A capitã Gabi terminou como terceira maior pontuadora do torneio, com 249 pontos, e a terceira melhor atacante (224 pontos). A camisa 10 ainda subiu ao pódio no ranking das principais recebedoras, só ficando atrás de Chatchu-On, da Tailândia, e Hayashi, do Japão.

Gabi salva jogada de forma incrível em Brasil x Polônia

Gabi salva jogada de forma incrível em Brasil x Polônia

Atletas brasileiras também tiveram bons números em outros fundamentos. Carol, por exemplo, foi a maior bloqueadora da VNL, com 50 pontos. A líbero Nyeme ocupou a segunda posição no ranking de defensoras, com 167 bolas salvas ao longo do torneio.

No saque, Ana Cristina, Roberta e Júlia Bergmann lideraram a seleção brasileira, com 13 aces cada. O papel de Bergmann na equipe, inclusive, rendeu elogios de Fabi:

– Acho que ela foi o ponto alto nos momentos de maior pressão. Já tinha jogado outras edições da Liga, mas foi a primeira vez em que sentiu a necessidade de entrar e corresponder. Júlia foi uma das referências, dividiu com a Gabi a responsabilidade. Sabemos que é uma característica brasileira o bom jogo coletivo. O Brasil se sobressai nisso, para fazer frente às grandes forças, aos times que têm uma jogadora para carregar o maior número de bolas.

Júlia Bergmann em Brasil x Polônia — Foto: Volleyball World

A comentarista bicampeã olímpica também gostou das atuações de Roberta, Macris e Nyeme e crê que as três estarão na lista das Olimpíadas de Paris. Para Fabi, só uma posição parece em aberto:

– A maior dúvida do Zé está nas opostas. Se leva duas ou três, se a Rosa vai para cumprir as duas funções (oposta e ponteira). Minha visão é de que ele tem poucas incertezas, já está com 90% do time definido na cabeça, incluindo levantadoras, centrais e líbero. Talvez utilize os treinos agora para tomar as últimas decisões, algo que é sempre muito difícil para a comissão técnica e para as atletas.

Com o fim da Liga das Nações, as jogadoras do Brasil ganharão dias de descanso, mas logo se apresentarão para um período de treinamentos em Saquarema, no CT da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Depois, as convocadas para os Jogos de Paris irão à França. A lista olímpica poderá ter 12 atletas, e uma 13ª acompanhará a delegação, para ser acionada em caso de corte.

– Zé Roberto é especialista em pegar tudo que aconteceu até agora e melhorar para a próxima competição, a mais importante de todas – completou Nalbert.

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