Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, Sérvia, Japão, Holanda, Itália, Tailândia, Polônia, Alemanha, Bulgária e Turquia. Doze adversários e doze triunfos. Sem tomar a vitória por garantida, mas com a postura de uma equipe consciente do trabalho feito nos treinos, a seleção feminina brasileira produziu a melhor campanha inicial em seis edições da Liga das Nações. Agora, na Tailândia, a equipe segue firme para as quartas de final e pode conquistar o sonhado título inédito.
Nas cinco últimas participações, a equipe feminina teve pelo menos uma derrota na fase inicial da competição, e chegou às etapas finais em quatro delas. Em 2018, primeiro ano da Liga das Nações, o Brasil perdeu para a Turquia nas semifinais, e ainda foi derrotado pela China na disputa pelo terceiro lugar. Nos anos seguintes, 2019, 2021 e 2022, a seleção chegou às finais, mas foi superada nas três edições, ficando com o vice-campeonato. Em 2023, edição da pior campanha brasileira, o time parou ainda nas quartas, depois de perder por 3 sets a 1 para a forte seleção chinesa.
Desta vez, a história é diferente. A equipe do técnico José Roberto Guimarães superou todas as expectativas e terminou a primeira etapa não apenas invicta, como em primeiro lugar da competição. Junto à colocação da VNL, veio também o topo do ranking mundial, em um momento especialmente importante, a quase um mês dos Jogos Olímpicos de Paris. Com o resultado, o grupo entra nas quartas de final como favorito, e vai encarar a Tailândia, 14ª do mundo, com a tranquilidade de poder acreditar no primeiro título do país.
O Brasil enfrentará a Tailândia nas quartas de final da VNL, nesta quinta (20), às 10h30 (de Brasília). O sportv2 transmitirá, e o ge acompanhará em tempo real.
Brasil x Tailândia
Na análise do primeiro confronto do Brasil pelas quartas de final, Zé Roberto chama a atenção para as combinações do ataque das tailandesas. O técnico acredita que, apesar das adversárias não estarem entre as melhores seleções do mundo, a partida inicial do "mata-mata" pode ser mais desafiadora devido às combinações de ataque e à rapidez das anfitriãs.
- Se elas conseguirem jogar com o passe na mão, será muito difícil de marcar. Então, nosso principal objetivo é quebrar o passe com saque agressivo. Depois, o sistema defensivo funcionar. As jogadoras tailandesas são velozes e têm uma técnica apurada. Não é um ataque muito alto, mas muito preciso e eficiente nos desvios de bloqueio. Vão exigir mais concentração do que o normal, porque, com elas, o tempo de resposta é mais curto - avaliou.
Para Nalbert, campeão olímpico pela seleção masculina de vôlei em Atenas 2004, e comentarista do sportv, as chances estão do lado verde-amarelo da quadra, no primeiro confronto das quartas da Liga das Nações, que pode ser um passo importante rumo ao título.
- Surgiu a oportunidade de vencer a Liga das Nações, pegamos um cruzamento muito bom, com a Tailândia. Não vejo como uma grande seleção no mundo hoje em dia. O Brasil é o melhor time do momento. Não significa que será o melhor time nas Olimpíadas, mas vencer a VNL é uma grande oportunidade em termos de moral e confiança - analisou.
Para a ex-comandada de Zé Roberto, a bicampeã olímpica (2008 e 2012) e comentarista da sportv, Fabi Alvim, cada seleção chegou à VNL com um objetivo próprio, especialmente por se tratar de um ano olímpico. No caso do Brasil, a ex-jogadora acredita que o foco era usar a competição como um laboratório para Paris, o foco inicial tenha sido usar a competição como uma preparação para as Olimpíadas, mas que, jogo a jogo, a equipe cresceu, ganhou confiança e virou forte candidata ao troféu.
Mesmo favorita, ainda há espaço para evoluções no caminho para o título inédito e para os Jogos Olímpicos na visão de Fabi. O papel da ponteira Gabi no funcionamento do time, por exemplo, é algo importante, mas é preciso tomar cuidado para não sobrecarregá-la, fortalecendo o sistema defensivo.
Liga das Nações: Brasil vence e vai pegar a Tailândia nas quartas
- Foi um ponto de alerta a necessidade extrema de ter a Gabi. O time é coletivo, mas ela acaba chamando a responsabilidade. É uma equipe que tem uma característica defensiva muito grande, bloqueia muito bem, defende muito bem. Se conseguirmos aproveitar o contra-ataque, vamos melhorar muito - analisou Fabi.
Entre o título inédito e a contagem regressiva para Paris, Zé Roberto teve decisões difíceis a tomar, como a definição da equipe inscrita para os Jogos. Nesta terça-feira, o técnico brasileiro fez sua primeira convocação com as 25 jogadoras que podem representar o país na maior competição do planeta.
Título inédito
Apesar de o título jamais alcançado pelo Brasil na VNL não ser um fator diretamente decisivo na campanha olímpica, para Fabi, o peso de um troféu em um campeonato mundial às vésperas do Jogos pode levantar ainda mais a moral da equipe brasileira, que já vem construindo uma campanha de sucesso e de respeito, diante das outras seleções.
- Ganhar o título inédito seria incrível para o Brasil, daria moral, mas que também não seja uma armadilha para acreditar que está tudo bem. Confio no Zé, acho que vai gerir muito bem o ambiente. A Liga das Nações não será determinante para um resultado bom ou ruim nas Olimpíadas, mas trabalhar com o vento a favor seria legal - projetou Fabi, comentarista do sportv.
Para a ponteira Gabi, maior pontuadora da seleção feminina na VNL, é mais importante pensar no "jogo a jogo" do que nos adversários futuros. Festejada em Bangkok pelos fãs locais, que prometeram torcer por sua vitória contra a Tailândia, a capitã acredita que os holofotes estarão voltados para o Brasil, e que isso pode dificultar o jogo.
– A tônica da equipe tem sido pensar jogo a jogo, no nosso crescimento, mais do que pensar nos adversários. Vamos trabalhar parte técnica, mental, física e tática. A comissão técnica faz um trabalho excelente. Entendemos o que precisamos fazer e estamos na mira dos adversários. Agora o trabalho será ainda mais difícil. Os times estão nos visando - contou.
Visibilidade brasileira e Olimpíadas
Com a campanha do Brasil na Liga das Nações e as evoluções técnicas da equipe, a reputação da seleção verde e amarela tem crescido e, consequentemente, o time tem virado preocupação para os maiores rivais no ranking, como Itália e Turquia. Para Nalbert, essa transição de possível campeão para favorito pode ser um diferencial rumo a Paris.
- Outros times, que talvez desconsiderassem o Brasil como possível medalhista de ouro, agora, veem que a seleção evoluiu e, com toda a tradição que tem e com a estrela do Zé Roberto, já estão olhando preocupados. Esse jogo mental antes de chegar às Olimpíadas é sempre importante. Temos um time pronto, homogêneo, experiente e que ainda vai melhorar. Tenho convicção de que, nas Olimpíadas, o Brasil vai arrebentar - disse Nalbert, comentarista do sportv.
Para Fabi, a tradição da equipe pode contar tanto quanto à recente campanha vitoriosa na VNL, no que diz respeito a como o Brasil é visto por seus rivais.
- Eu tenho certeza de que nossos adversários nos conhecem muito bem. O mundo respeita o voleibol brasileiro pelas conquistas e pela capacidade de sempre brigar pelo pódio. Quando se pede para técnicos listarem candidatos ao título, é quase impossível que não coloquem o Brasil. O bom desempenho só reforça esse respeito que as outras equipes têm pela seleção brasileira - comentou.
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