As mudanças na realeza do tênis masculino estão se acelerando em 2024, e o feminino não fica para trás. Pela primeira vez, os dois primeiros lugares do ranking mundial são ocupados por jovens nascidos no século 21. Entre os homens, o italiano Jannik Sinner, de 22 anos, nascido em 2001, é o número 1 do mundo, seguido pelo espanhol Carlos Alcaraz, de 20 anos,que nasceu em 2003. Entre as mulheres, o topo do ranking é da polonesa Iga Swiatek, 23 anos, nascida em 2001, com o segundo lugar da americana Coco Gauff, 20 anos, e que só veio ao mundo em 2004.
A realeza do tênis: a nova geração domina as quadras — Foto: Infoesporte
No masculino, as mudanças são mais evidentes porque apontam para o fim de um domínio de 20 anos. Tanto que os ares de Roland Garros não sopraram a favor de nomes já consagrados na quadra de saibro, como o espanhol 14 vezes campeão Rafael Nadal, de 38 anos, e o sérvio tricampeão Novak Djokovic, de 37. Após a aposentadoria do suíço Roger Federer em 2022, Nadal e Djokovic seguiram ganhando torneios como os dois remanescentes do chamado Big 3, trio de tenistas que dominou o esporte nas últimas duas décadas. Mas os últimos meses parecem anunciar o início de um novo ciclo, liderado por Carlos Alcaraz, de 21 anos, campeão de Roland Garros neste ano, e Jannik Sinner, de 22 anos, que tomou de Djokovic o posto de primeiro lugar no ranking mundial.
Alcaraz, de apenas 21 anos, beija o troféu de Roland Garros — Foto: Getty Images
Pela primeira vez em vinte anos, uma final de Roland Garros não teve nem Federer, já aposentado, nem Nadal ou Djokovic, ainda em atividade, mas sofrendo com lesões que não os deixaram chegar nem mesmo às semifinais. Os semifinalistas na quadra de saibro de Paris neste ano foram o espanhol Carlos Alcaraz, de 20 anos; o italiano Jannik Sinner, de 22; o norueguês Casper Ruud, de 25; e o alemão Alexander Zverev, de 27. Juntos, os quatro tenistas com uma média 23,75 anos. Alcaraz, de 21 anos, foi o campeão do torneio, o seu terceiro título de Grand Slam.
— Temos um novo momento no tênis, já sem a dominância do 'Big 3', temos a nova geração chegando e conquistando os lugares mais altos do ranking. Acho que Alcaraz e Sinner realmente subiram a barra dessa nova geração. Acho que quem ganha com isso tudo é o tênis e os fãs de tênis — avalia o comentarista e ex-tenista Bruno Soares, que foi número 2 do mundo em duplas, disputa na qual venceu um Australian Open e dois US Open.
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Sem os três grandes, Bruno Soares comenta sobre nova geração do tênis
O torneio também promoveu mudanças no topo do ranking. Com a desistência de Novak Djokovic antes das quartas de final de Roland Garros por causa de uma lesão no menisco do joelho direito, o italiano Jannik Sinner, de 22 anos, ascendeu à posição pela primeira vez na carreira. Alcaraz, campeão nesta temporada e que já esteve no primeiro lugar do ranking em outras ocasiões, subiu à segunda colocação.
— O Nadal, por conta das lesões, acabou ficando praticamente sem ranking, então acho que ele teve azar na chave de encarar o Zverev, que também é um grande jogador, logo na primeira rodada. Acho que é o momento dessa nova geração. Pelas condições físicas também, pois são jogos que têm muito desgaste físico, principalmente no melhor de cinco sets, e os jogadores quando vão ficando mais velhos têm dificuldade de se recuperar fisicamente. Temos um esporte muito duro, hoje em dia temos muitos ralis também, os pontos duram mais, a gente vê muito mais lesão. É um novo momento do tênis e isso é muito bacana pro esporte — analisa a comentarista e ex-tenista Joana Cortez.
Carlos Alcaraz, o campeão
Alcaraz cai na quadra após vencer Zverev na final de Roland Garros 2024 — Foto: Getty Images
No último domingo (9), o espanhol Carlos Alcaraz, de apenas 21 anos, conquistou um título inédito em sua carreira, o de Roland Garros. Depois de um duelo épico contra o alemão Alexander Zverev, ele venceu por 3 sets a 2, com parciais de 6/3, 2/6, 5/7, 6/1 e 6/2, em partida que durou 4h19. Esta foi a terceira vitória de Alcaraz em torneios do Grand Slam, junto aos troféus do US Open em 2022 e de Wimbledon em 2023. Com o resultado, ele avançou uma posição no ranking mundial, tornando-se o segundo melhor do mundo no momento. Além disso, tornou-se o jogador mais novo a vencer Grand Slams em três pisos diferentes (saibro, grama e quadra dura).
Porém, não é de agora que o espanhol bate recordes relacionados à pouca idade. Após a conquista do US Open de 2022, Carlos Alcaraz se tornou o mais jovem tenista a chegar ao topo do ranking da ATP, com 19 anos, 4 meses e 7 dias. Marca que nem mesmo os membros do "Big 3" conseguiram em suas carreiras.
Jovem, simples e no topo: Jannik Sinner
Jannik Sinner é o novo número um do mundo, feito que poucos alcançaram nos últimos 20 anos, desde que o Big 3 passou a dominar o tênis mundial. Ele é o primeiro italiano na história a alcançar o topo na modalidade. Com 22 anos e de cachos ruivos, Sinner tem uma origem simples: nasceu em San Candido, um vilarejo com cerca de 3 mil habitantes, e é filho de um chef de cozinha e de uma garçonete.
Jannik Sinner é o novo número um do mundo — Foto: Tim Clayton/Corbis via Getty Images
Neste ano, depois de derrotar o decacampeão Djokovic e ganhar de virada sobre o Medvedev, ele foi campeão do Australian Open, um dos quatro Grand Slams do circuito, conquista importante que marcou o primeiro título dele em Grand Slam e o confirmou na prateleira dos melhores do mundo. Além disso, ele também soma dois títulos Masters 1000: em 2023, em Toronto, e em 2024, em Miami. No ano passado, atingiu o recorde pessoal de 64 vitórias, estabelecendo o maior número de vitórias já conquistadas por um jogador italiano em uma única temporada na "Era Open".
Os dez melhores do mundo
Top 10 - Ranking mundial de tênis
Posição | Nome | Pontuação | Nacionalidade | Idade |
1º | Jannik Sinner | 9525 | Itália | 22 |
2º | Carlos Alcaraz | 8580 | Espanha | 21 |
3º | Novak Djokovic | 8360 | Sérvia | 37 |
4º | Alexander Zverev | 6585 | Alemanha | 27 |
5º | Daniil Medvedev | 6485 | Rússia | 28 |
6º | Andrey Rublev | 4710 | Rússia | 26 |
7º | Casper Ruud | 4025 | Noruega | 25 |
8º | Hubert Hurkacz | 3995 | Polônia | 27 |
9º | Alex de Minaur | 3845 | Austrália | 25 |
10º | Grigor Dimitrov | 3775 | Bulgária | 33 |
Entre os 10 melhores tenistas do mundo, apenas dois têm mais de 30 anos: Djokovic (37) e Dimitrov (33). Isso demonstra que tenistas mais experientes estão perdendo espaço entre os melhores do mundo neste momento. Diversos fatores podem justificar esse fato, como questões relacionadas ao desgaste físico e à queda de rendimento. No entanto, tais explicações não tiram o mérito dos mais jovens, que têm aproveitado com excelência as oportunidades não somente em Roland Garros, como nos demais torneios profissionais.
— É uma geração que joga muito forte e muito rápido, com muita explosão e muita energia — comenta o especialista Bruno Soares.
O Brasil nesta história
![Domingos Venâncio comenta sobre os finalistas de Roland Garros e a nova geração do tênis Domingos Venâncio comenta sobre os finalistas de Roland Garros e a nova geração do tênis](https://cdn.statically.io/img/s03.video.glbimg.com/x240/12659170.jpg)
Domingos Venâncio comenta sobre os finalistas de Roland Garros e a nova geração do tênis
— Além deles, uma nova geração chegando. Musetti, Rublev, e por que não os brasileiros Thiago Wild, João Fonseca? Muito tênis desta nova geração ainda está por vir. Geração que vem com tudo, com muita técnica — analisa o comentarista Domingos Venâncio.
Atualmente, o tenista brasileiro mais jovem com destaque no cenário mundial é João Fonseca, de 17 anos, 230º colocado no ranking mundial. Quando ele nasceu, Rafael Nadal já emplacava um tricampeonato consecutivo em Roland Garros. Fã do espanhol, João tem recordações de quando esteve na primeira fileira do Rio Open 2014 e acompanhou Nadal sendo campeão. Foi observando esses ídolos que João se motivou para se aperfeiçoar e se profissionalizar no esporte.
João Fonseca em ação contra Cameron Norrie no Madrid Open — Foto: Getty Images
Ele estreou no ATP Tour em 2023, no Rio de Janeiro, quando ainda tinha 16 anos, graças a um wild card. Foi campeão em 2023 no US Open e se tornou o número 1 do mundo no ranking mundial juvenil. Após chegar às quartas de final no Rio Open, no início deste ano, João Fonseca decidiu virar profissional.
![João Fonseca celebra chegada às quartas de final em Bucareste João Fonseca celebra chegada às quartas de final em Bucareste](https://cdn.statically.io/img/s02.video.glbimg.com/x240/12529173.jpg)
João Fonseca celebra chegada às quartas de final em Bucareste
Além dele, outros jovens brasileiros também têm se destacado. Thiago Wild, de 24 anos, é o que está melhor colocado no ranking mundial, na 71ª posição. Em 2020, com 19 anos, conquistou o título do ATP 250 de Santigo, no Chile, após derrotar o norueguês Casper Ruud (7º) na final. Com o título, ele se tornou o primeiro campeão do ATP Tour nascido em 2000 e o mais jovem campeão brasileiro na "Era Open", superando um feito que até então era de Gustavo Kuerten.
Thiago Wild vence na estreia do Madrid Open — Foto: Reprodução/Twitter
No feminino
Entre as mulheres, o tênis rejuvenesceu também nos últimos tempos, depois do domínio e da aposentadoria de Serena Williams, em 2022. A polonesa Iga Swiatek ocupa o topo do ranking mundial há 107 semanas não-consecutivas. A americana Coco Gauff vem a seguir - é a atual segunda colocada (sua melhor posição na lista). Swiatek, aos 23 anos, é tetracampeã de Roland Garros (2020, 2022, 2023 e 2024). Gauff tem o título do US Open do ano passado.
*Sob supervisão de Flávia Ribeiro
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