Dentro do esperado. Assim pode ser considerada a avaliação da participação brasileira no Campeonato Mundial de Takewondo, competição mais importante da temporada na modalidade, e que a seleção terminou com duas medalhas: prata de Caroline Gomes, no peso 62kg, e bronze com Maria Clara Pacheco, até 57kg. Agora o objetivo é juntar todas as peças e fazer a formação da equipe olímpica da melhor forma possível.
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Volta Olímpica: destaques do taekwondo, vôlei de praia, atletismo, canoagem e tênis
Antes de esmiuçar as vagas olímpicas que podem ser conquistadas, vale falarmos da participação no Mundial. É sempre mais fácil, ou menos difícil, projetar quantas medalhas o país vai conquistar, do que quem que vai conquistá-las. No Mundial, a prata foi da favorita Carol, enquanto o bronze veio com a bela surpresa Maria Clara.
Muitos os principais candidatos ao pódio para o Brasil perderam lutas nos detalhes. Milena Titoneli, até 67kg,e Maicon Andrade, acima de 87kg, caíram nas oitavas de final em combates que terminaram com empate até no terceiro round, decididos nos critérios de desempates. Gabriele Siqueira, acima de 73kg, também perdeu no detalhe, mas para uma atleta do Haiti em que claramente tinha condições de vencer. Por fim, Ícaro Miguel lutou bem, mas perdeu nas oitavas para um coreano que sairia como campeão.
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Volta Olímpica: ótimos resultados para o Brasil no taekwondo, no skate e no judô
Chegar em apenas duas quartas de final (apenas as medalhistas ficaram no top 8) foi um resultado abaixo do esperado. No Mundial do ano passado, por exemplo, além das duas medalhas, outros três lutadores chegaram até as quartas de final.
Pensando em Paris 2024, a Confederação terá que montar um quebra-cabeça pensando nas disputas de vaga. O regulamento é o seguinte: os cinco melhores de cada categoria no ranking mundial, a ser fechado em dezembro de 2023, garantem a vaga automática para Paris. No momento, o país estaria qualificado com Maicon Andrade (Acima de 80kg, em quarto) e Milena Titoneli, quinta até 68kg. Edival Netinho está sem sexto no peso 68kg, mas sequer conseguiu vaga no Mundial nas seletivas brasileiras, e deve cair na classificação.
Maria Clara Pacheco ficou com o bronze no Mundial de Taekwondo — Foto: Reprodução
O limite de atletas por país na Olimpíada é quatro, dois homens e duas mulheres. Se, por um acaso, Maicon e Milena confirmarem suas vagas pelo ranking, o país só terá direito de inscrever dois atletas- um de cada gênero- no Pré-Olímpico continental de 2024. Ali, serão distribuídas duas vagas em cada categoria.
Dito isso, é muito complicado montar a equipe ideal para a disputa dos Pré-Olímpicos. No momento, o país tem atletas competitivos nos quatro pesos olímpicos (58, 68,80 e acima de 80kg para homens, e 49, 57, 67 e acima de 67 para as mulheres). Isso sem contar, atletas que se destacam em pesos que não olímpicos, disputados em Mundiais apenas, casos da Carol (vice-campeã mundial dos 62kg) e Ícaro Miguel (líder até 87kg).
Maicon Andrade — Foto: REUTERS/Susana Vera
Supondo que nenhum atleta conquiste vaga olímpica pelo ranking, a seleção teria que ser montada com dois homens e duas mulheres para o Pré-Olímpico das Américas.
No feminino, tem a Maria Clara (bronze no Mundial até 57kg), uma disputa imensa para saber quem é a melhor do país até 67kg (Milena tem dois bronzes em Mundiais, foi quinta nas Olimpíadas e top-5 do ranking, Sandy, que subiu de peso agora para esse ciclo, e a Carol, especialista até 62kg, que subiria para 67kg em busca de um lugar em Paris). Por fim, Gabriele Siqueira tem tido resultados bem consistentes no peso pesado. Escolher duas categorias entre essas três será bem difícil. Isso sem contar o peso 49kg, em que o Brasil tem atletas que podem surpreender.
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Fera do taekwondo ganhou apelido de Juma, inspirado na novela Pantanal
No masculino, a disputa também seria intensa. No peso 58kg tem Paulo Ricardo, que já foi medalhista em Mundiais até 54kg, tem o Edival Netinho no peso até 68kg (top 6 do ranking mundial), uma disputa interna dura no peso 80kg (contando até com Henrique Matos, quinto no Mundial de 2022) e uma difícil escolha entre Ícaro Miguel e Maicon Andrade para saber quem é o melhor pesado do país.
Ou seja, há duas escolhas a se fazer: quem é o melhor do país em cada um dos pesos olímpicos e, dentre os oito pesos olímpicos - quatro de cada gênero - escolher só quatro, dois homens e duas mulheres.É um quebra-cabeça bem complicado de ser montado.
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Milena Titoneli é derrotada por Ruth Gbgabi na disputa pelo bronze do taekwondo
Escolher entre Ícaro e Maicon? E depois, vale apostar nessa categoria no Pré-Olímpico Mundial, lembrando que tem atletas de altíssimo nível nas Américas? Ou abre uma chance para Paulo Ricardo tentar um lugar no 58kg? E aí deixar de fora Edival do Pré-Olímpico? Mas ele sequer conseguiu vaga na seleção para o Mundial, perdendo a seletiva.
Enfim, são muitos nuances. A Confederação Brasileira com certeza deixará de fora do Pré-Olímpico algum atleta muito forte, com chances até de medalha olímpica. A escolha terá que ser feita com muita precisão, para que o Brasil mande para Paris um time com quatro chances de medalha. E aí, mais possibilidades de medalha, mais chances de voltar ao pódio, já que em Tóquio o país ficou no quase, com a quinta posição de Milena Titoneli.
Guilherme Costa — Foto: Reprodução
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