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Por Redação ge — Rio de Janeiro


Não é de hoje que o GP de Mônaco é alvo de críticas por não oferecer aos pilotos um mar de oportunidades para grandes disputas. Mas a corrida vencida neste domingo por Charles Leclerc quebrou um recorde um tanto indesejado: pela primeira vez na história da categoria, as dez primeiras posições definidas na classificação permaneceram inalteradas da largada até a bandeirada na prova.

Largada do GP de Mônaco da F1 2024, com Charles Leclerc na pole position — Foto: Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images

- Nenhum outro piloto diria o contrário, exceto Charles, talvez. Não foi muito divertido - opinou Alexander Albon, da Williams.

Leclerc largou ao lado de Oscar Piastri; atrás, Carlos Sainz, Lando Norris, George Russell, Max Verstappen, Lewis Hamilton, Yuki Tsunoda, Alexander Albon e Pierre Gasly anotaram as posições até o décimo lugar, na sessão classificatória.

Tabela de voltas do GP de Mônaco da F1 2024, até a 39ª volta — Foto: FIA

Tabela de voltas do GP de Mônaco da F1 2024, até a 78ª volta — Foto: FIA

A largada da corrida foi caótica, com três acidentes que acionaram uma bandeira vermelha ainda ao fim da primeira volta. Mas Piastri, Sainz e Gasly, envolvidos nos incidentes, tiveram sorte e voltaram às suas posições de origem para a relargada parada.

A bandeirada que confirmou a primeira vitória do monegasco Leclerc em casa também garantiu Piastri e Sainz no pódio, além de Norris, Russell, Verstappen, Hamilton, Tsunoda, Albon e Gasly completando o top 10 - nas mesmas posições em que largaram.

Como funciona a pontuação na Fórmula 1?

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Por que isso aconteceu?

A bandeira vermelha na largada foi uma grande responsável pelo cenário apático na corrida. Isso porque o efeito dos pit stops, que podem ser pontos críticos em uma prova, foi "anulado" pela possibilidade de troca de pneus durante uma paralisação.

Bandeira vermelha é agitada no GP de Mônaco da F1 2024 após acidentes na largada — Foto: Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images

Ao contrário de outras categorias, como a Fórmula Indy, a F1 permite que os pilotos façam pit stop ou consertem seus carros sob bandeira vermelha, o que aconteceu com 14 dos 16 pilotos que restaram na corrida após os acidentes: Leclerc, Piastri, Sainz, Norris, Tsunoda e Albon, que largaram com pneus médios, os trocaram pelos compostos duros e seguiram até a bandeirada sem parar de novo.

Russell e Gasly fizeram o mesmo movimento, mas começando com os compostos de faixa branca e trocando-os pelos médios. Verstapen e Hamilton chegaram à mesma estratégia mas fizeram um segundo pit stop entre as voltas 51 e 52 - mantendo, porém, suas posições originais.

Público nas sacadas acompanha batida entre Sergio Pérez, Kevin Magnussen e Nico Hulkenberg, no GP de Mônaco da F1 2024 — Foto: Jayce Illman/Getty Images

Diante da possibilidade de passar da 50 voltas com o mesmo pneu, uma vida útil além do normal para os compostos, os pilotos foram orientados a poupá-los; em outras palavras, tinham que andar mais devagar.

- Eu estava indo tão devagar no meio da corrida que, se você começa a forçar, não saberá onde frear e é aí que os erros podem acontecer. Eu só queria entrar no ritmo e começar a forçar um pouco mais. Mas a equipe estava me dizendo: "Mais devagar, mais devagar, mais devagar" - relatou Leclerc.

Outro piloto que ouviu repetidas vezes de sua equipe para ir com calma foi Russell. Com isso, o britânico da Mercedes chegou a exceder 20s de diferença para Norris, à sua frente; mas o titular da McLaren ainda não tinha uma margem segura para um pit stop. Por isso, seguiu na pista até o fim.

Charles Leclerc recebe a bandeirada da vitória no GP de Mônaco, agitada por Kylian Mbappé — Foto: Bryn Lennon/F1 via Getty Images

Tsunoda, em oitavo lugar, também estava pilotando abaixo de suas capacidades, o que repeliu qualquer tentativa de aproximação de Albon e Gasly. O piloto da RB seguia atrás de Verstappen e Hamilton, que pararam entre as voltas 51 e 52 pela segunda vez.

O veterano foi na frente, levando o tricampeão da RBR a tentar coibir sua tentativa de undercut na volta seguinte.

Pilotar devagar também foi uma tática adotada pelos pilotos para evitar um undercut (quando o carro de trás antecipa a troca de pneus tentando ganhar vantagem posterior com pneus melhores); se o carro da frente desacelera em um ponto com pouco espaço, como é caso de quase todo o Circuito de Monte Carlo, o de trás precisa se adequar para evitar um acidente.

Com vantagens pequenas em pista, o undercut deixa de valer a pena porque não haverá tantas voltas a serem compensadas na frente do rival.

A pista em si

Vista do Circuito de Monte Carlo em 2024. Pista de rua recebe o GP de Mônaco de F1 — Foto: Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images

Não há muito o que fazer; as ruas estreitas e o número excessivo de curvas lentas de Mônaco reduzem os pontos de ultrapassagem do circuito, que ainda pune os menores erros com batidas através do pouco espaço destinado aos carros na pista. O quanto vale, então, tentar ultrapassar - se é que é possível?

- Eu só tentei seguir George (Russell) mas estávamos muito fora do ritmo tentando controlar os pneus. É claro que isso é muito chato, pilotar literalmente com metade do acelerador nas retas em alguns lugares, uma marcha acima do normal e 4s fora do ritmo, isso não é realmente uma corrida. Se pudermos encontrar uma maneira melhor de correr, por que não? Essa seria a minha solução preferida. Eu aprovo (mudanças no traçado) porque não dá pra ultrapassar. Se pedirem minha opinião, tentarei ver o que é possível - declarou Verstappen, sexto colocado na prova.

A F1 retorna daqui a duas semanas com o GP do Canadá, válido como a nona etapa da temporada. Veja calendário completo aqui.

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