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Por Bárbara Mendonça e Bruna Rodrigues — São Paulo


Falar da Fórmula 1 no Brasil é ter a certeza de boas histórias para contar mesmo que, às vezes, o desfecho tenha sido positivo para pilotos estrangeiros. Um exemplo? Nestes 50 anos desde a chegada da categoria ao país, o maior vencedor foi um francês: Alain Prost, com seis triunfos.

Mas o célebre rival de Ayrton Senna e tetracampeão do mundo não foi o único. O alemão Michael Schumacher, o argentino Carlos Reutemann e o britânico Lewis Hamilton não só foram grandes vencedores no Brasil, mas também carrascos de brasileiros - quem não se lembra da ultrapassagem do piloto da Mercedes sobre Timo Glock, em 2008?

A Fórmula 1 segue para o GP de São Paulo, direto de Interlagos, entre os dias 11 e 13 de novembro. O ge acompanha tudo em tempo real! Restam duas etapas para o fim da temporada 2022.

Relembre alguns dos principais momentos dos "gringos", seja em Interlagos ou em Jacarepaguá!

50 anos de F1 no Brasil: relembre os algozes de brasileiros — Foto: Infoesporte

Alain Prost, o Rei do Rio

Seja no Rio ou São Paulo, falar em GP do Brasil é falar de Alain Prost, o maior vencedor da história da prova. O tetracampeão já colocou água na caipirinha de brasileiros, em território canarinho, por seis vezes (cinco em Jacarepaguá): 1982, 1984, 1987, 1988 e 1990.

Sua primeira vitória não foi exatamente na pista. Terceiro colocado atrás do vencedor Nelson Piquet, o francês herdou o triunfo após o brasileiro e Keke Rosberg, segundo, serem desclassificados - um mês depois - por infração no peso mínimo do carro.

Em 1984, mais uma conquista, agora na estreia de um jovem Ayrton Senna. O detalhe é que Prost foi embalado pelo Tema da Vitória, criado pela Globo para os GPs com geração de imagens no Brasil. A música só se tornaria exclusiva para triunfos brasileiros dois anos depois, em 1986.

De McLaren, Alain Prost venceu o GP do Brasil em Jacarepaguá, abertura da temporada 1988 da Fórmula 1 — Foto: Getty Images

Em 1985, a torcida verde e amarela sofreu com as quebras dos carros de Senna e Piquet, enquanto Prost teve exibição de gala. E a dupla brasileira voltaria a se frustrar em 1987. Após a ultrapassagem de Piquet sobre o pole Mansell, o brasileiro parou nos boxes para remover papel picado, lançado das arquibancadas, de dentro do carro. Com problemas de superaquecimento, Nelson viu a vitória parar nas mãos de Prost; Ayrton, por sua vez, abandonou com problemas no motor.

Em 1988, Senna não sofreu quebra durante a corrida, mas antes. O brasileiro alinhou, sinalizou problemas no câmbio e foi aos boxes para assumir seu carro reserva. Mas, na volta 30, veio a desclassificação. Prost, seu companheiro na McLaren, não foi ameaçado por Berger e venceu mais uma.

O francês traria a vantagem consigo pela Via Dutra em 1990, no retorno de Interlagos à F1; o pole Ayrton sofreu uma colisão e, de novo, viu o companheiro levar a melhor, pela sexta vez no Brasil.

Schumacher, terror dos brasileiros

Michael conquistou seus quatro triunfos no Brasil (1994, 1995, 2000, 2002) em temporadas difíceis para os pilotos de casa. Em 1994, Senna - que faleceria naquele mesmo ano - sofreu com o carro da Williams: em Interlagos, o brasileiro rodou na Junção e abriu caminho para a vitória do alemão.

No ano seguinte, marcado por grande emoção após a morte do tricampeão brasileiro, Rubens Barrichello quebrou. Schumacher e o segundo colocado David Coulthard foram desclassificados por irregularidade no combustível, mas a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) voltou atrás.

Michael Schumacher rumo à vitória no GP do Brasil de 1994 — Foto: Getty Images

O milênio virou, mas pouco mudou na F1 em 2000: Schumacher levou mais uma no Brasil. E foi depois de quase ser desclassificado por um desgaste no assoalho, provocado pelo asfalto de Interlagos. Enquanto isso seu novo colega de equipe, Barrichello, abandonava a prova.

Tudo bem que o Rei Pelé agitou a bandeira para o retardatário Takuma Sato, mas quem venceu o GP do Brasil de 2002 foi Michael Schumacher, numa dobradinha em família ao lado do irmão Ralf Schumacher. A torcida em Interlagos já começou a lamentar no sábado, quando Barrichello foi desclassificado por desrespeitar a luz vermelha no pitlane.

O paulista, em um ano difícil com o favorecimento ao então pentacampeão da F1, largou em oitavo e abandonou novamente com suposta falha hidráulica. O novato Felipe Massa sofreu contato com Mark Webber e deixou a corrida sem representantes brasileiros.

Pelé entrega a Schumacher o troféu pela vitória no GP do Brasil de 2000 — Foto: Getty Images

Reutemann, o algoz original

Primeiro vencedor do GP do Brasil, quando a prova ainda era uma disputa extracalendário na F1, Carlos Reutemann viu brasileiros frustrados em quase todas as vezes que venceu no país (1972, 1977, 1978, 1981). Na estreia do GP, em 1972, o argentino foi "presenteado" com o triunfo após a Lotus de Emerson Fittipaldi - que chegou a abrir mais de 20s de vantagem - falhar, com problemas na suspensão traseira.

Cinco anos depois, em 1977, foi a vez de Reutemann levar a melhor em corrida tumultuada em Interlagos. Com tentativa recente de recapeamento e um asfalto não curado, apenas sete dos 22 carros que largaram cruzaram a linha de chegada - com José Carlos Pace e Alex Dias Ribeiro entre os decepcionados na curva 3.

O vencedor Carlos Reutemann pilota sua Brabham no GP do Brasil de 1972, em Interlagos — Foto: Reprodução

Na estreia da F1 em Jacarepaguá, em 1978, no reinaugurado autódromo do Rio de Janeiro, Reutemann passeou antes de vencer com sua Ferrari. Neste GP, a vitória foi argentina, mas quem fez história foi a Copersucar, que conquistou seu primeiro pódio com o segundo lugar de Emerson Fittipaldi.

Em 1981, o pole Nelson Piquet apostou em pneus slick mesmo com a pista molhada pela chuva, sem sucesso. Reutemann, por sua vez, dominou de ponta a ponta e chegou à quarta vitória no Brasil. Ainda houve espaço para uma confusão interna em Jacarepaguá: a Williams queria que o argentino desse passagem para o então campeão Alan Jones, mas a ordem foi ignorada.

Reutemann se recusou a ceder passagem a Jones no GP do Brasil de 1981 — Foto: Divulgação

Hamilton, "naturalizado" brasileiro

"Cadê o Glock, cadê o Glock? O Glock não aguentou e não resistiu. Na última curva!" A narração de Galvão Bueno eternizou o primeiro título mundial de Lewis Hamilton - e talvez a maior frustração brasileira - no GP do Brasil de 2008.

Felipe Massa venceu a corrida em Interlagos e, com a então sexta colocação do rival britânico, conquistava o campeonato. Os dois terminariam empatados em pontos, mas o brasileiro levaria a melhor no número de vitórias. Mas na Junção... Hamilton ultrapassou Glock, com pneus já gastos, e subiu ao quinto lugar.

Timo Glock perdeu posição para Lewis Hamilton na última curva do GP do Brasil de 2008 — Foto: Getty Images

A diferença final no campeonato foi de apenas um ponto: 98 contra 97 de Massa. Esta foi a primeira grande glória em Interlagos de Hamilton, que venceu três corridas no circuito, em 2016, 2018 e 2021. Esta, inclusive, teve um quê de épica. Largando da décima colocação, o britânico ganhou nove posições em 19 voltas, se manteve próximo de Verstappen e deu o bote vencedor na volta 59.

Na comemoração, Lewis imitou o gesto do ídolo Ayrton Senna, pegou a bandeira do Brasil e desfilou com seu W12 por Interlagos. Depois, nas redes sociais, dedicou o triunfo ao piloto e ao povo brasileiro.

Com a bandeira brasileira em punho, Lewis Hamilton passa pelas arquibancadas da reta dos boxes — Foto: Jiri Krenek

A Fórmula 1 segue para o GP de São Paulo, direto de Interlagos, entre os dias 11 e 13 de novembro. O ge acompanha tudo em tempo real! Restam duas etapas para o fim da temporada 2022.

Infos e horários do GP de São Paulo - F1 2022 — Foto: Infoesporte

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