Em pouco mais de dois meses, o clube passou pela desistência e rebaixamento no Campeonato Mineiro, por contratações de peso para a Série D e, agora, por nova turbulência que pode gerar um processo na Justiça.

No último domingo, o Patrocinense anunciou a rescisão contratual com a Air Golden, empresa que cuidava da gestão do clube e informou que o diretor de futebol Anderson Ibrahin não responde mais pelo clube. Com o fim do acordo, o técnico Estevam Soares foi retirado do cargo. Na sexta-feira, seis jogadores já tinham sido dispensados, incluindo Thiago Ribeiro, ex-Cruzeiro e São Paulo, por redução de despesas.

Ao ge, Anderson Ibrahin informou que a empresa tinha notificado o clube extrajudicialmente na sexta-feira e teve o anúncio da rescisão contratual por parte do Patrocinense como resposta. Com isso, ele pretende acionar o clube na Justiça. O ge procurou a defesa do Clube Atlético Patrocinense e aguarda retorno.

O término da parceria com a Air Golden foi anunciado pelo Patrocinense em uma publicação nas redes sociais. Na postagem, o clube informou que a decisão foi tomada pelo "mal desempenho da equipe no Campeonato Brasileiro da Série D".

Na mesma publicação, o time anunciou a saída do técnico Estevam Soares, contratado em abril, quando a parceria foi firmada. O clube agradeceu pelos serviços prestados e desejou sucesso ao treinador. O novo comandante será Toninho Cobra, ex-União Barbarense.

LEIA MAIS

+ Jogo do Patrocinense pela Série D do Brasileiro tem 14 pagantes

Ao ge, Anderson Ibrahin informou que a Air Golden notificou o Patrocinense na sexta-feira. O objetivo foi cobrar as cláusulas que o clube não vinha cumprindo desde o início do projeto.

– Eles não responderam a notificação extrajudicial e, no domingo, fizeram um documento sem nenhum embasamento no contrato e comunicou a quebra de contrato. Como a empresa cumpriu com tudo e respeitando todas as cláusulas, optou por dar seguimento no âmbito jurídico contra o CAP e seus representantes"

No documento, foram apontadas as falhas do Patrocinense com relação ao cumprimento do contrato e foi solicitado o respeito às cláusulas para evitar a quebra e o acionamento de multa contratual.

– Eles não responderam a notificação extrajudicial e depois mandaram via aplicativo de mensagem o documento que, posteriormente, postaram na rede social do clube. Uma forma muito amadora e sem nenhum embasamento jurídico.

"Infelizmente a politicagem por aqui e a vaidade atrapalham muito a instituição", afirmou.

Anderson explicou que vai acionar o clube na Justiça com a alegação de quebra de contato.

– Como nossa ideia é de parceria, não tínhamos em momento algum a ideia de acionar o clube, mas foi investido mais de R$ 250 mil até o momento e, infelizmente, por o clube buscar uma rescisão de forma monocrática, teremos que acionar o CAP na Justiça.

"Cobrar deles as devidas cláusulas e acionar a multa por quebra de contrato que está estipulada no valor de 500 salários mínimos, pouco mais de R$ 700.000,00. Entre outros agravantes que cometeram, como divulgar dados pessoais nas redes sociais e oficial do clube", disse.

Em meio à crise com a parceira, o Patrocinense passou por uma sequência de problemas administrativos e troca de dirigentes. No fim de maio, o ex-presidente Ronaldo Corrêa renunciou ao cargo, alegando problemas pessoais e políticos. Um dia depois, o supervisor Iverson Mariano e a esposa dele, Camila Cristina Pereira, que atuava na área de marketing, também deixaram o time.

O ex-presidente Ronaldo Corrêa também anunciou a saída do cargo. Em contato com o ge, ele afirmou que a decisão se deu em parte por questões políticas, mas sobretudo por aspectos pessoais

— É um desânimo muito grande. Há ânimo para nada, parece um velório. A minha vida é pautada em Deus, na família e no trabalho. O clube estava impactando muito nisso. Tem uma hora em que a gente precisa parar e chegou o meu momento.

No dia seguinte, o supervisor administrativo Iverson Mariano também deixou o cargo. Em uma publicação nas redes sociais, Iverson não informou o motivo oficial da saída, mas agradeceu pelos cinco anos em que trabalhou na diretoria e lamentou o momento conturbado enfrentado pelo clube nos últimos meses.

"Infelizmente não saio da forma que desejei, não vi metade dos sonhos e projetos que tinha se concretizarem, mas torço para que um dia o CAP se valorize como merece", escreveu Iverson na postagem.

Após a saída de Ronaldo, o então vice, Roberto Avatar, assumiu a Presidência e afirmou que será montada uma comissão para definir o futuro do clube.

Na última sexta-feira, o experiente Thiago Ribeiro, atacante que atuou por São Paulo, Cruzeiro, Santos, Atlético-MG e outros clubes, principal nome do Patrocinense para a Série D, foi dispensado. Além dele, mais cinco jogadores também foram desligados pelo mesmo motivo: redução de despesas. Outros atletas com custo mais baixo serão contratados.

O Patrocinense tem lidado com problemas financeiros em 2024. A equipe desistiu da disputa da Repescagem do Campeonato Mineiro e acabou rebaixada na competição. Antes da desistência, o clube mineiro não pagou taxas obrigatórias e perdeu para o Ipatinga por W.O, resultado que virtualmente rebaixou a Águia.

Mesmo em meio aos problemas financeiros, o CAP decidiu disputar a Série D do Campeonato Brasileiro. Na busca por recursos para participar da competição, o time fechou uma parceria com a empresa Air Golden, administrada por Anderson Ibrahin, no início de abril.

Por meio da parceria, o Patrocinense contratou o técnico Estevam Soares e o atacante Thiago Ribeiro. Mesmo com os reforços e a mudança administrativa, a equipe ocupa a lanterna do Grupo A7 da Série D após seis rodadas, com dois pontos conquistados.