O que pesa a favor e contra trabalho de António Oliveira, pressionado no Corinthians

Turbulência em torno do treinador português tem aumentado internamente, mas dirigentes entendem que culpa deve ser dividida pelo mau rendimento da equipe no Brasileirão

Por Bruno Cassucci, Emilio Botta e José Edgar de Matos — São Paulo


Corinthians perde do Internacional e vai para o Z-4 do Brasileirão

Sem vencer há seis jogos e na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, o Corinthians avalia o trabalho do técnico António Oliveira, perto de completar cinco meses.

Desde que assumiu o comando do Corinthians, António Oliveira tem 24 jogos, com 12 vitórias, seis empates e seis derrotas. O aproveitamento é de 58%.

A partida contra o Athletico-PR, no domingo, na Ligga Arena, é considerada crucial para a continuidade ou não do trabalho do português no clube. Depois da partida contra o Furacão, o Corinthians vai enfrentar o Cuiabá (em casa) e o Palmeiras (fora).

António Oliveira faz anotações durante treino do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

O ge apurou que o trabalho de António Oliveira é avaliado de duas formas internamente. Um grupo defende que o treinador não tem culpa pelo situação atual da equipe, enquanto outra ala acredita que o desempenho poderia ser melhor.

O que pesa a favor de António

O próprio presidente Augusto Melo defende que António Oliveira precisa de reforços para ser mais cobrado pelo rendimento. As saídas de Cássio e Paulinho, além das iminentes perdas de Carlos Miguel, Raul Gustavo e Fausto Vera são usadas como exemplos de problemas que não eram esperados e foram enfrentados pelo treinador em um curto espaço de tempo.

As convocações de Félix Torres e Romero também são levadas em consideração na balança dos empecilhos enfrentados por António Oliveira. Por isso, o técnico pode ganhar sobrevida pelo menos até a janela de transferências.

As falhas do Corinthians no gol da vitória do Inter

A direção alvinegra também vê António com o perfil para trabalhar jovens das categorias de base. Breno Bidon, por exemplo, ganhou espaço com o português. Nas últimas partidas, 15 dos 24 jogadores convocados para as partidas eram formados no clube.

Internamente, António é considerado um bom gestor do elenco. O técnico recuperou alguns atletas, como Yuri Alberto, e conseguiu trabalhar o vestiário em meio a crise política que assolou o clube nos últimos meses. A perda do patrocinador máster, a saída de dirigentes e de ídolos foi bem contornada por António nos bastidores.

Outro ponto levado em consideração é a vontade do técnico em fazer o trabalho dar certo. António teve propostas para deixar o Corinthians nas últimas semanas, mas optou pela permanência.

O que pesa contra António

O ponto mais sensível que gera ruído na relação entre António e o Corinthians é o desempenho da equipe, principalmente no Campeonato Brasileiro. As seis partidas sem vencer e a queda para a zona de rebaixamento têm gerado incômodo internamente.

A falta de perspectiva de evolução é outra questão que causa dúvida sobre a chance de o trabalho do treinador ainda dar frutos futuramente. Por isso, uma ala defende que a demora para a definição sobre a permanência ou não de António pode ser determinante para o clube entender qual será a briga na competição: contra o rebaixamento, meio de tabela ou pelotão de cima.

António Oliveira, do Corinthians, no jogo contra o Racing-URU — Foto: Marcos Ribolli

Um motivo de incômodo interno é o desgaste de António com relação aos problemas enfrentados pelo clube fora de campo. Em diversas entrevistas o treinador tem falado em "ter paz" para conseguir desenvolver o trabalho, em um recado claro sobre como a crise política tem interferido no dia a dia.

Nas últimas semanas, António subiu o tom sobre a necessidade de reforços e como o treinador tem cobrado publicamente a direção pela chegada de jogadores. O português quer mais opções e pelo menos seis contratações na janela que se abre em 10 de julho.

Esses fatores podem encurtar a trajetória de António à frente do Corinthians.

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