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Por Gabriela Chabatura — São Paulo


A eliminação na Copa do Mundo praticamente encerra a passagem curta de Diego Alonso no comando do Uruguai. Com contrato finalizado – tinha validade apenas até o fim do Mundial – o treinador não deve renovar e deixa a Celeste sem concretizar o próprio método de trabalho e, sobretudo, imprimir uma identidade à seleção pós-Óscar Tabárez.

Desde que assumiu a equipe, em janeiro deste ano, Alonso não conseguiu encontrar uma sinergia durante o processo de transição do plantel entre os atletas em fim de ciclo mundial, como Muslera, Godín, Cáceres, Cavani e Suárez, e os das novas gerações, como De Arrascaeta, Pellistri e Darwin Nuñez.

Os primeiros, remanescentes daquele time que chegou às semifinais de 2010, provavelmente não chegarão à Copa de 2026 ainda a serviço da seleção.

Diego Alonso, técnico do Uruguai — Foto: Divulgação/AUF

As escolhas do treinador, inevitavelmente, refletiram no desempenho no Catar. O Uruguai terminou a competição com apenas dois gols marcados, eliminação ainda na fase de grupos depois de 36 anos e muitas dúvidas para o próximo treinador administrar. Marcelo Bielsa, que já comandou Chile e Argentina, é o nome favorito para assumir o cargo.

As decisões táticas são algumas das posturas de Diego Alonso criticadas pela imprensa e torcedores uruguaios. Godín e Martín Cáceres, ambos com pouca sequência de jogos na temporada, foram bancados e escalados pelo treinador como titulares na partida de estreia, contra a Coréia do Sul.

Antes, o zagueiro tinha sido desfalque nos últimos compromissos com a seleção, por causa de uma lesão no joelho esquerdo; enquanto Cáceres permaneceu quatro meses, de maio a setembro, sem atuar até acertar com Los Angeles Galaxy para a disputa da MLS (Major League Soccer, a liga de futebol dos EUA).

Melhores momentos: Gana 0 x 2 Uruguai pela 3ª rodada do grupo H da Copa do Mundo 2022

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O fato é que, em 12 jogos, Alonso jamais repetiu a escalação. Durante o período, ele utilizou 32 jogadores e teve cinco variações táticas em campo. Curiosamente, as melhores exibições foram nas Eliminatórias, quando as mudanças foram pontuais, e a equipe se organizou no esquema 4-4-2 - exceto na vitória contra o Chile, por 2 a 0, na qual o time atuou no 4-2-3-1, apenas com Cavani isolado no ataque. Somou quatro vitórias neste período e assegurou classificação para o Mundial.

Mas aí vieram os amistosos, e Diego Alonso começou a rodar o time com o objetivo de testar as ideias que tinha em mente. Chegou a escalar três zagueiros (Godín, Giménez e Varela), cinco meio-campistas, três atacantes, e nomes como Cannobio, Gorriarán e Arambarri receberam oportunidades.

Nos cinco testes, conseguiu três vitórias (México, Panamá e Canadá), um empate (Estados Unidos) e uma derrota (Irã).

Suárez chora após eliminação do Uruguai; ele e outros ídolos devem se despedir de Copas — Foto: REUTERS/John Sibley

Após a eliminação na Copa, em entrevista coletiva, Diego Alonso respondeu aos questionamentos e disse ter feito um balanço do próprio trabalho para justificar as decisões que tomou durante o torneio:

– Tive autocrítica nas partidas anteriores quando disse que nos havia faltado jogo e mais possibilidades de conexão. No jogo passado [contra Portugal], a equipe jogou bem no segundo tempo e, hoje [contra Gana], a equipe foi o que havia sido nas Eliminatórias, jogando pra frente, valente, sem medo de perder a bola. Os zagueiros sem medo, o goleiro sem medo...conseguimos fazer.

– Talvez, gostaria que tivesse aparecido antes essa situação, mas aconteceu como aconteceu. Não tenho nada para reprovar sobre os jogadores, que fizeram grandes esforços e entregaram tudo – analisou.

Diego Alonso se despede da seleção com oito vitórias, dois empates e duas derrotas. Ao Uruguai cabe, agora, juntar os pedaços e construir uma nova cara para chegar à Copa de 2026. Sem o técnico e sem muitos dos principais nomes que marcaram a história da seleção na última década.

Diego Alonso, técnico do Uruguai — Foto: REUTERS

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