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Por Cahê Mota — Rio de Janeiro


O técnico Dorival Júnior anunciou nesta sexta-feira a lista de convocados da seleção brasileira para a Copa América. O treinador convocou 23 jogadores para a competição. A principal surpresa foi o estreante Evanilson, atacante do Porto. Dorival revelou que o atleta foi convocado porque Richarlison, do Tottenham, sofreu lesão nesta manhã.

Dorival explica a convocação de Evanílson para a Copa América

Dorival explica a convocação de Evanílson para a Copa América

— Evanilson é um jogador que vem chamando a atenção. Tem entendimento claro da função que executa. Sai para ser um homem que complementa à frente da área como também infiltra nos momentos em que atacamos pelos lados. É um jogador muito interessante. Se fizer como no clube, será uma grata surpresa. Nos surpreendeu nas nossas avaliações. Já era um nome comentado na primeira convocação e agora, em função de uma lesão na manhã de hoje com o Richarlison, passa a ser um jogador com que contamos — revelou Dorival.

A lista tem como foco a Copa América, que será disputada nos Estados Unidos entre 20 de junho e 14 julho, mas também servirá para os amistosos contra o México, no dia 8 de junho, e os próprios EUA, no dia 12, ambos em solo norte-americano.

"Utopia falar que não tem preocupação com resultados", diz Dorival

"Utopia falar que não tem preocupação com resultados", diz Dorival

Ao contrário da primeira lista de Dorival Júnior na Seleção, que teve nove jogadores que atuavam no futebol brasileiro, a lista para a Copa América tem três atletas do Brasileirão: Bento (Athletico), Guilherme Arana (Atlético-MG) e Endrick (Palmeiras).

O treinador justificou que a decisão pelos nomes "foi puramente técnica", negando ter pensado em outros pontos, como a indefinição sobre possível paralisação do futebol brasileiro ou preferência por jogadores da Europa.

— Foi uma decisão puramente técnica. Procuramos avaliar todos os atletas. Não importa idade, clube ou outra situação que não seja o momento de cada atleta. O processo de avaliação é complicado. Tivemos 14 jogadores afastados na convocação anterior e alguns tiveram que ser cortados ao longo da apresentação. Aqueles que foram deixaram uma ótima resposta. Não estar nesse momento não quer dizer nada. Teremos dois amistosos, e aí sim, tendo necessidade de possível alteração, por área técnica ou médica, faremos para a Copa América — afirmou Dorival, que completou:

— Não podemos esquecer que tivemos 26 jogadores naquele momento e 14 jogadores lesionados. Vieram e deram uma resposta. Também temos que observar os que já estavam anteriormente. É uma mudança gradativa, propiciando que todos se apresentem. Muitos tiveram uma recuperação e uma possibilidade de convocação. Não desanimem, não deixem que seja definitivo. Temos grandes jogadores que não foram chamados.

Dorival Júnior na convocação da seleção brasileira apara a Copa América — Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Outra novidade da lista foi o retorno de Éder Militão, zagueiro do Real Madrid. Ele estava lesionado durante a última data Fifa e, por isso, não foi convocado.

— O Militão está à disposição e está sendo inserido aos poucos. Podemos ter uma possibilidade de recuperação total, se já não aconteceu. Dificilmente seu treinador alteraria a equipe em função da recuperação dele. Tenho um conhecimento grande dele, da sua capacidade e das suas condições e tenho certeza de que chegará bem — disse o treinador.

O planejamento da comissão técnica é que os convocados que atuam no exterior se apresentem no dia 30, enquanto os atletas que defendem times brasileiros são aguardados a partir de 3 de junho. Entre os atletas de fora, a exceção ficará por conta de Vini Jr, Rodrygo e Militão, que disputarão a final da Liga dos Campeões, no dia 1º de junho, em Londres, com o Real Madrid.

Veja a lista de convocados:

  • Goleiros: Alisson (Liverpool), Bento (Athletico-PR) e Ederson (Manchester City);
  • Laterais: Danilo (Juventus), Yan Couto (Girona), Guilherme Arana (Atlético-MG) e Wendell (Porto);
  • Zagueiros: Beraldo (PSG), Éder Militão (Real Madrid), Gabriel Magalhães (Arsenal) e Marquinhos (PSG);
  • Meio-campistas: Andreas Pereira (Fulham), Bruno Guimarães (Newcastle), Douglas Luiz (Aston Villa), João Gomes (Wolverhampton) e Lucas Paquetá (West Ham);
  • Atacantes: Endrick (Palmeiras), Evanilson (Porto), Gabriel Martinelli (Arsenal), Raphinha (Barcelona), Rodrygo (Real Madrid), Savinho (Girona) e Vini Jr (Real Madrid).

Veja outros trechos da coletiva:

Com ausência de Neymar, Vini Jr será protagonista?
— Precisamos de protagonistas, não só de um único. A divisão de responsabilidades vai fazer nossa equipe crescer. É importante ter jogadores desse nível juntos. Temos que fazer, dentro do próprio grupo, que aflorem responsabilidades de cada um e o principal, que todos estejam desenvolvendo seu melhor

Há possibilidade de Neymar ser convocado?
- Imediatamente não, não o teremos nesse momento. Alterações podem acontecer. Teoricamente esse mesmo grupo nos acompanhará na Copa América.

Endrick vai conhecer a Disney?
— Que vá conhecer a Disney, mas o principal é que vá para os EUA focado no objetivo que temos. É um processo natural. Como o Abel falou, é natural que tenha motivos para colocar. A evolução acontece. O Endrick foi protagonista de uma grande conquista do clube há alguns meses, entrou bem nos amistosos e pode evoluir. Espero que aconteça aqui dentro e se sinta cada vez mais confortável.

Jogadores "modernos" no ataque
— É um fato natural, mas não quer dizer que não tenhamos um jogador com essa função. Precisamos avaliar o momento e concluímos que essa formação seja aquilo que buscamos para essa competição. Espero fazer um grande campeonato pelas qualidades dos jogadores. Vamos aguardar para ver se esse encaixe continue acontecendo, que é fundamental para ganhar a competição

Maior desafio
— Primeiro que temos uma competição que demanda um longo tempo juntos. Essa equipe vai ter condição de adquirir tudo que imaginamos que possa vir a acontecer. Espero que essa resposta aconteça em campo. O trabalho vai ser intenso por um equilíbrio da equipe e a melhor performance possível.

Há preocupação com resultados?
— Seria utopia falar que não existe uma preocupação com resultados. No futebol brasileiro, não tem cabimento. Temos um compromisso de pensar mais à frente, mas temos uma competição importante para qualquer seleção sul-americana. Vai nos dar uma ideia mais clara do nosso momento. Vamos enfrentar os adversários sul-americanos qualificados e em processo de crescimento. Teremos um campeonato difícil e muito disputado. Para mim, é uma preparação para qualquer competição mais forte. Não tenho dúvidas de que vamos fazer de tudo para estar no jogo final.

Torcida voltou a gostar da Seleção?
— É uma competição importante que nos dará proximidade com a Copa do Mundo. Será um referencial. O jogador tem obrigação de tentar fazer seu melhor, que é o que estamos buscando fazer na Seleção. Estamos debruçados na Seleção e será assim até nosso momento derradeiro na Copa daqui a dois anos. Para mim foi uma satisfação, voltando de dois amistosos, sentir do torcedor brasileiro colocações de prazer e viver novamente a vida da Seleção. É esse o resgate que queremos de todos. Onde a Seleção entra, tem obrigação muito grande. É pentacampeã do mundo. Carregamos uma responsabilidade enorme. Temos que fazer o máximo para passar dignidade a esse torcedor.

Novas lideranças e jogadores com experiência
— Esse tema liderança é importante. Surgiram algumas outras na primeira convocação. A principal: a postura do Danilo. A representatividade que teve nesse novo grupo foi importante. Paquetá, Guimarães e outros que se apresentaram. O ambiente criado no primeiro grupo nos chamou atenção. Nos enche de orgulho de ver trabalhando sem vaidade, querendo o melhor para a Seleção. Os que foram deixaram um ótimo recado, podem voltar a qualquer momento. Fabrício Bruno, por exemplo, foi na segunda e atuou nas duas partidas. Não há regra única e clara. Avaliamos uns 60 jogadores, todos muito bem avaliados. Podemos errar na concepção de um outro ou outro, mas quero uma seleção que vista uma camisa pesada como da Seleção, encare essa situação e faça a melhor Copa América possível. Se tivermos o melhor de cada um coletivamente, vamos ganhar muito.

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