free fire

TIMES

Por Patrick Andreozzi, para o e-SporTV


Grandiosa, a Garena não é só a desenvolvedora do Free Fire, mas também prestadora de serviços digitais no sudeste da Ásia com foco em games, eSports, e-commerce e finanças digitais. A empresa fundada em Cingapura por Forrest Li, em 2009, quebrou barreiras e marcas impressionantes ao redor do mundo no últimos anos, principalmente com o Free Fire, que conta com mais de 50 milhões de jogadores ativos diariamente e com campeonatos regionais e internacionais. O sucesso na última década também é visto na própria receita da empresa, que beirou os US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões) em 2019.

Para entender melhor tamanho triunfo, é preciso olhar para a história da Garena. Confira a origem, os objetivos, desafios, estratégias e outras informações sobre a empresa atualmente também conhecida como Sea, e a forte ligação com o game Free Fire, um dos jogos para celular mais jogados no Brasil e no mundo.

Forrest Li, criador da Garena. — Foto: Singapore Press Holdings

O começo

Fundada em 2009 por Forrest Li, em Cingapura, a Garena, antes de conquistar o mundo com o Free Fire, surgiu como uma resposta à poderosas empresas chinesas, como a Tencent e Alibaba, que oferecem serviços digitais ao redor do mundo em ramos de comunicação e comércio. No entanto, tal resposta não focava numa competitividade direta, mas sim na combinação de forças e sínteses das empresas chinesas com foco em um micro segmento de jogadores que crescia com os lançamentos de DotA 2 e League of Legends, consagrados títulos do gênero MOBA para computadores. Assim surgiu o Garena+, cujo objetivo era ser uma mistura entre rede social e plataforma para distribuição de jogos localizados no sudeste asiático. Mas, mesmo que seu sucesso tenha ocorrido de forma rápida na região, foi somente após o lançamento de Free Fire, em 2017, que a plataforma atingiu seu ápice: no ano seguinte da estreia do título mobile, o Garena+ contava com mais de 135 milhões de usuários ao redor do mundo.

Na mesma época, inclusive, a Garena, que decidiu mudar de nome e atualmente também é conhecida como Sea, apostou em eventos especiais de games, como o Garena Star League, que conta com a presença de mais de 180 mil pessoas, e em outras plataformas para se consolidar no sudeste asiático, como a Shopee, uma plataforma de comércio digital lançada em 2015 registrada em mais de 200 milhões de dispositivos diferentes, e o SeaMoney, uma das redes de serviços financeiros que mais cresce no sudeste asiático e oferece vários recursos digitais, incluindo carteira eletrônica, pagamentos e microempréstimos.

Antes mesmo do lançamento de Free Fire, a Garena se mostrava empenhada em impactar o mercado do sudeste asiático, e seu crescimento inicial chamou atenção de investidores e usuários. No curto período entre 2009 e 2016, a empresa deu saltos enormes e abriu caminho para mais: durante os sete anos que antecederam o lançamento do battle royale para smartphones, a Garena, além da sua plataforma digital e milhões de usuários em diversos países, abriu as portas do Garena e-Sports Stadium, local para sediar eventos próprios, recebeu uma onda de investimentos pesados que elevaram o valor de mercado da empresa de US$ 1 bilhão para US$ 2.5 bilhões, e chegou a contar com dezesseis títulos localizados em sua plataforma, majoritariamente games de ação em primeira pessoa ou RPG’s online, que caíam nas graças dos jogadores. Entre os mais relevantes nessa época do Garena+, Path of Exile liderou a lista dos sucesso da plataforma, além dos mencionados MOBA’s. O sucesso foi trilhado ao longo de sete anos, mas era hora da nova febre que mudaria a vida da empresa imediatamente chegar: o Free Fire.

Lançado em 2017, o Free Fire atingiu 60 milhões de jogadores em 2019. — Foto: Reprodução

A ascensão Free Fire

É possível ver que o caminho da Garena sempre foi repleto de sucesso desde que ganhou vida em 2009. Mas foi em 2017 que a empresa viu seu grande ponto de virada após o surgimento do gênero battle royale dos games Player Unknown’s Battlegrounds e Fortnite. A nova modalidade de jogos de sobrevivência virou tamanha febre, que desenvolvedoras locais do sudeste asiático começaram a criar seus próprios games do gênero, incluindo a Horus Entertainment, desenvolvedora de Bullet Strike: Battlegrounds, assim como a 111dots Studio, desenvolvedora de Free Fire. E foi justamente este segundo título que atraiu a atenção da Garena, que adquiriu, então, a pequena 111dots Studio para colaborar no desenvolvimento de um dos maiores sucessos do gênero. Assim surge o Free Fire, em setembro de 2017, que segue sob os cuidados da Garena e da 111dots Studio até hoje.

Diferente dos outros jogos de sobrevivência, o Free Fire se destacava pela mecânica e gráficos leves, sendo um dos títulos mais acessíveis aos jogadores por não exigir aparelhos mais avançados, em contrapartida de games como PUBG, que requer dispositivos mais modernos para funcionar. E o ponto de virada foi imediato: Free Fire, logo após o lançamento da sua versão beta, ultrapassou os concorrentes no sudeste asiático e deu início à sua conquista global. Em dezembro do mesmo ano, a versão completa de Free Fire já estava disponível gratuitamente aos jogadores, e não demorou muito para que o título conquistasse o mundo, já que em janeiro de 2018 Free Fire era líder de downloads em 22 países, incluindo o Brasil, e estava entre os cinco jogos mais baixados em outros 50 países.

Liga Brasileira de Free Fire — Foto: Garena

O Free Fire no Brasil

A popularidade do game mobile em smartphones brasileiros resultou em um dos cenários competitivos mais influentes dos e-sports, atualmente televisionado e acompanhado por milhões de espectadores. Hoje, a Liga Brasileira de Free Fire conta com 12 equipes em sua divisão de elite, incluindo consagradas equipes dos esportes digitais e até do futebol, que também apostam na modalidade: Team Liquid, atual campeã, Vivo Keyd, LOUD, paiN Gaming, INTZ, Corinthians, BD Los Grandes, FURIA, B4, PRG, Red Kalunga e SKS. Inclusive, um dos maiores marcos do e-sports no Brasil vem do Free Fire: no ano passado, o Corinthians conquistou a segunda edição do Mundial de Free Fire, realizado na Arena Carioca 1, dentro do Parque Olímpico, no Rio de Janeiro.

Team Liquid é campeã da Liga Brasileira de Free Fire — Foto: Garena

Histórico de sucesso e próximos passos

O sucesso da Garena caminhou - e ainda caminha - em uma crescente desde que surgiu em Cingapura, em 2009. Estimada em mais de US$ 2 bilhões, a empresa conquistou os vários segmentos em que apostou. Seja uma plataforma para unir jogadores, um game mobile de sucesso mundial, ou até serviços de comércio e financeiros em ambientes digitais, é justo acreditar que o futuro da empresa também trilhe caminhos triunfantes. Forrest Li, o CEO da Garena, hoje é um dos homens mais ricos do mundo: sua fortuna é estimada em U$ 545 milhões, pouco menos de R$ 3 bilhões.

Os próximos passos da Garena ainda são incertos em questões empresariais, porém, é certo que sua participação no mundo dos games continue a crescer. Além do cenário competitivo de Free Fire, a empresa já iniciou sua próxima investida no Brasil: Speed Drifters, um game de corrida multiplayer online para smartphones que recentemente atingiu o pico de dois milhões de usuários na China. Desde julho nos servidores brasileiros, Speed Drifters vai contar com seu primeiro campeonato nacional - ainda sem data oficial - e uma premiação de R$ 33 mil.

Speed Drifters no Brasil: desenvolvedora de Free Fire publica jogo de kart no país — Foto: Divulgação

Veja também

Mais do ge