Por Sofia Mayer, g1 SC


Criança é picada 'acidentalmente' com agulha em UPA de SC

Criança é picada 'acidentalmente' com agulha em UPA de SC

Uma menina de 8 anos precisou receber um coquetel de medicamentos e fazer testes de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) após ser picada por uma agulha enquanto atravessava o corredor de um pronto atendimento de Barra Velha, no Litoral de Santa Catarina, relatou a mãe da criança, Silvana Auda (assista trecho acima). A prefeitura trata o caso como acidental.

A mulher conta que estava de mãos dadas com a filha, que a acompanhava para fazer um exame, na noite de quarta-feira (17), quando uma profissional da sala de medicação, segurando duas seringas, esbarrou na filha dela.

O Minist��rio Público de Santa Catarina informou, nesta sexta-feira (19), que instaurou uma notícia de fato para apurar o caso. O órgão solicitou informações e providências à Secretaria de Saúde do município, e o procedimento corre em sigilo.

"Ela virou na hora que eu estava passando com minha filha. E, quando ela virou, não sei se ela se desequilibrou, eu sei que ela enfiou a agulha no ombro da minha filha. Ela falou 'desculpa', porque foi muito rápido e voltou pra sala de enfermagem", conta.

Silvana acredita que a seringa estava usada. Ela registrou boletim de ocorrência, e a criança passou por exame de corpo delito. O g1 tentou contato com a Polícia Civil, mas não teve retorno até a última atualização da reportagem.

"Eu estou aqui só rezando, pedido para Deus que não aconteça nada com minha filha. Rezando e pedindo para Deus que passem logo esses dias, porque não é fácil para mim. Só de olhar para esse remédio dói em mim", desabafa.

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Mãe afirma que menina foi picada por agulhava enquanto passava por corredor em UPA em SC — Foto: Arquivo pessoal

Ocorrência

Silvana diz que entendeu o que havia acontecido com a filha segundos depois do esbarrão, ao ver a menina com a mão no ombro esquerdo.

"Eu perguntei para minha filha o que foi, se estava doendo. Ela falou: 'mãe, a moça colocou a agulha em mim'. Eu peguei e puxei a roupinha e vi que estava tudo respingadinho de sangue. Vi que tinha furado o braço da minha filha. Fiquei muito nervosa. Pensei: Meu Deus, ela furou o braço da minha filha com uma agulha usada", relata.

A mãe buscou ajuda e, ainda na unidade, a criança fez testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites, todos com resultados negativos (veja imagem abaixo), e recebeu prescrição de um coquetel de medicamentos preventivos, que serão administrados por 28 dias.

Menina de 8 anos precisou fazer testes para doenças após ser atingida por agulha em SC — Foto: Arquivo pessoal

Segundo a mãe, a paciente na qual a seringa suspostamente foi usada também fez um exame para verificar possíveis doenças, mas não soube informar o resultado deles. A prefeitura não confirmou a informação, nem informou o item realmente havia sido utilizado, mesmo após questionamento do g1.

O município disse apenas que a criança foi "atendida e submetida ao protocolo determinado pelo Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, sendo prestado todo o atendimento necessário a menor e a família."

A mãe, no entanto, alega que a unidade não tem passado informações detalhadas sobre a situação, e nem se interessou em saber sobre o estado da filha, que "ficou muito assustada".

"Eu estou muito assustada com a notícia, porque eu não sei o resultado do exame da mulher, não sei quem é a mulher na qual havia sido usada essa seringa, não sei se foi feito o teste na pessoa certa, porque a minha filha, coitada, disse que eram duas seringas que estavam na mão [da profissional]", comentou.

Desculpas

Conforme a paciente, após esbarrar, a profissional pediu desculpas e saiu. Silvana contou que estava na unidade para um exame de raio-x, marcado para as 21h, que seria feito em uma sala no final do corredor onde a menina foi atingida. A criança a acompanhava, pois não tinha com quem ficar.

"Bem mais tarde, quando eu estava esperando o médico da minha filha, ela veio falar comigo e disse que foi um acidente, e que eu não deveria estar com criança lá. Expliquei para ela que não tinha com quem deixar minha filha. Tinham muitos pacientes no corredor, mas não estava apertado a ponto de passar esbarrando nas pessoas, nós estávamos caminhando normal", relatou. O nome da profissional não foi divulgado.

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