Por Gustavo Chagas, g1 RS


Cheia do Rio Taquari é vista da parte alta de Colinas (RS) — Foto: Arthur Stabile/g1

A tragédia das cheias que levou 155 vidas e impactou o dia a dia de 2,3 milhões de pessoas no Rio Grande do Sul também afetou a memória. A água invadiu milhares de casas e danificou fotografias, que carregavam lembranças e afetos de tanta gente.

Apesar da tristeza de ver um registro da histórico ser estragado, ainda há possibilidade de salvação. O g1 ouviu uma especialista que deu dicas de como tentar resgatar essas fotos.

"A foto é aquilo que liga a um momento, a uma pessoa. É um material que representa uma história, uma lembrança. São coisas importantes", diz Márcia Molina, professora de fotografia da Escola da Indústria Criativa da Unisinos.

Morador de Mariante, distrito de Venâncio Aires, mostra fotos danificadas — Foto: Fabio Tito/g1

❓ A foto estragou, coloco ela fora?

Não! A professora Márcia Molina afirma que é possível salvar o registro.

"Não é para botar fora. Mesmo se desbotou, mesmo se algum pedaço da foto se comprometeu", alerta.

O resgate de uma fotografia vai depender do tamanho do dano, do tipo de papel e da técnica da impressão. Alguns registros são mais fáceis de se restaurar do que outros. Além disso, uma foto que ficou molhada por muito tempo, os estragos podem ser maiores.

"Vai depender de quanto tempo essa foto ficou molhada. A fotografia é uma emulsão gelatinosa que não pode ficar muito tempo na água, porque ela vai se dissolver", explica Márcia.

A professora afirma que as fotos impressas com técnicas analógicas têm mais chance de sobrevivência.

"Por incrível que pareça, as mais antigas têm mais chances de sobreviver do que as fotos de câmeras mais recentes", conta.

E se algum pedaço da foto ficou irrecuperável...

"Nós temos muitas tecnologias de inteligência artificial (IA) que podem refazer parte da foto", lembra Márcia.

Boneca em meio ao chão de casa com muita lama na cidade de Lajeado (RS). — Foto: Fábio Tito/g1

📷 Passo a passo

Antes de tudo, coloque luvas e máscaras para evitar contaminações por lama e sujeira. Então, tente separar as fotografias, uma por uma. Não manuseie elas de forma brusca, nem as "arranque" do álbum. Se puder, use uma tesoura ou um estilete para retirar as fotos do álbum.

"Começar pelas fotos coloridas, porque elas tendem a se destruir primeiro que as fotos em preto e branco, que são mais resistentes", diz a professora.

Se as fotos ficarem grudadas, tente separá-las de modo delicado ou dentro de uma bacia de água, onde elas serão limpas. Coloque a fotografia de molho no recipiente. Não use água corrente.

"O melhor é usar água fria, para preservar mais as cores", diz a professora da Unisinos.

A pessoa pode usar mais de uma bacia, para conseguir tirar toda a sujeira das fotos. Depois disso, a impressão deve ir secar. Como uma roupa, ela pode ser estendida ou apoiada no varal.

"Na hora da secagem, dá pra botar no varal. O ideal é colocar ela deitadinha, com a parte da emulsão [onde está a o registro] para cima", diz Márcia Molina.

É possível usar um desumidificador de ambiente para ajudar no processo. Depois da secagem, a foto deve ser colocada dentro de um livro pesado, para que ela volte a ficar "reta".

🚫 O que NÃO fazer

  • De novo, não jogar a foto fora
  • Não retirar as fotos de forma brusca do álbum
  • Não tocar nas imagens diretamente, só pegar a foto pelas pontas
  • Não esfregar ou passar o dedo em cima para tirar a sujeira
  • Não usar secador de cabelo, muito menos com ar quente

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