Por Arthur Stabile, Fábio Tito, Paula Paiva Paulo, g1 — Colinas e São Paulo


Patrícia Knobloch posa ao lado de sua casa em Colinas (RS). Ao fundo, a casa da máe dela, que foi destruída pela enchente — Foto: Fábio Tito/g1

No dia 1º de maio, Janete Knobloch, de 57 anos, viu sua casa ser destruída pela enchente que devastou o Rio Grande do Sul no começo deste mês. As paredes que já foram quarto, banheiro e sala, hoje estão empilhadas em frente aos recortes que sobraram da casa.

Janete mora em Colinas, pequena cidade do interior do estado, de apenas 2.423 habitantes, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ela fica próxima a Lajeado, outro município duramente atingido pela força das águas.

A uma rua de distância da casa destruída de Janete, fica a casa de sua filha, a professora Patrícia Knobloch, de 34 anos. Apesar da casa ter ficado intacta, ela também precisou deixar o local em 1º de maio, e, junto com a mãe, foram para a casa de conhecidos.

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Destroços da casa dos pais da professora Patrícia Knobloch, arrasada pela enchente em Colinas (RS) — Foto: Fábio Tito/g1

Alguns dias depois, no entanto, a família retornou para a casa de Patrícia, já que a água tinha baixado. "É incômodo ir para a casa dos outros. Por mais que eles queiram ajudar, a gente acaba se sentindo um pouco intruso. Por isso voltamos com algumas coisas básicas", disse Patrícia.

No entanto, neste domingo (12), Dia das Mães, a pequena cidade ouviu um novo alerta de emergência, quando as águas do rio Taquari voltaram a subir.

Mais uma vez, Janete, a filha e a família saíram às pressas de casa, em direção a um terceiro endereço em apenas 12 dias.

Área alagada com a cheia do Rio Taquari em Colinas (RS) — Foto: Fábio Tito/g1

O novo alerta, que forçou a movimentação da família outra vez, levou cerca de 150 famílias a deixarem a região central de Colinas.

A área foi evacuada de última hora pela nova cheia do Rio Taquari, que brota na Serra Gaúcha até chegar ao Rio Jacuí e, depois, ao Guaíba —já na capital Porto Alegre.

As chuvas deixam marcas profundas no Rio Grande do Sul: há mais de 140 mortos e pelo menos uma centena de desaparecidos. Mais de 2 milhões de habitantes em 447 municípios foram afetados, com um total de 76 mil pessoas e 10,5 mil animais resgatados desde o início da tragédia.

Porta do Colégio Estadual de Colinas após os desastres do Rio Grande do Sul — Foto: Fabio Tito/g1

Colinas foi duramente atingida pela enchente. É simbólica a imagem de centenas de livros didáticos encharcados formando uma pilha de lixo na porta do Colégio Estadual da cidade. No meio do material há títulos que tratam sobre a proteção do meio ambiente e sobre leis ambientais.

O colégio fica no centro da cidade e à beira do Rio Taquari, um dos que mais subiu com as tempestades no estado -- em Lajeado, município vizinho, o rio atingiu 24 metros e ultrapassou a cota de inundação. Além dos materiais didáticos, as águas afetaram mantimentos e itens de higiene usados pelos alunos de Colinas.

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