Por Eliete Marques, G1 Vilhena e Cone Sul


Luiz Rover foi atingidos por um tiro dentro de casa, em gosto — Foto: Facebook/Reprodução

A 2ª Vara Criminal de Vilhena condenou Lucas Rodrigues Ramos a 28 anos de prisão. Ele é acusado de matar o estudante Luiz Eduardo Silva Rover, de 21 anos, filho único do ex-prefeito de Vilhena (RO), José Luiz Rover (PP). O crime aconteceu em agosto deste ano. A sentença foi anunciada após a audiência de instrução e julgamento feita terça-feira (31).

Na audiência foram ouvidas testemunhas e o réu, que confirmou as declarações prestadas na fase policial.

Encerrada a instrução, as partes apresentaram as alegações finais e o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) pediu a condenação de Lucas pelos crimes de latrocínio – roubo seguido de morte – e também por corrupção de menores, pois ele convidou o adolescente de 15 anos para cometer o crime com ele.

Já a defesa pediu fixação da pena em seu mínimo legal, e solicitou que fosse levada em consideração a confissão do acusado. Na decisão, o juízo avaliou que a materialidade e a autoria do crime ficaram comprovadas diante de provas, como, relatos de testemunhas, laudos periciais e laudo de exame tanatoscópico na vítima.

José Rover, a esposa Lizangela e o filho do casal, Luiz, em foto na campanha eleitoral de 2012, quando ele tinha 16 anos — Foto: Facebook/Reprodução

O juízo considerou, embasado nos autos, que o réu tem “personalidade perversa, voltada a prática de delitos de roubo, sem demonstrar qualquer arrependimento ou mesmo qualquer valor para a vida humana”. Diante disso, Lucas foi condenado há 28 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão, além de pagamento de multa de R$ 687.

O cumprimento inicial da pena é no regime fechado. O acusado não terá o direito de recorrer em liberdade.

O defensor público George Barreto Filho, responsável pela defesa de Lucas, disse que vai recorrer da decisão. Segundo ele, o acusado não teve a intenção de matar a vítima, pois o disparo teria sido acidental.

Lucas foi condenado a 28 anos de prisão — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Crime

Em juízo, Lucas narrou que estava há pouco tempo em Vilhena. Ele contou que veio de Tangará da Serra (MT), de onde trouxe a arma de fogo utilizada no crime. O acusado afirmou que no dia do latrocínio, foi até uma praça, onde passou a fazer uso de drogas.

Para comprar mais entorpecentes, resolveu praticar um roubo e convidou o adolescente de 15 anos. Ele disse que o menor também estava usando drogas na praça, mas ressaltou que não o conhecia.

Ao passarem na frente da casa da vítima, viram uma caminhonete estacionada do lado de fora e escutaram o som de músicas, percebendo que havia uma festa na residência. Com isso, resolveram se esconder e aguardar o melhor momento para praticarem o roubo.

Depois de um tempo, uma caminhonete chegou, entrou no portão e o acusado aproveitou para abordar o condutor e anunciar o assalto. As pessoas que estavam na confraternização tentaram tomar a arma de fogo, quando aconteceram dois disparos. Em seguida, o vizinho, um policial à paisana, chegou ao local e fez a prisão de Lucas.

Luiz Eduardo foi atingido por um tiro no pescoço, foi levado pelo pai ao Hospital Regional, mas não resistiu ao ferimento.

O adolescente foi apreendido no dia seguinte e está internado na unidade socioeducativa do município. Na época, a prefeitura decretou três dias de luto e a morte de Luiz Eduardo gerou comoção nas redes sociais.

Investigações

Durante as investigações, a Polícia Civil esclareceu que o crime não teve envolvimento com a delação premiada que o pai dele, José Luiz Rover, fez à Justiça. O ex-prefeito foi preso durante o segundo mandato, em novembro de 2016, e solto em junho deste ano. Ele é acusado de vários crimes, entre eles, corrupção e lavagem de dinheiro.

A delação aguarda homologação no Supremo Tribunal Federal (STF), pois envolve pessoa com foro privilegiado. O conteúdo está em segredo de Justiça.

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