Música

Por G1

Nos dez anos após sua morte, completados nesta terça-feira (25), foi como se Michael Jackson nunca tivesse parado de produzir. Materiais nunca lançados pelo astro em vida renderam mais de 20 músicas póstumas.

Quase todas tiveram recepção morna da crítica. Mas isso - e nem mesmo as denúncias de abuso sexual infantil, ressuscitadas no documentário "Leaving Neverland" - não as impediu de render muito dinheiro à família do cantor.

Segundo dados da revista "Forbes", o espólio de Michael arrecadou US$ 2,4 bilhões desde sua morte, por overdose de medicamentos, em 2009.

Além da produção em vida, que continua rendendo, os lucros estão relacionados a dois álbuns póstumos de músicas novas - um deles, com uma inclusão de vocais falsos admitida no ano passado - e participações em músicas de outros artistas.

Voz de imitador

"Michael", primeiro disco póstumo do artista, foi lançado em dezembro de 2010. Havia nove anos que Michael não aparecia em um álbum de inéditas, desde "Invincible", de 2001.

Parecia que a Epic Records tinha apenas espremido daqui e recauchutado dali para chegar ao repertório de dez canções. Mas, oito anos mais tarde, a Sony, que administra o selo, admitiu ter usado vocais de um imitador em algumas faixas do disco.

Capa de "Michael", primeiro álbum póstumo de Michael Jackson, lançado em 2010 — Foto: Divulgação

"Michael" tem música registrada durante a gravação de "Thriller", lançado em 1982 ("Much too soon"), e faixas que tomaram os últimos momentos de vida criativa do cantor (como "Best of joy").

Figuras do R&B americano como Teddy Riley e Christopher “Tricky” Stewart produziram as músicas com participações de Akon, 50 Cent, Lenny Kravitz, Ne-Yo, Jamie Foxx, Dave Grohl, além da banda japonesa de electropop Yellow Magic Orchestra.

Mas nem o time estrelado de convidados, nem a comoção ainda recente pela morte do astro sensibilizaram a crítica. No Metacritic, site que compila avaliações, "Michael" conseguiu um índice de aprovação mediano de 54%.

Duetos

"Xscape", disco que saiu quatro anos depois, pontuou um pouco melhor: tem 66% no site.

As oito faixas inéditas mostram um trabalho mais cuidadoso da produção. O repertório tem músicas que já eram conhecidas dos fãs, como "A place with no name", a primeira a vazar após sua morte, e "Slave to the rhythm", que teve uma versão em dueto com Justin Bieber tocada nas rádios em 2013.

Mas a mais conhecida envolve outro Justin, o Timberlake. A parceria com o ex-N Sync foi incluída na edição deluxe do álbum, mas virou hit e entrou em paradas musicais de países como Estados Unidos, Canadá e Brasil.

Também em 2014, a banda Queen desenterrou um dueto inédito entre Michael e Freddie Mercury (1946-1991). Antes do lançamento de "There must be more to life than this", o guitarrista Brian May contou que a música demorou 30 anos para sair porque os dois cantores brigaram pouco depois da gravação.

Outra parceria póstuma é "Don't matter to me". A faixa do álbum "Scorpion" (2018), do rapper Drake, usa trechos vocais inéditos de Michael. O material foi tirado de uma gravação feita em 1983.

Tem mais?

E, mesmo tanto tempo após sua morte, o lançamento de novos trabalhos de Michael ainda é uma possibilidade admitida pelo mercado.

Em 2018, o jornal "Los Angeles Times" noticiou que o co-executor do espólio do cantor, John McClain, estava trabalhando em uma série de faixas ao lado de um produtor famoso - que tem o nome mantido em segredo.

Na época, o CEO da Sony Music, Rob Stringer, disse que a gravadora estava "constantemente vasculhando" o catálogo de Michael "em busca de idéias".

Fãs protestaram em frente ao prédio da emissora Channel 4 pelo lançamento de 'Leaving Neverland' — Foto: PA via BBC

Mas isso foi antes do lançamento, neste ano, de "Leaving Neverland". O filme com o relato de dois homens que afirmam ter sido abusados por Michael na infância não impediu os fãs de prestarem homenagens nos 10 anos da morte do ídolo. Mas não se sabe se ele afetará sua produção póstuma.

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