Por Alexandro Martello, g1 — Brasília


O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não quis comentar, nesta quinta-feira (27), as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a ele e ao Banco Central.

Campos Neto também negou que tenha sido convidado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao cargo de ministro de Estado caso seja eleito presidente da República — informação que circulou na imprensa nas últimas semanas.

O presidente do BC participou de uma coletiva de imprensa sobre política monetária, no Banco Central, em São Paulo.

Lula faz novas críticas a Campos Neto: 'Adversário'

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Antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, de interromper o ciclo de corte de juros -- que vinha desde agosto de 2023 — o presidente Lula subiu o tom das críticas ao comportamento do BC.

Segundo Lula, o patamar da taxa Selic, em 10,50% ao ano, elevada para padrões internacionais, é a única "coisa desajustada" que existe no país neste momento.

Em entrevista à Rádio CBN, Lula voltou a criticar Campos Neto. Para o petista, o presidente do BC tem "lado político" e "trabalha para prejudicar o país" (veja vídeo abaixo).

"Acho que o presidente da República tem todo direito de se manifestar. Não cabe a mim, presidente do BC, entrar em debates políticos. Mostramos e vamos continuar mostrando que a nossa decisão é técnica. Tivemos agora uma reunião do Copom com espirito de equipe para mostra que o movimento é técnico. Vou sair, e as pessoas vão fazer uma análise, depois que eu sair, que eu fui 100% técnico. Não cabe a mim ficar rebatendo ou discutindo temas políticos. Nossa missão é entregar inflação baixa", afirmou o presidente do BC.

A reunião do presidente do BC com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em 10 de junho, também foi alvo de críticas do Partido dos Trabalhadores.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que Campos Neto usa seu mandato no Banco Central "para fazer política, igualzinho ao Sergio Moro, que usava a toga de juiz para beneficiar seu candidato, Jair Bolsonaro". "O [candidato] de Campos Neto é Tarcísio de Freitas. Anotem esses nomes, são inimigos do povo e do Brasil”, disse ela.

Campos Neto afirmou que já participou de reuniões com outras autoridades políticas, até com visões partidárias diferentes, e que comparece a esse tipo de evento representando o Banco Central.

"Acho que é importante comparecer, existe histórico de não só presidentes do BC brasileiro, mas de outros BCs, participarem", acrescentou.

O presidente do Banco Central também negou a informação de que teria sido sondado pelo governador de São Paulo para um cargo em um futuro ministério, caso seja eleito presidente da República.

Ele voltou a dizer que não tem intenção em se candidatar a cargos políticos.

"Nunca tive nenhuma conversa com o Tarcísio para ser ministro de nada. Nunca falei isso, nem o Tarcísio. Sou muito amigo do Tarcísio desde o governo passado, sempre conversamos muito sobre economia, desde quando ele era ministro da Infraestrutura. Continuamos conversando sobre economia, como converso com parlamentares, pessoas do governo e do mercado. Nas conversas que tenho com ele, o pouco que é conversado sobre política, minha percepção é que ele não é candidato agora", disse Campos Neto.

Lula critica a atuação do BC e do presidente Roberto Campos Neto; Julia Duailib comenta

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Questionado se aceitaria ser ministro em uma gestão de Tarcísio na Presidência, o presidente do BC declarou que terá 61 anos em 2030, e que "não faz o menor sentido" tentar antecipar o que fará daqui a seis anos.

Nesse caso, Campos Neto indicou que Tarcísio não concorreria à Presidência em 2026.

"Tenho dito que vou ao mundo privado, provavelmente fazer alguma coisa que misture tecnologia com finanças. O resto acho que é especulação para contaminar um trabalho técnico que não tem viés politico. Nunca tratei com o Tarcísio sobre nada de ser ministro de nada", concluiu.

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