11/07/2016 12h44 - Atualizado em 11/07/2016 13h00

Seca do Rio Acre preocupa pescadores: 'Situação está péssima'

Pescadores dizem enfrentar dificuldades para pescar durante a estiagem.
Nível do rio está diminuindo um centímetro por dia, aponta Defesa Civil.

Aline NascimentoDo G1 AC

Pescadores mostram parte do que adquiriram durante pesca na sexta-feira (8) (Foto: Aline Nascimento/G1)Pescadores falal de dificuldade para pescar com o rio seco (Foto: Aline Nascimento/G1)

O período de estiagem que o Rio Acre enfrenta não preocupa apenas os moradores, que temem fica sem água na capital acreana, mas também é dor de cabeça para quem tira o sustento da família da pesca. O G1 conversou com dois pescadores no Bairro Base, em Rio Branco, e eles falaram das dificuldades em conseguir pescar no rio nesse momento. O manancial está com 1,83 m, nesta segunda-feira (11), de acordo com a Defesa Civil.

Segundo a Defesa Civil, o nível do rio está diminuído um centímetro por dia. Diante da preocupação com o abastecimento de água, o governador Tião Viana assinou um decreto de situação de emergência.

Pai de um filho de oito anos, Manoel Nazareno Moura, de 47 anos, é um dos que tira parte do sustento das águas do rio. Ele diz que a pesca está ruim já tem uns quatro meses, porém, a situação piorou no último mês. O pescador é um dos pescam sem regularização na Coordenação de Pesca do Acre, do Ministério da Agricultura. Ele conta que ainda está tentando tirar a documentação e pesca por conta própria.

"Tem dia que fico aqui umas cinco horas e consigo uns cinco quilos de peixe. A situação está péssima. Tem pouco peixe.Trabalho junto com outro colega e dividimos o lucro, mas agora não tem para mim e nem para ele. O negócio está feio", lamenta.

Rio Acre está com 1,84 m nesta segunda-feira (11), segundo a Defesa Cilvil (Foto: Clodovildo Nascimento/Arquivo Pessoal)Rio Acre está com 1,84 m nesta segunda-feira (11), segundo a Defesa Cilvil (Foto: Clodovildo Nascimento/Arquivo Pessoal)

Moura lembra que na mesma época em 2015, a situação era diferente. "Pegamos muitos peixes ano passado. Esse ano o rio não encheu o suficiente para trazer os peixes dos igarapés. Essa semana começou a melhorar. Mas tenho que continuar tentando, pois tiro o sustento da minha família daqui", falou

Diferente do colega de trabalho, Elison Soares de Paula, de 35 anos, vive sozinho e o dinheiro arrecadado com a pesca é utilizado somente para o sustendo dele. Mesmo assim, o pescador reconhece o período ruim para a pesca. "Consegui pegar 10 quilos, essa quantidade não é boa, consigo só uns R$ 70 com isso. Bom mesmo é quando pego de 30 a 40 quilos. Esse período realmente não está bom para pescar", reclama.

Rio Acre enfrenta uma das maiores secas, segundo governo do estado (Foto: Aline Nascimento/G1)Rio Acre enfrenta uma das maiores secas, segundo governo do estado (Foto: Aline Nascimento/G1)

Sem reclamação
O responsável pela Coordenação de Pesca do Acre do Ministério da Agricultura no Acre, Samir Pinheiro, disse que a seca não é problema para os pescadores regularizados que pescam em outros rios para tirar o sustento.

"Temos poucos pescadores que pescam no Rio Acre, acho que 90% não pesca aqui. Ele tiram o sustento do Rio Iaco, em Sena Madureira, Marmelo, em Rondônia, e outros rios, onde a pesca está normal. Essas pessoas que pescam e não são regulamentadas são chamadas de 'biambeiros', que pegam apenas peixes pequenos e na maioria das vezes para sustento da família", finaliza.

Acre pode decretar Estado de Emergência devido a seca do Rio Acre (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)Depasa vai realizar fiscalização nos bairros para
evitar desperdício de água
(Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)

Racionamento
Com o nível do Rio Acre diminuindo, em média um centímetro por dia, segundo a Defesa Civil do Acre, o risco que o Departamento de Pavimentação e Saneamento (Depasa) institua esquema de racionamento na capital acreana já é considerado.

“Se a comunidade colaborar a gente pode não ter [racionamento] ou pode até, se necessário, adiar bastante essa medida. O fato é que estamos produzindo hoje, 20% a menos da nossa capacidade de produção de água em função da mudança na captação. Se as pessoas não desperdiçarem, vão colaborar muito para que a gente não tenha racionamento”, disse Edvaldo Magalhães, diretor-presidente do Depasa.

Magalhães enfatizou ainda que o órgão vai fazer a partir desta segunda-feira (11) o Depasa deve começar a fazer ações de fiscalização nos bairros de Rio Branco durante os horários de abastecimento para coibir o desperdício. "Faremos uma abordagem educativa no primeiro momento e depois com notificações, se necessário", finaliza.

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