O que esperar da elei��o do ano que vem? Nunca foi t�o dif�cil responder a esta pergunta —pelo menos desde 1989, quando os brasileiros voltaram a votar para presidente.
As �ltimas seis disputas foram dominadas pela polariza��o entre PT e PSDB. Os tucanos venceram as duas primeiras, com Fernando Henrique Cardoso. Os petistas faturaram as quatro seguintes, com Lula e Dilma Rousseff.
Agora o cara ou coroa parece mais distante de se repetir. O principal motivo � a Lava Jato, que chacoalhou o sistema pol�tico e lan�ou uma nuvem de incerteza sobre o futuro dos dois partidos.
O ex-presidente Lula lidera as pesquisas com folga, mas n�o sabe se poder� ser o candidato do PT.
Seu futuro come�ar� a ser decidido no pr�ximo dia 24, quando o Tribunal Regional Federal julgar� o caso do tr�plex.
No PSDB, o problema � a seca de votos. O governador Geraldo Alckmin enfrenta a divis�o dos aliados e amarga um modesto quarto lugar no Datafolha. O senador A�cio Neves, que esperava virar o ano como favorito, foi triturado pelos grampos da JBS.
At� aqui, o principal benefici�rio da crise tucana � o deputado Jair Bolsonaro. Com discurso radical, ele tirou a ultradireita do arm�rio e se isolou em segundo lugar nas sondagens.
Ainda n�o � poss�vel saber se sua candidatura ter� f�lego. O ex-capit�o vestir� a farda de um partido nanico e precisar� enfrentar o contradit�rio, ausente do palanque das redes sociais.
A urna eletr�nica tamb�m deve incluir os nomes de Marina Silva, da Rede, e Ciro Gomes, do PDT. Eles tentam encarnar o desejo de mudan�a, mas s�o velhos conhecidos do eleitor. Ambos v�o disputar a Presid�ncia pela terceira vez.
O governo hesita entre apoiar o governador paulista e lan�ar um azar�o, como Henrique Meirelles. O ministro da Fazenda s� pensa naquilo, mas hoje n�o passa de 2% das inten��es de voto.
Com Lula no p�reo e Alckmin comendo poeira, o establishment ainda pode insistir na fabrica��o de um outsider. A �ltima tentativa, com o apresentador Luciano Huck, parece ter sido derrotada por W.O. O prefeito Jo�o Doria, que se insinuou para o mesmo papel, trope�ou na pr�pria afoba��o.
Se Lula for impedido de concorrer, seus ex-ministros Ciro e Marina podem voltar ao jogo. O petismo n�o tem um substituto natural para seu maior l�der. Fernando Haddad e Jaques Wagner est�o longe de serem figuras nacionais. Joaquim Barbosa, o ex-ministro do Supremo, tamb�m pode entrar na disputa pelo PSB.
No ritmo atual da pol�tica, o cen�rio ainda pode sofrer muitas reviravoltas at� o registro das chapas, em agosto de 2018. Mas que ningu�m se desespere com a dificuldade para prever o futuro. No Brasil, j� ensinou o ex-ministro Pedro Malan, at� o passado � incerto.