A�cio Neves pediu R$ 2 milh�es a Joesley, dizem executivos da JBS
Pedro Ladeira - 4.abr.2017/Folhapress | ||
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O senador A�cio Neves (PSDB-MG) na tribuna do Senado |
Executivos do grupo J&F, propriet�rio da marca JBS, afirmam que o senador A�cio Neves (PSDB-MG) foi gravado pedindo R$ 2 milh�es a um dos donos da empresa, Joesley Batista, para pagar sua defesa na Opera��o Lava Jato.
A afirma��o, divulgada pelo jornal "O Globo", foi confirmada pela Folha.
Em nota, o senador afirmou que sua rela��o com Joesley era "estritamente pessoal".
Segundo os executivos da JBS, a quantia foi entregue a um primo do tucano, em a��o filmada pela PF.
A grava��o que supostamente compromete o senador A�cio Neves tem 30 minutos e foi entregue � Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR). Deve integrar acordo de dela��o premiada, que aguarda homologa��o do ministro do Supremo Edson Fachin
Os investigadores colocaram chips em um de quatro pacotes de c�dulas que integravam os R$ 2 milh�es supostamente pedidos pelo senador A�cio Neves (PSDB-MG) para pagar seu advogado, e seguiram as notas eletronicamente.
Como os chips emitem sinais, a PF conseguiu monitorar o caminho das malas de S�o Paulo at� Belo Horizonte, onde as c�dulas foram depositados em uma empresa do senador Zez� Perrela (PMDB-MG), aliado pol�tico e amigo de A�cio.
CAMINHO DO DINHEIRO
Segundo o jornal "O Globo", o encontro entre Joesley e A�cio aconteceu no dia 24 de mar�o no Hotel Unique, em S�o Paulo.
O senador disse que quem faria sua defesa na Lava Jato seria Alberto Toron. O dinheiro, segundo a investiga��o da Pol�cia Federal, n�o chegou ao advogado.
Na conversa o tucano e o empres�rio combinam a entrega do dinheiro. A�cio afirmou que mandaria para receber a quantia algu�m da sua confian�a.
"Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer dela��o. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de l� e vai no cara. E voc� vai me dar uma ajuda do caralho", teria dito A�cio, segundo a dela��o.
Fred � o apelido de Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador e ex-diretor da Cemig. Ele foi um dos coordenadores da campanha presidencial do tucano, em 2014.
O diretor de rela��es institucionais da JBS, Ricardo Saud, foi quem levou o dinheiro destinado a A�cio, segundo Joesley. Foram quatro entregas de R$ 500 mil cada uma.
Na que foi filmada pela PF, Fred passa as malas para um secret�rio parlamentar do senador Perrella, chamado Mendherson Souza Lima, segundo a investiga��o.
Mendherson seguiu com a propina para Belo Horizonte, seguido por policiais federais. As investiga��es revelaram que o dinheiro foi parar na empresa Tapera Participa��es Empreendimentos Agropecu�rios, de Gustavo Perrella, filho de Zeze Perrella.
A��O CONTROLADA
O acompanhamento eletr�nico das notas, filmagens e grava��es fazem parte do que se costuma chamar de a��o controlada, forma excepcional de investiga��o policial.
Esse tipo de a��o ocorre quando um criminoso, r�u ou mero suspeito aceita coletar provas para a pol�cia, com a supervis�o direta, apoio tecnol�gico e eventual interven��o das autoridades policiais no processo.
A coleta de provas faz parte de um acordo de dela��o no qual o investigado ter� benef�cios, como um tempo menor de pris�o ou mesmo a extin��o da pena.
A a��o controlada est� prevista na nova lei de organiza��o criminosa, a de n�mero 12.850 de 2013. � a mesma lei que criou regras mais bem definidas para os acordos de dela��o premiada.
A a��o controlada � pouco utilizada pela pol�cia porque h� riscos �bvios para o investigado, h� temor de que a prova seja anulada pela Justi�a e exige um aparato tecnol�gico e um grau de conhecimento que, talvez, s� a Pol�cia Federal tenha no Brasil.
� a primeira vez que a Opera��o Lava Jato recorre a esse tipo de a��o para produzir provas.
J� ocorreram outras grava��es, como as feitas pelo filho de Nestor Cerver�, ex-diretor da Petrobras, e pelo ex-senador Delc�dio do Amaral, mas n�o havia a participa��o da pol�cia que caracteriza o controle sobre a a��o.
TEMER E CUNHA
Joesley tamb�m gravou o presidente Michel Temer em conversa na qual menciona ajuda ao ex-deputado Eduardo Cunha. Para a Procuradoria-Geral da Rep�blica, o �udio indica aval do presidente � compra de sil�ncio do deputado.
Joesley, diz a reportagem, pagou para Cunha R$ 5 milh�es para o ex-presidente da C�mara ap�s a pris�o dele, em outubro do ano passado.
A dela��o, diz "O Globo", tamb�m menciona o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como contato com o PT.
Seria a primeira ocasi�o de uma a��o da PF em busca de provas em flagrante dentro da Lava Jato.
Cunha j� foi condenado em primeira inst�ncia na Lava Jato e, mesmo detido, encaminhou em processos em que � acusado perguntas a Temer a respeito de pagamentos em campanhas eleitorais.
OUTRAS DELA��ES
A�cio Neves � citado tamb�m nas dela��es de Marcelo Odebrecht e nas dos executivos da construtora Benedicto J�nior, Claudio Melo Filho, Henrique Valladares e, S�rgio Luiz Neves
Na �poca da dela��o da Odebrecht, o senador afirmou em nota que considera importante o fim do sigilo sobre o conte�do das dela��es. "Assim ser� poss�vel desmascarar as mentiras e demonstrar a absoluta corre��o de sua conduta." Anteriormente o senador j� havia dito que, ao fim das investiga��es, sua inoc�ncia ficar� provada
Segundo S�rgio Luiz Neves, ent�o diretor-superintendente da Construtora Norberto Odebrecht (CNO) em Minas, em 2007 ele organizou esquema para fraudar a licita��o da Cidade Administrativa de Minas em troca de propina.
Alexandre Rezende - 24.jun.2016/Folhapress |
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Complexo arquitet�nico da Cidade Administrativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte |
S� da Odebrecht, ele recebeu cerca de R$ 5,2 milh�es pelo lote dois do empreendimento, conforme o delator.
Henrique Valladares, ex-respons�vel pela Odebrecht Energia, disse que, em 2008, ex-executivos da empresa pagaram vantagens indevidas para A�cio e o PSDB em troca de ajuda nos empreendimentos do Rio Madeira (as usinas hidrel�tricas de Santo Ant�nio e Jirau). O total chegaria a R$ 50 milh�es, R$ 30 milh�es da Odebrecht e R$ 20 milh�es da Andrade Gutierrez, sendo que a maioria dos pagamentos foi feita no exterior, conforme o delator.
O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto J�nior, o BJ, disse que acertou com A�cio, de 2009 a 2010, o pagamento de R$ 7,275 milh�es via caixa dois para a candidatura de Antonio Anastasia (PSDB-MG) ao governo de Minas.
Na campanha de 2014, A�cio pediu contribui��es para a campanha dele, de Anastasia e aliados no valor total de R$ 6 milh�es, conforme relatou BJ.
H� outro inqu�rito sobre repasses feitos em 2014, todos para a campanha de A�cio � Presid�ncia. Um dos acertos era o pagamento de R$ 6 milh�es, dos quais A�cio recebeu R$ 3 milh�es, segundo S�rgio Luiz Neves. Os delatores divergem sobre os valores que efetivamente foram pagos a A�cio, mas Marcelo Odebrecht afirmou que houve uma doa��o oficial para sua campanha � Presid�ncia de cerca de R$ 5 milh�es
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